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CULTURA PORTUGUESA E EUROPEIA o tempo e as obras

  • marianeves15031958
  • 16 de nov. de 2021
  • 13 min de leitura

Atualizado: 7 de dez. de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO - Romantismo

O século XIX

De uma maneira geral o séc. XIX foi marcado por uma série de ruturas, revoluções, desilusões mas também de esperanças no desenvolvimento civilizacional que contribuíram para a construção de uma nova Europa e América.

Um dos grandes acontecimentos do século XIX que mais contribuiu para as grandes alterações políticas na Europa foi a progressão da vaga revolucionária napoleónica que, tendo invadido e intimidado estados absolutistas europeus, os fez contra-atacar até finalmente a derrubarem.

Estes estados aliaram-se na Santa Aliança e após a derrota de Napoleão, organizaram o Congresso de Viena*, a partir do qual foi alterado grande parte do mapa político europeu, impondo fronteiras artificiais e ignorando os povos dominados, o que teve como consequência o surgimento dos movimentos nacionalistas.

Estas revoluções nacionalistas, advindas essencialmente das graves crises económicas e das imposições referidas anteriormente, trouxeram a emancipação de várias nações como a Grécia e a Bélgica, e outras que surgiram da unificação política de pequenos estados, como aconteceu com a Itália e a Alemanha.

Estas mudanças tiveram sobretudo como protagonistas, a baixa burguesia e o operariado que eram os estratos sociais mais diretamente afetados pelas políticas dos estados europeus da época: as políticas liberais e capitalistas postas em prática levavam a um proletariado explorado nos salários e nos horários de trabalho; as populações em geral não tinham regras por onde se reger face a situações que muitas vezes levavam à exploração do trabalho infantil e do trabalho da mulher.

O resultado foi o surgimento da consciência de classe e a organização sindical cujo objetivo era a luta pelos direitos dos trabalhadores. Estas organizações não lutavam sozinhas; os movimentos socialistas e anarquistas apoiaram-nas relacionando-as com os seus ideais políticos. Esta revolução de consciência deu origem ao Socialismo Utópico, cujo objetivo principal era pôr fim à miséria resultante do capitalismo. Numa fase mais avançada da utopia passou-se à teorização científica que resultou no Comunismo ou Socialismo Científico; foi nesta altura que surgiu o Manifesto do Partido Comunista tendo como principais mentores os filósofos Engels e Marx.

Foi um período caracterizado pelo êxodo rural que levava as populações à procura de trabalho nos centros mineiros, os quais se transformaram em cidades densamente povoadas e sem quaisquer condições sanitárias de suporte.

Com o avançar do século foi sendo consolidada uma melhoria das condições de vida, deu-se a generalização da instrução primária e a difusão da imprensa, e crescia a crença numa felicidade baseada no bem-estar material; este positivismo e o racionalismo laico levaram ao triunfo do cientismo (a crença no triunfo da ciência) e consequentemente à evolução técnico e científica.

A nível político dominavam os governos liberais, ou de monarquias constitucionais, ou de governos republicanos, que levaram os estados a ter um papel mais interventivo nos campos da saúde, trabalho, educação e cultura. Mas, paralelamente a este desenvolvimento, o sucesso crescente da sociedade industrial levou a políticas cada vez mais colonialistas e imperialistas, que ficaram explícitas na Conferência de Berlim, na qual foi decretada a corrida à colonização da África no início do último quartel do século XIX, e por fim os constantes choques de interesse económico e político entre as potências industrializadas, e os constantes conflitos diplomáticos, entre outras causas, levaram à eclosão da primeira guerra mundial.


* O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre setembro de 1814 e junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na primavera anterior. Este congresso pretendia também restaurar os tronos das famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão.


Economia e desenvolvimento

O século XIX foi um período marcado por sucessivas inovações no campo da técnica que mudaram por completo a vida das populações: o caso do surgimento da linha férrea que permitia deslocações rapidíssimas de gentes pela Europa. Surgido nesta altura, o comboio a vapor e os caminhos-de-ferro cobriram uma grande parte deste continente, liderando a Revolução dos Transportes a par das ligações intercontinentais que se faziam através do barco a vapor.

O aparecimento do caminho-de-ferro foi assim fulcral para a expansão que se sentiu durante o século XIX: ele permitiu um desenvolvimento exponencial da agricultura, do comércio, da circulação dos bens permitindo o fornecimento rápido e contínuo de produtos às cidades. Fomentou também o aparecimento de novas cidades, combatendo o isolamento e distâncias e aumentando a mobilidade geográfica e social. Estabelecia-se assim a velocidade na correspondência, permitindo ainda maiores avanços e proliferação culturais; surgiram por consequência novas profissões associadas ao seu desenvolvimento; mas o destaque vai para o aumento do potencial financeiro dos Estados e sobretudo para o fortalecimento da unidade política de muitas nações providas de um novo meio de controlo militar estratégico.

