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  • marianeves15031958

CULTURA PORTUGUESA E EUROPEIA o tempo e as obras


CONTEXTO HISTÓRICO – Idade Média

Do séc. XII à 1ª metade do século XV

O período compreendido séculos XII a XV, foi um tempo de renovação sem precedentes.

A Europa desenvolveu gradualmente uma expansão desde o séc. XI e atingiu um período de renascimento no séc. XII, e o seu apogeu no séc. XIII, devido a vetores económicos, sociais, políticos, culturais e religiosos. O desenvolvimento económico fez-se notar:

na agricultura excedentária, no incremento das atividades artesanais que estimularam os mercados internos e abertura do comércio internacional que se estabeleceu através dos mares: mediterrâneo e Báltico, e do Oceano Atlântico.

Um outro fator de expansão económica foi o crescimento de s feiras nacionais e internacionais que deram origem a cidades de renome. Estabeleceram-se trocas de moeda entre os países surgindo assim a atividade de câmbios que deu resposta às necessidades da economia monetária. Deste progresso económico e financeiro resultou o crescimento demográfico que teve origem na saída de mão-de-obra das aldeias para as cidades. Nestas cidades formou-se um novo grupo social – a burguesia - artesãos, mercadores e letrados, organizados em grupos profissionais. As cidades cresceram, enriqueceram e tornaram-se sedes de produção artesanal, mercados e negócios. Em muitas delas, a burguesia impôs o movimento comunal, conquistando autonomia administrativa (um governo próprio) e mais liberdade e direitos em relação ao poder feudo-senhorial.

A nível político deu-se centralização régia. Para concretizar essa governação e manter um exército, o rei rodeou-se de uma corte de nobres, eclesiásticos e burgueses, que criaram um novo estilo de vida, vivendo em ambientes mais luxuosos.

-A cultura e as artes beneficiaram assim deste contexto, porque os reis e o clero tornam-se mecenas de artistas e homens das letras e das ciências.

A par desta situação desenvolveu-se uma cultura escrita aumentando o número de escolas e sendo criadas as universidades. O ensino aí desenvolvido, seguia a filosofia escolástica - estudo livresco e teórico baseado na autoridade do mestre, do estudo dos filósofos clássicos (Platão e Aristóteles) e de autores cristãos como S. Agostinho…

Todo este progresso foi interrompido na segunda metade do séc. XIV, pela grande depressão, resultante de vários fatores:

-a chegada à Europa da Peste Negra, acompanhada de maus anos agrícolas,

-a inflação monetária e a carestia de vida, prolongada pela Guerra dos Cem Anos*.

No início séc. XV a Europa recuperou desta situação de contração devido ao dinamismo produtivo de cidades da Itália e da Flandres, e posteriormente da abertura marítima e comercial ao mundo, iniciada pelos navegadores portugueses e espanhóis.


*A Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos travados de 1337 a 1453 pelos governantes do Reino da Inglaterra, contra a os governantes do Reino da França, sobre a sucessão do trono francês. Cada lado atraiu muitos aliados para a guerra. Foi um dos conflitos mais notáveis ​​da Idade Média, em que cinco gerações de reis de duas dinastias rivais lutaram pelo trono do maior reino da Europa Ocidental. A guerra marcou tanto o auge da cavalaria medieval quanto o seu subsequente declínio e o desenvolvimento de fortes identidades nacionais em ambos os países.


A cultura cortesã

Entre os séculos XII a XV, os tempos de paz e bem-estar propiciaram progressivamente o desenvolvimento de cultura profana humanista.

A cultura religiosa que se traduzia em festas e romarias, procissões e autos teatrais (mistérios com representações de cenas religiosas) eram seguidas de danças e cantares. Os atores eram os menestréis (artistas ao serviço da corte), jograis (tocavam e declamavam versos ao mesmo tempo, sendo pagos para isso) ou artistas de circo (atuavam nas praças para entreter e educar o povo).

