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  • marianeves15031958

CULTURA PORTUGUESA E EUROPEIA o tempo e as obras

Atualizado: 23 de nov. de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO - o Maneirismo e o Barroco


O Maneirismo

A EUROPA da 1ª metade do século XVI

Esta época corresponde culturalmente ao Maneirismo que se iniciou por volta de 1520 e foi caracterizado por algumas mudanças artísticas e grandes alterações no pensamento.

No segundo quartel do século XVI a Europa estava desagregada e a Igreja dividida na sequência da instabilidade política e de guerras entre Estados. Também os excessos e vícios desenvolvidos por representantes da igreja levaram a uma situação de quebra ideológica doutrinária que deu origem à Reforma Protestante. Ao positivismo humanista do Renascimento sucedeu um tempo de dúvida, de angústia e inquietação. A crise política na Itália acabou por atingir a capital da religião cristã (Roma) e a Igreja foi assim afetada.

Nos países nórdicos expandiu-se esse movimento da Reforma que criticava o protagonismo político na igreja, em detrimento do acompanhamento espiritual dos crentes. O impulsionador deste movimento foi Martinho Lutero cujas posições sobre a doutrina foram aceites pelo mundo germânico e escandinavo. Defendendo uma igreja liberta da tutela de Roma, esta posição foi aceite sobretudo pelos religiosos mais puritanos do norte da Europa.

A Igreja Romana, descontente com este protesto, iniciou o movimento da Contra-Reforma com intuito da reunificação dos crentes. O programa deste movimento foi apresentado no Concílio de Trento onde foi definido um conjunto de prescrições dogmáticas e reformas disciplinares para restabelecer a unidade católica.

Ao mesmo tempo surgia uma nova ordem religiosa - a Companhia de Jesus – também emanada do Concílio de Trento, cujo objetivo era defender e expandir a fé cristã pelo mundo. Esta nova ordem introduziu o novo tipo de templo – uma só nave majestosa - onde o sermão pregado de modo a ser ouvido por todos, se tornou uma das partes principais do culto religioso - esta condição tornava-se totalmente adequada à comunicação da nova visão da religião pela Igreja Católica Romana..

A coexistência dos dois movimentos (Reforma e Contrarreforma) causou grande instabilidade a nível político, religioso e social na Europa. Aumentaram neste período diversos tipos de confrontos e perseguições consubstanciados nos autos-de-fé (punições religiosas defendidas pela Inquisição), nas perseguições, fome e destruição de livros...

No que diz respeito à relação entre a arte e a Igreja, estes movimentos religiosos foram opostos: o reformista defendia a iconoclastia (contrário à representação de imagens sagradas), enquanto o contrarreformista reforçou a defesa dessas imagens, afirmando que elas eram o veículo da fé.

A nível formal, esta instabilidade trouxe novidades para a criação artística: deu-se a dissolução dos modelos perfeitos e da racionalidade universal do renascimento; agora salientava-se o movimento, a torção e a deformação que vieram substituir as regras do Renascimento, numa tentativa de apelar emocionalmente aos sentidos de um publico que era sobretudo constituído por fiéis da fé católica Romana.

Assim, nas artes desenvolveu-se o gosto por uma gama temática diferente que incluía o culto do insólito, e fez desenvolver o imaginário e o fantástico nos criadores. A nova realidade artística ofereceu ainda o aprofundamento das possibilidades técnicas e plásticas.

O maneirismo destacou-se também por grande desenvolvimento na tratadística ancorada em Vitrúvio, apresentando em livros (textos e gravuras) , os aspetos formais da arquitetura da antiguidade clássica. A divulgação através deste meio possibilitou a rápida difusão dos modelos arquitetónicos maneiristas pela Europa. Um dos mais importantes tratados foi o de Serlio, que incluía imensas figuras para complementar o texto.