A arte neste contexto foi muitas vezes um meio de retratar situações e condições de vida e foi também um meio de difusão de utopias usando-as como temática.


Arte Romântica

O Romantismo* refere-se a um conjunto de movimentos Intelectuais que, a partir de meados do século XVIII fizeram prevalecer na Inglaterra e na Alemanha (e depois em França, Itália e Espanha), o sentimento sobre a razão, e a imaginação sobre a análise crítica. O Romantismo abrange assim artistas e situações diferentes unidos por uma nova atmosfera cultural e uma nova sensibilidade.

No princípio do século XIX, o artista já não tem diante de si um cliente, mas trabalha para si mesmo e faz obras por sua própria Iniciativa, que poderão ser ou não compradas. Começa a época das exposições e da crítica de arte" jornalística" O público procura leituras e obras que solicitem a imaginação e a fantasia e discute acerca dos estilos e da moda. Historicamente, é a época da aventura napoleónica, que termina com a Restauração**, a época das sublevações nacionais nos Estados italianos e alemães, da guerra entre os Gregos e os Turcos, das primeiras manifestações de luta de classes na Europa.

A América, que conquistara recentemente a sua independência, procura a sua identidade nacional na política e na arte.

O espírito romântico é pessimista, aristocrático, cheio de religiosidade e nostalgia, tradicionalista e choca com o otimismo da época precedente fazendo do homem, agente de um destino incerto. Quer na filosofia (Kant), na poesia (Goethe), na música (Schubert) ou na pintura, afirma-se o primado do indivíduo: exalta-se a pessoa e o seu "eu" pela valorização dos sentimentos. Na Alemanha manifesta-se pela primeira vez a nova estética da interioridade, que considera ser a arte, um meio para se entrar em contacto com a Natureza através do sentimento sublime (normalmente um encontro com a imensidão da natureza na qual o homem reconhece a sua transitoriedade e o seu verdadeiro caráter moral).

O propósito declarado dos Românticos era pois, o regresso à "Natureza", convidada a intervir como confidente ou consolo. É uma Natureza livre e espontânea, distante dos tratamentos a que era subjugada em Versalhes e dotada de sentimentos, como nos apresenta a obra do pintor alemão G. D. Friederich.

A poesia, sobretudo com Lord Byron, afasta-se da mitologia e dos processos eruditos greco-romanos, avançando por urna libertação estilística. Por outro lado, os romances*** exercem grande poder sobre a imaginação dos homens apresentando um exagero sentimental e dramático que apela ao coração, mais do que ao intelecto. É através deles que se dá uma reabilitação sentimental e pitoresca da Idade Média.

O homem romântico ama a emoção pela emoção, coloca os ideais e os sentimentos acima da razão. Contra as regras estabelecidas assume a defesa da liberdade e da individualidade fazendo apelo ao amor, paixão, nostalgia, violência..., em que a vida e a morte coabitam sem conflito. Aprecia a palidez do rosto revelando a angústia de uma morte próxima; consome-se pela doença e pelas privações; ama o impossível sem impor limites à sua liberdade (elogia o anarquismo); orienta-se pelo lema: "viver intensamente ou desaparecer".


* A palavra Romantismo vem dos "romances", histórias de aventuras (como as lendas do rei Artur ou do Santo Graal) em voga nos finais do século XVIII, e assim chamados por serem escritos em língua 'românica" e não em latim.

** Restauração - período da história da França consequente á deposição definitiva de Napoleão Bonaparte e terminado com a proclamação da Segunda República.

*** Os romances eram dirigidos a um público mais vasto, fora dos salões, que passou também a apreciar a música e as artes plásticas.


O Romantismo substitui assim, os temas de inspiração clássica, refugiando-se na Idade Média, (época remota quase perdida nas brumas do tempo) onde procura modelos, que se ajustem à medida do ideal romântico: valorizam-se as lendas cristãs e o viver aristocrático, um pouco à maneira medieval, e a arte gótica e as suas ruínas servem de modelo aos enquadramentos das obras (em pleno século XIX chegam a levantar-se ruínas fingidas, à maneira medieval).

A temática também se renova pelo culto do belo-horrível, tenebroso e fantástico— os românticos são atraídos pelo sonho, pelo noturno e enevoado, cultivando o misticismo e o irracionalismo.

