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  • marianeves15031958

CULTURA PORTUGUESA E EUROPEIA o tempo e as obras


CONTEXTO HISTÓRICO - Renascença

A EUROPA de meados do século XV ao início da Guerra dos Trinta Anos*.

No contexto europeu deste período observam-se 2 conjunturas diferentes:

Uma de crescimento e expansão – na primeira metade do século XV até do 2º quartel do séc. XVI; a outra, de crise e depressão entre 1520/30, e se estende até inícios do séc. XVII.

A primeira conjuntura corresponde ao período do Renascimento e caracterizou-se por:

- um crescimento económico e demográfico acentuado (após a grande depressão do séc. XIV),

-o desenvolvimento das cidades,

-o avanço da centralização régia que foi destruindo o Feudalismo medieval;

-a ascensão económica e cultural da burguesia

-o surgimento de uma mentalidade mais humanista e pragmática, racionalista e confiante, amante do saber e da Antiguidade Clássica (uma mentalidade nova)

A segunda conjuntura corresponde a crises:

-uma crise de valores e de consciência provocada pela Reforma Protestante,

-período de guerras e crises comerciais e financeiras,

-período de maus anos agrícolas e de pestes, que geraram um clima de maior insegurança, instabilidade e ceticismo.


* Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. Foi um dos maiores e mais destrutivos conflitos da história, deixando um saldo de mais de oito milhões de mortos (a maioria da Europa Central).


A Europa das rotas comerciais

O período de tempo que analisamos corresponde a um grande desenvolvimento económico vivido na Europa resultante da expansão do comércio que serviu de “motor de arranque” da economia dos países europeus da época.

Este desenvolvimento deveu-se sobretudo ao alargamento de rotas e redes comerciais, tanto no Mediterrâneo como no Litoral Atlântico, e Mar Báltico.

Ao mesmo tempo desenvolveu-se nesses países uma grande procura de novos mercados, fora da Europa impulsionada pelas descobertas de portugueses e espanhóis: o comércio desenvolveu-se à escala mundial e, com ele, as permutas culturais trouxeram conhecimentos novos sobre a geografia, a fauna e a flora dos vários continentes, o conhecimento dos diversos climas, das diferentes raças e culturas.

A Itália durante o Quattrocento (século XV)

A tomada de Constantinopla em 1453, pelos Turcos Otomanos (povo islâmico), assinala a queda do Império Bizantino (cristão), a oriente. Os intelectuais e artistas bizantinos fugiram para a Itália, levando a tradição clássica de raízes gregas, tornando-se a base da renovação cultural e artística do Quattrocento italiano.

Paralelamente, a progressiva dissolução do poder feudal e do modo do mundo medieval, permitiu um crescente otimismo e crença nas potencialidades do homem. Este modo de pensar levou ao surgimento de novo espírito baseado no renascimento do Humanismo e da aproximação ao Classicismo antigos.

A igreja também contribuiu sendo permissiva no surgimento de uma nova arte, tão clássica como cristã.

No século XV, a Itália encontrava-se dividida em vários ducados, repúblicas e reinados rivais. Esta rivalidade impulsionou uma produção artística em grande escala. O desejo de cada cidade-estado superar as outras cidades traduziu-se nessa vasta produção artística e os novos ricos (banqueiros, mercadores... burgueses, em geral) procuravam suplantar a nobreza - transformaram-se nos principais protetores das artes designados por mecenas.

Nesta época, devido aos conflitos constantes no Sacro Império Romano-Germânico (que abrangia quase toda a Itália), surgiu um novo tipo de artistas e intelectuais, disputados pelos burgueses mais ricos promovendo a rivalidade entre cidades no desejo de ter o melhor.



A arte do Renascimento era uma arte que dava continuidade ao naturalismo do Trecento, (século XIV) numa reminiscência greco-romana. Caracterizou-se pela produção de obras com intenso estudo perspético, mas sobretudo opor serem criadas num quadro de alterações profundas tanto no que se relacionava com produção da obra como com a nova situação do criador – o artista.

A obra de arte adquiriu nesta época uma certa independência, pois já não precisava de ser fiel a um programa iconográfico dependente do encomendador – a Igreja. O artista ganhou assim autonomia, sendo valorizado pela sua originalidade, subtileza de forma, nível de invenção...em vez de apenas pelas suas qualidades técnicas ou escolha dos materiais.

O palácio, habitação de elites.