No entanto, Vasari, outro tratadista da época, definia o maneirismo de uma forma pejorativa, designando-a como uma “arte afetada”, cheia de artificialidades, afastada do equilíbrio e racionalismo humanista. Apesar deste tipo de opiniões, o maneirismo acabou por ser uma busca por maior expressividade formal e plástica, com a introdução do estilo pessoal, individual, criando novas hipóteses artísticas.


O Barroco

CONTEXTO HISTÓRICO

O século XVII na Europa - O Antigo Regime

-O Antigo Regime refere-se originalmente ao sistema social e político aristocrático que foi estabelecido e divulgado a partir da França, entre 1618 e 1714. Trata-se principalmente de um regime centralizado e absolutista, em que o poder era concentrado nas mãos do rei. Este regime envolveu o Barroco e certas orientações políticas, económicas, sociais (como o Absolutismo, o Mercantilismo) e ainda orientações religiosas associadas à Igreja da Contrarreforma.

Foi um período caracterizado pela instabilidade generalizada, causada essencialmente pela pobreza, guerras, e confrontos religiosos.

O Antigo Regime suscitou também uma grande desconfiança da população em todo o sistema que a governava tanto espiritualmente como politicamente.

No início deste período desenvolveu-se uma série de conflitos na Europa - A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). que teve origem numa guerra entre duas potências Europeias: o Império Austro-Húngaro governado pela Casa dos Habsburgos, e o Sacro Império romano Germânico. Iniciou-se em 1618, quando os Habsburgos quiseram unificar o Império Austro-Húngaro e o Sacro Império. Essa unificação levantava bastantes problemas, entre outros: as diferenças religiosas entre os protestantes do Sacro Império (Liga Evangélica), e os católicos Habsburgo (Liga Sagrada). Os conflitos entre as duas ligas causaram enormes prejuízos económicos e imensas mortes na Europa.

Quando o final da Guerra dos Trinta anos foi acordado, no Tratado de Vestfália em 1648, a França foi o Estado europeu que mais benificiou em virtude da sua tomada de posições estratégicas que lhe foram sempre favoráveis.

em resultado destes conflitos , a população perdeu a confiança religiosa que era um fator de coesão nos estados europeus. Também a produção artística, científica e cultural começou a ser limitada por instituições como o Índex, a Inquisição e o Tribunal do Santo Ofício, órgãos submetidos ao Papa de Roma .

Por toda a Europa se instituía o Absolutismo . Países como a Espanha, a Rússia, a França e Portugal, governavam segundo uma política de controlo interno e agressão externa, impondo um sistema fortemente hierarquizado e centralizado.

Instalou-se uma economia baseada em práticas capitalistas dirigidas quer pelo estado quer pelos mercadores - o Mercantilismo - que centralizava a riqueza, apoiava o comércio externo, promovia as manufaturas e limitava ao mesmo tempo as importações.

O Antigo Regime caracterizou-se também por forte hierarquização social, uma vez que interessava ao poder uma sociedade submissa - foi assim instalada a sociedade de ordens* cujas fortes assimetrias sociais levaram a várias revoltas por parte da burguesia e do campesinato, devido à falta de condições de vida. Sempre essas revoltas foram dominadas pelos exércitos do estado absolutista.


* Sociedade de Ordens é um termo utilizado para definir o modelo de sociedade presente na Europa durante a Idade Média até o início de suas transformações em meados do século XVIII, esse modelo é marcado pela estratificação social, essencialmente dividido em três estratos principais: Clero, Nobreza e Povo.


_O modelo da corte Europeia: Versalhes

Até ao séc. XVII a corte, era entendida como casa ou palácio dos poderosos; normalmente era uma casa de grandes dimensões, nas imediações de uma cidade, habitada pela família do dignatário, pela criadagem e outros dependentes.