O culto dos heróis e os acontecimentos do presente aparecem também como tema de eleição, porque os artistas sentem o dever de os registar para que se tornem modelos da sociedade. Mesmo os temas quotidianos apresentam muitas vezes enquadramentos históricos, numa afirmação constante do passado remoto.

Outros temas manifestam o interesse pelo exotismo dos países do Oriente: é a necessidade de evasão a um mundo conhecido e ainda demasiado imbuído da ordem clássica, que leva ao interesse pelos países estranhos, nomeadamente do Mundo Islâmico, e do Próximo, Médio e Extremo Oriente.


AS ARTES PLÁSTICAS

No Romantismo, a obra de arte é concebida como expressão de um forte sentimento, de uma obsessão amorosa, e a sua grandeza reside sobretudo no gosto pela inovação.


Características do romantismo nas artes plásticas.

O artista romântico tem uma preferência pela apresentação de temas simbólicos que exprimem sentimentos poéticos e dramáticos, atos heroicos da sua época—o artista cultiva a exaltação dos sentimentos da vida.

Estabelece relação com o fantástico, pelo interesse de sentimentos despertados pela noite, pelo oculto e pela morte.

Assim a pintura romântica é uma arte que recorre ao pitoresco e ao bucólico nas paisagens preferindo sobretudo as paisagens nebulosas; escolhe figuras e ambientes exóticos numa espécie de fuga para um mundo imaginário inspirado nos países distantes e exóticos;

Também procura a inspiração medieval sobretudo no gosto de ruínas deixadas por esse passado distante, época em que surgiram algumas nações da Europa.

Em termos plásticos, apresenta uma renovação ditada pela utilização de cores vibrantes que promovem a intensidade e movimento nos temas (nota-se o gosto pelo pitoresco da cor Iocal e do exótico). Ao contrário da arte neoclássica existe agora uma diluição do desenho e dos limites da forma;

Na pintura romântica destacam-se alguns artistas como: Caspar David Friedriech (Alemanha); Constable e Turner ; William Blake (Inglaterra); H. Fussli (Suiça)





“Árvores com corvos” , Casper David Friedrich, ca. 1822

A árvore parece morta, mas está contra o por do sol ou o sol nascente, lembrando-nos que a morte é inevitável, que faz parte do ciclo da natureza e não deve ser temida. No entanto, a pintura provova uma reação melancólica no observador, em vez de uma indiferença filosófica. O romantismo privilegiava a natureza como fonte das verdades acerca da experiência humana, a qual podia melhor ser expressa através da arte e melhor compreendida de forma intuitiva ou emocional.


Exemplos do Romantismo na arte em Portugal

O Romantismo revela-se em Portugal sobretudo nas artes plásticas.

O pintor Domingos Sequeira na última fase da sua obra já demonstrava interesse pela pintura mística e religiosa de tendência romântica, onde os grupos se esbatem em manchas indefinidas criando um ambiente de desfiguração.

Quando Sequeira morreu, os grandes pintores românticos: Cristino da Silva, Tomás da Anunciação, Metrass, Visconde de Menezes, Miguel Lupi, manifestavam plenamente a sua visão romântica, em combinação com o Naturalismo que gradualmente ganhava expressão.

Tomás da anunciação é um dos melhores pintores de paisagens com árvores, fontes, animais, na hora romântica do poente.

Não muito diferente nas suas preferências e no modo de pintar, Cristino da Silva revela também o seu romantismo através da paisagem.

Metrass, iniciando o seu trabalho em Roma junto do Grupo dos Nazarenos e continuando em Paris, desenvolve uma pintura de grande intensidade dramática, onde espreita a presença da morte, como se verifica num dos quadros mais importantes: “Só Deus…”.


Escritores do Romantismo em Portugal

Almeida Garrett



João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (de 17991854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação, assinalando os aspetos mais fracos da produção garrettiana.

No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

Frei Luís de Sousa, que continua a ser considerado um clássico da literatura de língua portuguesa e uma das criações máximas do seu teatro, foi inicialmente apenas lido a um grupo seleto de amigos do autor (entre os quais Herculano).


Viagens na Minha Terra é um livro da autoria de Almeida Garrett; obra na qual se misturam o estilo digressivo da viagem real (que o autor fez de Lisboa a Santarém) e a narração novelesca em torno de Carlos e Joaninha.

O livro publicado em volume, em 1846 é o ponto de arranque da moderna prosa literária portuguesa: pela mistura de estilos e de gêneros, pelo cruzamento de uma linguagem ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática, ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante do narrador, Garrett libertou o discurso da pesada tradição clássica, antecipando o melhor que a este nível havia de realizar Eça de Queirós. Viagens na Minha Terra é talvez a obra mais importante do Romantismo português.


links (vídeos)

Análise da obra – comentário – 8 min.