A partir do século XV, o mundo rural perdia terreno pelo surgimento das cidades onde se desenvolvia uma economia baseada nas atividades artesanais e comerciais; estas tornaram-se sedes de negócios e do poder político-administrativo. Aqui as elites nobres e burguesas passaram a morar em palácios, com o luxo e o conforto, condignos do seu poder económico e político-social. Desenvolveram então um modo de vida requintado, animado por muitas festas, banquetes, bailes e receções, e por reuniões culturais, para as quais eram convidados filósofos, músicos, artistas reputados, letrados…

Estes palácios transformaram-se em pequenas cortes privadas, frequentadas por homens elegantes - cortesãos - que procuravam sobressair na corte; promovia-se o individualismo baseado na distinção dos dotes físicos e intelectuais destes homens.

O mecenas, Lourenço de Médicis

Lourenzo de Médicis foi um burguês de uma poderosa família italiana da cidade de Florença, na segunda metade do século XV. Lourenzo tornou a sua cidade, numa das mais ricas e desenvolvidas da Europa, a qual se tornou também no primeiro centro cultural do Renascimento. Em Florença, Lourenzo exerceu o cargo de “príncipe” (“o principal” da cidade), cujo poder pertencera anteriormente à sua família (os Médicis), homens negociantes e banqueiros poderosos, que exerceram o domínio político na cidade – Florença tornara-se na época uma república oligárquica (=governo de uma família). Herdando o poder político da família, Lourenzo melhorou-o em resultado das suas qualidades pessoais. Foi o símbolo do “Homem novo” (individualista, racional) do Renascimento. Era Inteligente e culto; geriu com eficácia e diplomacia, os negócios da cidade. Ficou também conhecido pelo mecenato (=favorecimento da cultura), incentivando as letras e artes, com encomendas e patrocínios. Foi um homem que governou com autoridade, mas favoreceu os mais pobres trazendo paz e prosperidade à sua cidade. Destacou-se entre outros motivos por:

-ter criado escolas, bibliotecas e coleções de obras de arte.

-ter promovido muitas festas públicas e privadas,

-ter promovido a renovação arquitetónica da cidade de Florença baseado no crescente interesse pela cultura clássica, assim como pelas artes grega e romana.

O Renascimento em Florença

Relembrando os grandes feitos intelectuais e artísticos da época greco-romana, os humanistas italianos seguiram os modelos antigos – pondo fim à decadência do gótico, que consideravam bárbaro.

Os primeiros passos na renovação já tinham aparecido nas obras de Dante e Petrarca durante o século XIV .

Estes homens foram, entre outros, os dinamizadores do principal foco de desenvolvimento e divulgação do renascimento, investindo na regeneração e na recuperação da língua italiana, das instituições e do esplendor do passado, querendo fazer reviver os tempos de glória da época romana. Assim como eles, também os artistas encontraram na arte clássica, as bases sólidas para a regeneração artística.

Um novo homem e um novo mundo

A reforma que se iniciou na Itália não apareceu, obviamente, desligada de uma renovação nas ideias, e perceção do mundo em redor.

Apesar de, para o homem renascentista, Deus continuar a ser o criador, para ele, o homem possuía livre arbítrio para proceder às suas decisões. Este novo sentido dava liberdade ao homem - colocava-o mesmo no foco da atenção – foi o momento em que se passou a valorizar a obra, a criação humana.

O pensamento seguiu esta linha de conduta: o dogmatismo que penetrara os pensadores medievais, refletido na crença nos sentidos e no descuido da razão, foi substituído pela racionalidade.

Para solidificar esta visão objetiva do mundo, nas artes visuais, o homem serviu-se de instrumentos de rigor, como a pintura a óleo e a perspetiva linear. O papel do artista na sociedade também sofreu uma grande alteração: inspirado e seduzido pela curiosidade de descobrir o mundo, o artista passou a ser um humanista, um homem universal, cujo caso paradigmático foi Leonardo Da Vinci. A erudição do artista dava-lhe a capacidade de se individualizar, refletindo-se no reconhecimento das próprias obras e consequente valor de autoria.

O Humanismo e a imprensa

O aparecimento da Imprensa na Alemanha (a tipografia de caracteres móveis- surgiu pela primeira vez na oficina de Johannes Gutenberg, c. 1450), teve como consequência a rápida divulgação das ideias humanistas pela Europa. O livro impresso tornou-se fácil e barato de reproduzir, permitindo a divulgação de obras, correntes e ideias, e facilitou ao mesmo tempo, o estudo e o ensino nas escolas de catedrais – os colégios – e nas universidades que foram surgindo na época, por toda a Europa.