O conceito de corte aplicou-se perfeitamente ao contexto do séc. XVII; seguindo as tendências Absolutistas, transformou-se na corte-régia (corte-estado), através da qual o soberano regulamentou as dependências sociais da aristocracia através de um código de etiquetas para “orientá-la” à obediência e até ao culto do rei, através de cerimónias e rituais específicos.

Esta hierarquização e regulamentação estritas permitiram um completo controle da sociedade, desde o mais alto nobre, ao povo.

A corte funcionou igualmente como símbolo do poder real através do qual se exibia o luxo e se cultivava ao mesmo tempo, o parasitismo de uma nobreza sem profissão cuja vida era comparecer a festas, bailes e outros espetáculos.

Contudo, a ostentação do poder real não se ficou pela ornamentação de toda uma vida que preenchia o vazio com com festas... Estendeu-se também à construção de palácios, dos quais Versalhes é paradigmático, totalmente desproporcionados, tanto economicamente como humanamente relativamente ao que se passava no quotidiano do estrato mais desfavorecido – o povo.

O palácio de Versalhes

Este palácio foi construído por Luís XIV para demonstrar aos outros Estados europeus, o seu domínio e poder infinitos sobre todos os súbditos. Depressa se tornou um modelo para outros palácios europeus. A sua grandiosidade estava patente em todos os detalhes, inclusivamente na quantidade de pessoas que estavam presentes para servir o rei — 700 em 1664, número que ascendeu às 10000 pessoas em 1744.

Apesar da vigência do estilo barroco sobretudo nos estados Católicos, o palácio de Versalhes não o adotou na sua totalidade. Os elementos que se evidenciam como pertencentes ao Barroco surgem na fachada, nos jardins, nos espelhos de água, nos terraços, e na decoração interior. Contudo, há neles muitas reminiscências do classicismo, como a regularidade, a simetria, harmonia...

Mesmo assim, Versalhes serviu como um modelo de espetáculo posto num palco, onde tudo converge para a glória do rei, desde a arquitetura, a escultura...até à decoração.


Versalhes - 17 minutos


_A corte, a igreja e a academia

Seguindo a ideia de que o mundo é um teatro, o período Barroco vai-se organizar em estruturas sociais que, como palcos segurem um tema central: a magnificência e poder do rei.

_A corte era o principal local de exibição do poder real. A vida de sonho que se vivia no Palácio de Versalhes, foco desta “encenação teatral” era como que um suporte para a adoração ao rei. Como complemento, festas fabulosas e outras magníficas festividades que envolviam um luxo desmesurado entretinham a nobreza.

_A igreja era outro dos palcos deste “teatro”: era a instituição que lutava contra o Protestantismo através da Contra-Reforma, e da qual o rei era a autoridade.

O clero estava obviamente empenhado em seduzir os crentes, e esta era mais uma maneira de os aliciar em favor do rei.

Deste modo é possível entender a razão que leva a arte a estar ao serviço da igreja e da religião: a necessidade de usar meios de persuasão como a imagem plástica e a metáfora literária, as quais serviam como meios de propaganda.

_A academia como divulgadora de valores clássicos teve em França uma forte ligação ao Barroco. O estado francês viveu nesta época entre o espírito Barroco e o Clássico: enquanto o Barroco serviu para dar forma e conteúdo (estético e artístico) ao Absolutismo, o Classicismo veio de academias fundadas pelo rei a fim de proporcionar à França um estilo próprio de imposição da ordem, da unidade e do gosto pela grandeza da Antiguidade Clássica.

Por isso Luís XIV apoiou a Academia Francesa, criada em 1634, e mais tarde a fundação da Academia Real de Pintura e Escultura de Paris em 1648, e a Academia Real de Dança, em 1661...

O objetivo de todas estas academias era o de criar regras e códigos para formar um número de intelectuais e outras pessoas preparadas para obedecerem ao estilo real/ “estilo oficial”.

_O teatro e a ópera

-O teatro e a ópera foram também meios de exaltação do rei e ao mesmo tempo serviam de ocupação da corte, pelo que foram do maior interesse por parte de Luís XIV.