A viagem de Garrett (RTP) – 55min.


ensina RTP – 1 min.


Abordagem na perspetiva de uma aluna


audiolivro (alguns capítulos) – 45 min.


Passeio no rio Tejo – 20 min.


Camilo Castello Branco



https://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Castelo_Branco

Camillo Ferreira Botelho Castello Branco 1825 – 1890) foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. É um dos escritores mais proeminentes e prolíferos da literatura portuguesa, especialmente do século XIX.

A sua obra é predominantemente romântica, parece incontestável, no entanto, não o é totalmente.

Camilo gostaria de se situar acima das escolas literárias. Mas os modelos clássicos vão ter sempre peso na sua produção literária (…) Foi imensamente influenciado por Almeida Garrett. Contudo, a fidelidade à linguagem e aos costumes populares, ao cheiro do torrão (como aponta Jacinto do Prado Coelho), vai permanecer como uma das suas maiores qualidades. A crítica tem apontado que, se por um lado Camilo, nos enredos das suas novelas, com as suas peripécias mais ou menos rocambolescas, está claramente numa filiação romântica, por outro lado, nas explicações psicológicas, na maneira como analisa os sentimentos e ações das personagens, pelas justificações e explicações dos acontecimentos, pela crítica a determinado tipo de educação, não pode ser considerado simplesmente como romântico.





Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo 18101877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo. Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa atividade jornalística.(…)

Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.

Como historiador, publicou História de Portugal de Alexandre Herculano, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, e organizou Portugaliae Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos recolhidos de cartórios conventuais do país).

A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX. A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé, entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.

As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da história da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.

O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. A partir disto, as narrativas históricas foram focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.



Joaquim Guilherme Gomes Coelho 18391871) foi um médico e escritor português. É mais conhecido pelo seu pseudónimo Júlio Dinis.

Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.

Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.


https://www.infopedia.pt/$julio-dinis

Em 1865, ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, onde se formara, como demonstrador. O seu primeiro romance, As Pupilas do Senhor Reitor, é publicado em folhetins no Jornal do Porto, em 1866, e em volume um ano depois. Seguem-se-lhe, em 1868, Uma Família Inglesa (retrato da vida citadina, dando especial relevo à pequena burguesia nascente) e A Morgadinha dos Canaviais, no mesmo ano em que As Pupilas do Senhor Reitor, adaptadas ao teatro, são representadas no Teatro da Trindade. Em 1869, parte para a Madeira, em busca de uma melhoria do seu estado de saúde, regressando, um ano depois, ao Porto, onde publica os Serões da Província. No mesmo ano, concluiu o seu quarto romance, Os Fidalgos da Casa Mourisca, cujas provas tipográficas já não acabará de rever. Em 1871, no mesmo ano em que as Pupilas do Senhor Reitor são representadas no Rio de Janeiro, assinalando já a celebridade do escritor além fronteiras, morre prematuramente, vítima da tuberculose. Em 1874, surge o volume póstumo das Poesias e, em 1910, a compilação de textos narrativos e teóricos Inéditos e Esparsos.

Júlio Dinis - cujo conhecimento da língua e da cultura inglesas (a sua mãe era de ascendência irlandesa) lhe possibilitou a leitura de novelistas como Jane Austen, Richardson, Thackeray e Dickens, cujas obras são marcadas pelo realismo psicológico - deixou uma produção romanesca eivada de componentes realistas e românticos. Assim, se a sua conceção do romance, exposta em Inéditos e Esparsos, baseada na lentidão da narrativa, na averiguação da verdade, no tratamento de temas familiares e quotidianos, o aproxima da estética realista, a idealização do campo, da mulher, da família, a tendência para a solução harmoniosa dos conflitos, o pendor moralizador dos desfechos das intrigas, o otimismo do seu ideal social, em que felicidade amorosa e harmonização social são indissociáveis, têm ressonâncias românticas.


LINKS

Romanticismo (legendado) - 9 minutos

https://www.youtube.com/watch?v=OiRWBI0JTYQ


romanticism art history (legendado) - 7 min.


O Romantismo - contexto (p.point)


A alma e a gente - Frei Luís de Sousa - 30 min.


A alma e a gente - Lendas e Narrativas - Alexandre Herculano - 24 min.


A alma e a gente - Camilo Castelo Branco


As pupilas do Sr. Reitor - capítulo 3 - 30 min.


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