Nesta época a cultura era essencialmente oral, exprimia-se em cantares acompanhados por música. Nas cortes reais e senhoriais que privilegiavam o conforto, o luxo, o prazer e as diversões, os assuntos mais intelectualizados eram apresentados por trovadores profissionais que entretinham o clero, a aristocracia e a alta burguesia durante os banquetes, festas e bailes, realizados, em dias festivos e serões. Foi nestas práticas que nasceu a poesia trovadoresca.

Durante as festividades os jogos guerreiros da nobreza (justas, torneios, caçadas ao veado e ao javali…) faziam parte destas atividades culturais e eram ao mesmo tempo meios de exercitar mestria física, preparando os homens nas artes da guerra. Além destas atividades ocorriam ainda outros jogos como o da bola e do tabuleiro.

Esta cultura tornou-se fundamental porque contribuiu gradualmente para a suavização dos costumes e mentalidades, e ao mesmo tempo originou maior desenvolvimento cultural ao apoiar artistas e letrados através do mecenato.


O letrado Dante Aleghieri— (1265 -1321)

Dante nasceu em Florença tendo-se tornado um homem de elevada craveira intelectual e moral. Após intensa atividade política, na defesa da sua cidade, foi no final obrigado a exilar-se.

Dedicou toda a sua vida à escrita preferencialmente em verso e em língua italiana, no que foi original, contribuindo por isso para o nascimento da literatura italiana. Criou também o “dolce stile nuovo” (doce estilo novo) – composição de nova métrica, inspirada em Virgílio e Ovídio, poetas romanos. Das obras de Dante destacam-se “Vita Nuova”, romance autobiográfico, “Monarchia”, um tratado político, e a sua obra-prima “A Divina Comédia”, uma alegoria poética, composta por 3 capítulos – Inferno, Purgatório e Paraíso – na qual Dante conta a viagem que fez por estas paragens, para encontrar o amor da sua vida, Beatriz cuja morte os separara no início da sua juventude . É uma obra na qual Dante ao mesmo tempo expõe o seu pensamento sobre teologia e filosofia e analisa criticamente, a sociedade do seu tempo.


Trovadorismo ( Poesia trovadoresca) (1189 – 1418)

O Trovadorismo surgiu em meados do século XI na região da Occitânia – onde hoje estão França, Itália e Espanha. Os poemas da época eram feitos para ser cantados, e os artistas eram divididos entre Trovadores, que eram compositores de origem nobre, e Jograis, que eram servos, muitos deles, profissionais da música.

As cantigas trovadorescas carregam características da Idade Média e muitas foram escritas em galego-português. Dividem-se em Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas cantigas de amor, o tema mais desenvolvido é o amor não correspondido no qual o trovador destaca as qualidades da mulher amada (suserana) e se coloca em posição “inferior”, de vassalo.


Os textos dos trovadores medievais foram preservados em pergaminhos, como no Pergaminho Vindel (Foto: Wikipedia Commons)

Nas cantigas de amigo o eu-lírico é uma mulher, embora os escritores da época fossem homens. Nessas obras, há a lamentação da dama perante a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”.

Nas cantigas de escárnio, por sua vez, há uso de duplo sentido e sátiras indiretas sem citar nomes. Já nas cantigas de maldizer, há sátiras diretas com uso de “palavrões” e muitas vezes com o nome da pessoa criticada.

Os principais autores do Trovadorismo são Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de Portugal,(…) entre outros. As cantigas estão em compilações de diversos autores, chamadas de cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda, o da Vaticana e o da Biblioteca Nacional.





Retrato contemporâneo de Dom Dinis no manuscrito castelhano Compendio de crónicas de reyes (...), c. 1312-1325

Na cantiga Ai flores, ai flores do verde pino, de D. Dinis, as flores respondem e tranquilizam uma donzela saudosa e preocupada com a ausência do seu amado.


Possível retrato de Fernão Lopes, nos Painéis de São Vicente de Nuno Gonçalves

LINKS

História da época-11 min.

Poesia trovadoresca-25 min.

Poesia trovadoresca – 12 min.

poesia galeco-portuguesa-6 min.

cultura cortesã-39 min.





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