Tanto o teatro como a ópera desenvolviam-se em lugares amplos ao ar livre ou em espaços próprios dentro do palácio - a sala de ópera. Havia também teatros isolados, como o Palais Royal em Paris, palco de tais espetáculos.

A arquitetura desses teatros era constituída por um exterior de fachadas repetitivas de dois andares com janelas e corpo central com frontão triangular; interiores com vários espaços públicos, como os vestíbulos e os foyers, a sala de espetáculos... e outros espaços como os camarotes...

A acústica era cada vez mais valorizada, pelo que era tecnicamente estudada (a Ópera de Versalhes já tinha revestimento em madeira das paredes). Os mecanismos que ajudavam a movimentar o cenário também foram objeto de estudo, uma vez que proporcionavam dinamismo e sensação temporal mais acentuados à peça.

A comédia-ballet e o poder de Luís XIV

A comédia bailado (comédie-ballet) como projeto de espetáculo total, associava o teatro, a música e o bailado numa fusão das artes; a participação do teatro, com outras artes no engrandecimento (ilustração) do poder absoluto, dava resposta às solicitações e às encomendas do rei;

“La cérémonie turque - le bourgeois gentilhomme

“A cerimónia turca” é uma cena do IV ato da comédia-ballet “o Fidalgo Burguês, género inventado por Molière, que foi dramaturgo e encenador na corte de Luís XIV. Esta peça mistura o teatro com o canto e a dança e apresenta uma sátira à vida do seu tempo, particularmente nas relações do casamento. A música que a acompanha é da autoria de J.B. Lully que fez várias parcerias com Molière.

Em resumo, esta comédia critica os burgueses que ascenderam à nobreza recentemente e caem no ridículo ao tentar imitar a nobreza com as suas manias de grandeza. O burguês é o Sr. Jordão que se envolve num enredo de amores desencontrados. No fim dos vários acontecimentos ele é enganado e satirizado. O pretendente à mão da filha (Lucília) do Sr. Jordão é burguês e faz-se passar por Grão-Turco Mufti. Em certo momento confere ao Sr. Jordão o título de “Mamamutti” (que não existe) para poder casar com a filha dele.


A criação por parte de Molière, de personagens-tipo da sociedade do seu tempo, numa linguagem acessível e divertida exprimia também uma visão crítica e moralista;

A Cerimónia Turca foi também uma resposta do rei a um desagravo feito de um diplomata turco; como representação era também uma comédia a uma cultura exótica como era considerada a do Império Turco.

A satirização da figura de Mr. Jourdain (Sr. Jordão), burguês ridicularizado por querer ser nobre, evidenciava a rigidez da ordem social do Antigo Regime.


Excerto da "Cerimónia Turca" - 14 min.



_A revolução científica no século XVII

O séc. XVII, apesar de ter sido um tempo de sucessivas crises, foi também palco de enorme revolução ao nível das ciências. Houve uma desmistificação de conceitos, através do rompimento das interpretações de dogmas teológicos.

Inicialmente foram os filósofos que combinaram saberes antigos (matemática, física, astronomia, etc.) e usaram a razão, a experimentação, constituindo um método que serviu de instrumento científico para alcançar novos conhecimentos e técnicas inovadoras. Mais tarde, acontecimentos como a revolução na matemática iniciada por estudiosos como Galileu, provocaram um tremendo avanço nessas áreas.

Mais concretamente, o estudo através do método científico foi crucial para que houvesse, nesta altura, um ponto de viragem no conhecimento. A criação de sociedades e academias favoreceram ainda mais o desenvolvimento da ciência, na medida em que favoreciam a divulgação e troca de informação.

A ciência não se empenhava apenas na teoria pois foi a partir desta época que se experimentou um grande desenvolvimento da tecnologia utilitária, a qual mais tarde foi a chave das revoluções Agrícola e Industrial.