O Humanismo* foi um movimento cultural, filosófico, literário, científico que surgiu entre os séculos XIV-XVI a partir de Itália e caracterizou-se por:

-uma atitude antropocêntrica, racional, crítica, pragmática perante o saber - o das coisas físicas, e das metafísicas- e pela admiração, aproximação e recriação da Antiguidade Clássica, o seu modelo ideal.

-um saber humanista – de intelectuais ecléticos, amantes da erudição (=saber de tudo um pouco) detido por intelectuais que partiam dos autores clássicos, redescobertos nesta época e questionavam saberes teóricos e livrescos da Idade Média, construindo novos conhecimentos baseados na experiência pessoal e na observação direta da Natureza, e das sociedades do seu tempo.

Os Humanistas escreviam nas línguas nacionais rejeitando o Latim, única língua usada na escrita durante a Idade Média. Também defenderam a educação da juventude com base na imitação dos clássicos.

Grandes Humanistas foram: Erasmo de Roterdão, Thomas More, Maquiavel, Shakespeare, e portugueses: Luís de Camões e Damião de Góis.


Humanismo* - É praticamente sinónimo da Renascença, tem dois componentes principais: o ressurgimento do interesse pela arte e pelos valores do mundo clássico, e um sentido renovado da capacidade do indivíduo para compreender e fazer alterações, tanto a si mesmo como no mundo, através da busca de respostas racionais, em vez de religiosas.

Embora tivesse começado por ser um movimento literário e erudito, o Humanismo impulsionou um novo interesse pelos artistas como “grandes homens “ que tinham um papel importante na descoberta do passado clássico e da natureza humana.

O Humanismo iniciou a transição de um mundo, no qual os artistas eram artificies, para um outro, em que passaram a ser vistos como tendo coisas interessantes a dizer a respeito do mundo.

Ao realçar a importância da razão e das questões racionais, o Humanismo mudou o tradicional domínio da teologia, com a sua elevação do Divino e prostração do terreno como pecaminoso e corrupto, para uma situação em que os artistas passaram a representar o sagrado com pessoas vulgares. Após séculos de dourado esplendor como Rainha dos Céus, a Virgem passou a ser representada como uma rapariga humilde. Esta tendência é claramente evidente em Leonardo da Vinci e prolongou-se até ao Barroco, em que na obra de Caravaggio, é levada ao extremo.

Reformas e espiritualidade

O século XV também trouxe grandes mudanças na espiritualidade da Igreja Cristã do Ocidente. Centrada no bispo de Roma - o Papa – a Igreja desembocou, neste tempo, numa situação de corrupção e decadência provocada por vícios do clero, cismas e heresias, o que a afastou da doutrina e virtudes do cristianismo inicial. Estes factos conduziram a uma crise de fé e de crítica à Igreja, a qual foi criticada principalmente pelos humanistas como Erasmo de Roterdão.

A primeira grande revolta contra a Igreja Romana foi liderada pelo monge alemão Martinho Lutero, em torno da “Questão das Indulgências” em 1517. A revolta de Lutero deu origem a outras, por toda a Europa iniciando o movimento de rutura designado por “Reforma Protestante”. Este movimento dividiu cristãos ocidentais e criou novas igrejas cristãs, independentes do papado - estas igrejas interpretavam livremente as Sagradas Escrituras, com grande fidelidade à doutrina cristã primitiva.

A partir da segunda metade do séc. XVI, para combater esta posição, os Papas iniciaram um movimento de renovação interna e combate ao Protestantismo, - a Contrarreforma. As medidas que orientaram este movimento foram delineadas no Concílio de Trento entre 1545-1563 e constam da reavaliação dos dogmas de fé, da intensificação da formação dos padres, imposta com uma nova disciplina. Também formam criadas novas ordens monásticas (entre as quais, a Companhia de Jesus), destinadas à pregação e missionação e ao ensino, aumentando-se ao mesmo tempo, a vigilância sobre os crentes através da Inquisição e do Índex.

De Revoliutionibus… de Nicolau Copérnico -acerca do movimento dos corpos celestes”

No campo racional e em oposição ao dogmatismo imposto pela Igreja, surgiu nesta época o interesse pela explicação científica dos fenómenos naturais, fruto da confiança nas capacidades intelectuais do individuo.

Foi Copérnico, quem pela primeira vez comprovou matematicamente a teoria heliocêntrica do sistema solar. Esta teoria contrariava a teoria geocêntrica até aí maioritariamente aceite, inclusive pela Igreja, que por isso, a condenou e proibiu. Tal proibição constou do Índex até ao século XIX.