Arte Barroca

A arte e a cultura do séc. XVII são referidas como sendo de estilo Barroco. O termo foi pela primeira vez usado para denegrir os trabalhos que não tinham as proporções clássicas. Os artistas barrocos, tal como os seus antecessores da Renascença, valorizavam a unidade e a harmonia do desenho e os seus efeitos.

O que distingue a arte Barroca é o seu movimento insistente e a transformação particularmente dos corpos e das emoções. A arte Barroca é assim dominada pelo movimento – quer seja físico, emocional ou espiritual. A simetria e a proporção da Renascença ficam menos óbvias do que as formas em turbilhão, riqueza cromática e, frequentemente, contrastes dramáticos entre luz e escuridão nas obras desta época.

Convencer, transformar e ludibriar através da ilusão são características fundamentais do Barroco. Parece mover-se em todas as direções, tentando dominar qualquer distância psicológica entre a obra e o observador.

A arte Barroca é muitas vezes associada ao absolutismo político e à Contra-Reforma.

Não há dúvida de que a arte do período barroco foi permissiva à utilização política e ao conflito sectário. Muitas das suas obras-primas são celebrações do poder e da ortodoxia espiritual.

A arte Barroca da República Protestante Holandesa difere enormemente da produzida na Itália Católica. Tais diferenças são características do Barroco e resultaram dos conflitos culturais, políticos e religiosos que dominaram essa época.

O período barroco também se caracterizou pelo aumento de uma grande variedade de mecenas, que apreciavam a natureza-morta, cenas de género e paisagens, frequentemente pintadas em cavaletes e que podiam ser penduradas em residências privadas, em vez das decorações palacianas com frescos e retábulos, as quais tinham dominado as artes visuais durante a Renascença.

Estas inovações são ilustradas de modo mais claro na “Idade de Ouro” da arte holandesa, durante a qual as paisagens urbanas, marinhas, de interiores e as naturezas-mortas atingiram novos níveis de popularidade e de refinamento.

O movimento na arte barroca não era apenas exterior, mas também interior. O grande drama e a forte emoção podem ser os atores principais da história da arte barroca, mas o intimismo, a subtileza e a meditação do seu género mais sereno e mais voltado para o interior são igualmente essenciais.

Alegorismo

A pintura alegórica desta época tem um significado oculto nos seus temas, o qual o observador deve “ler”. É normalmente um significado claro ou preciso não exigindo uma resposta intuitiva do leitor. Por exemplo, uma natureza-morta representando fruta podre é uma alegoria à brevidade da vida humana. Por isso este tipo de pintura requer do observador um conhecimento da literatura, da mitologia e da história clássicas, assim como da teologia e tradições cristãs. Ela conta com o conhecimento intelectual e adquirido,

A alegoria era de facto muito popular na arte barroca e muitos pintores querendo gozar do mesmo alto estatuto dos poetas, usavam a alegoria como meio para introduzir na pintura os equivalentes à alusão e à metáfora.


Alegoria dos Cinco Sentidos - Gerad de Lairesse, 1668 (Holanda)


Barroco (1601 – 1768)

O Barroco marca uma crise dos valores renascentistas e mostra um mundo no qual há um combate entre fé e razão. A Igreja havia sido questionada pelas reformas protestantes e o barroco vai em defesa da religião católica, num movimento ligado à Contrarreforma.

O período é marcado por contradições, sobretudo a do homem que quer a salvação, mas ao mesmo tempo usufrui dos prazeres mundanos. Destaca-se na literatura os sermões do Padre Antônio Vieira, um português que ingressou na Companhia de Jesus, cuja obra principal é o Sermão da Sexagésima.




Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII

O Padre António Vieira (1608-97) foi um filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização.




António José da Silva

(1705 - 1739) foi um escritor e dramaturgo luso-brasileiro nascido no Brasil - Colónia. Formado na universidade de Coimbra, escreveu o conjunto da sua obra em Portugal entre 1725 e 1739. Recebeu o epíteto de "O Judeu". É hoje considerado um dos maiores dramaturgos portugueses de todos os tempos



“A Morte da Virgem” é o menor quadro de altar pintado por Caravaggio*. A obra foi encomendada por L. A. Cherubini, advogado do papa, para a igreja das Carmelitas de Santa Maria della Scala, Roma (1604-1606?). O clero, ao alegar tratar-se de uma obra imprópria e ofensiva para igreja católica, totalmente desprovida de santidade, recusou a pintura. Esta rejeição da obra parece dever-se ao facto de Caravaggio ter retratado uma cortesã como modelo para a Virgem. Outros afirmam ainda que o pintor havia composto a Virgem, usando como modelo o cadáver inchado de uma mulher que morrera afogada.

A Virgem Maria está morta e é retratada com simplicidade enquanto os apóstolos se entristecem com a cena. Maria Madalena chora com o rosto escondido entre as mãos, e tem-se a impressão de que os braços da virgem estão na posição perfeita para abraçar Maria.

Ao remover todo o tipo de elementos que adornavam habitualmente uma cena religiosa convencional, Caravaggio revela um intenso poder dramático. Aos 30 anos o artista abandonou completamente o seu estilo primitivo para se concentrar na intensidade dramática (repare-se nas diferentes expressões das personagens que observam a cena).

Esta pintura tornou-se ainda mais chocante para os católicos da altura porque era comum a crença de que a Virgem não tinha morrido, mas fora transportada ao céu enquanto dormia.


*Caravaggio (Michelangelo Merisi-1571-1610) foi um dos mais notáveis pintores italianos, atuante em Roma, e outras cidades. O seu trabalho exerceu influência importante no estilo barroco, do qual foi o primeiro grande representante. Para representar acontecimentos e personagens da Bíblia, preferia escolher por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras, representando-as com realismo sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras para a época, o que chocou os seus contemporâneos, pela rudez das suas pinturas. Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros, originou-se o tenebrismo, em que os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.




“O Cordeiro Místico” de Josefa de Óbidos* (1660-70) faz parte de um conjunto de belíssimas pinturas da pintora portuguesa que no século XVII se destacou principalmente pelas suas naturezas-mortas ou em cenas de caráter religioso. A sua pintura apresenta uma ingenuidade associada a um evidente arcaísmo, o que torna a sua obra única nesse século e se destaca mesmo em toda a pintura portuguesa.


*Josefa de Óbidos (1630-1684) nasceu em Sevilha e viveu e produziu em Portugal. Era filha de Baltazar G. Figueira, pintor português natural de Óbidos e casado com uma senhora da Andaluzia. Em 1634, quando tinha apenas quatro anos de idade, os pais de Josefa regressam a Portugal, onde vieram a se estabelecer em Óbidos.

Josefa foi especialista na pintura de flores, frutas e objetos inanimados. A influência exercida pelo barroco tornou-a uma artista com interesses diversificados, tendo-se dedicado, além da pintura, à estampa, à gravura, à modelagem do barro, ao desenho de figurinos, de tecidos, de acessórios vários e a arranjos florais.

Trabalhou como pintora para diversos conventos e igrejas e como retratista para a Família Real Portuguesa dela se destacam os retratos da rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboia, esposa de D. Pedro II, e de sua filha, a princesa D. Isabel.



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Padre António Vieira – 10 min.

Padre António Vieira, uma vida, uma obra – 43 min.

Padre António Vieira – Sermões -13 min.

Padre António Vieira – o mestre das Palavras – 52 min.

A.J. da Silva – Esopaida”- 2 min.

A.J. da Silva -guerras de alecrim e da manjerona – 1 min.



Arte Barroca e Inquisição – 7 min.

Movimento Cultural do Barroco – 9 min.

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