Os estudos subsequentes de outros cientistas como Galileu Galilei e Kepler vieram a comprovar a teoria de Copérnico, a qual está na base do pensamento astronómico e cosmológico atual. A sua tese era verdadeira mas… contrariava o conhecimento da Igreja, entidade dominante na cultura da época.


Humanismo (1418-1527)

O Humanismo como movimento literário ocorre no período entre a Idade Média e o início da Idade Moderna. Em Portugal, foram produzidos três tipos literários no Humanismo: prosa, poesia e teatro. O movimento é marcado pela ideia de racionalidade, antropocentrismo (o homem no centro de tudo), o cientificismo, a beleza e a perfeição e a valorização do corpo humano.

Havia a chamada crónica histórica, representada sobretudo por Fernão Lopes. A obra do autor contém ironia e crítica à sociedade portuguesa. No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que reproduzia a visão de mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher deixa de ser tão idealizada quanto era na poesia trovadoresca.

Outra grande manifestação do período foi o teatro popular, cujo principal representante é Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, visão maniqueísta (bem versus mal) e apresenta caráter moralizante. Outros títulos notáveis são Auto da Visitação (1502) e Farsa de Inês Pereira (1523).


Classicismo (1527 – 1580)

A estética literária do Classicismo surgiu a partir do movimento cultural do Renascimento. Foi inspirada no fim do contexto medieval religioso e na retomada de valores clássicos racionais da antiguidade. O capitalismo começava e a Idade Média acabara, marcando o nascimento da Idade Moderna na Europa.

As Grandes Navegações tinham feito com que o homem do início do século XVI se sentisse orgulhoso e daí surgiram as ideias de racionalismo e antropocentrismo, noção humanista de que o homem estaria à frente de tudo, inclusive de Deus.

As características principais do Classicismo são: a valorização da cultura greco-romana clássica e a mitologia pagã, a influência do pensamento humanista, perfeição estética e a procura por um ideal de beleza proveniente da Antiguidade Clássica.

Luiz Vaz de Camões é o grande nome do Classicismo e a sua obra mais conhecida é Os Lusíadas, escrita em dez cantos, com 1102 estrofes (compostas em oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.

O herói do poema épico de Camões é o próprio povo português e ele conta a história da viagem de Vasco da Gama no caminho para as Índias. Podemos também destacar os escritores Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.



Gil Vicente (c. 1465 — c. 1536) é considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Primo de Valentim Gonçalves, e enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, ator e encenador. É considerado o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico, já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.

Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel.

A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.


Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], c.1524 – Lisboa, 10 de junho de 1579 ou 1580) foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.

Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Frequentou a corte de D. João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, autoexilou-se em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei D. Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.



“A virgem, e o Menino com Santa Ana”, 1510- Leonardo da Vinci

Nesta obra, a Virgem está sentada nos joelhos de Santa Ana e ambas sorriem para baixo na direção do Menino que está a cometer a travessura de puxar as orelhas ao cordeiro. Leonardo distingue estas figuras centrais na religião cristã retratando-as com a normal emoção dos humanos.

Características da obra- pintura a óleo sobre madeira 98x217 cm

O tema relata uma cena familiar em que o artista apresenta a Virgem sentada ao colo de Santa Ana, enquanto o Menino brinca com o cordeiro, simbolicamente representando o seu sacrifício futuro , ligado à redenção (morte sacrificial).

A composição é pensada cientificamente - todos os espaços são matemática e geometricamente calculados, levando à sensação de ordem, organização, equilíbrio e tranquilidade. Organiza-se numa pirâmide ideal cuja diagonal direita é delineada pelos olhares e movimentos das 3 personagens.

Leonardo aplicou a perspetiva aérea através dos cambiantes de cor que nos permite ver a paisagem até à linha do horizonte com um tratamento cuidado e pormenorizado na paisagem.

Usou a técnica do “sfumato” aplicada na pintura das formas para suavizar contornos

A conceção das figuras é também exemplar pela proporção anatómica;

-exibe correção das posturas, modelação volumétrica dos corpos, excelente execução do claro-escuro -pregueados das vestes.

- as expressões de rostos e olhares induzem à interpretação psicológica das personagens..

A luminosidade na obra merece também a nossa atenção. A cena passa-se ao ar livre, mas a luz é suave e difusa. É uma luz dourada que transmite serenidade e quietude ao ambiente de fim de tarde.

A expressividade- tipicamente renascentista apresenta sensações de estaticidade, equilíbrio, harmonia.


LINKS

Fernão Lopes – 29 min.

Gil Vicente – 8 min.


Renascimento-9 min.


Produção cultural no Renascimento



A invenção da Imprensa-3 min.

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