Cultura da Ágora
RESUMO - Módulo 1
-O SÉCULO DE PÉRICLES, V a.C.-
A Civilização Grega ou Helénica nasceu no sul da Península Balcânica ,no período que designamos por Antiguidade Clássica. Resultante de um desenvolvimento contínuo foi-se impondo aos povos da bacia do Mediterrâneo, do oriente ao ocidente imortalizando-se através das suas culturas.
Entre as cidades-estado da Grécia, sobressaiu no século V a.C., a cidade de Atenas. As vitórias que conseguiu nas Guerras Pérsicas (coontra os Persas), a criação do regime democrático (onde o cidadão ateniense participava diariamente na governação da cidade, usufruindo de igualdade de direitos), o desenvolvimento cultural e científico, o papel dirigente na Liga de Delos, e a governação de políticos como Péricles, fizeram de Atenas a escola da Grécia e a potência hegemónica da época clássica.
Foi em 431, devido à Guerra do Peloponeso contra Esparta que a decadência foi tomando conta de Atenas e depois da própria Grécia que foi conquistada, primeiro pelo rei Filipe da Macedónia em 338 a.C, e em seguida pelos Romanos em 146.
A História da Antiga Grécia divide-se em termos históricos e artísticos nos períodos:
-arcaico- entre os séculos IX e V aC.
-clássico- entre o século V e finais do século IV aC;
-helenístico- entre o séculos III e I aC.
-ATENAS: A POLIS; a planta, o mar e o porto-
A cidade-estado de Atenas era dirigida pela sua polis - o conjunto de cidadãos ou homens livres que habitavam e governavam o seu território, a Ática na Península Balcânica.
Só eram considerados cidadãos de pleno direito os homens aí nascidos, filhos de pai e mãe atenienses.
Fisicamente a cidade de Atenas era constituída por 3 zonas distintas:
1. a acrópole - fortaleza colocada no ponto mais alto;
2. a zona habitacional - que incluía a ágora ou praça pública;
3. o porto de Pireu - virado para o mar Egeu e para as Ilhas Ciclades.
-PÉRICLES-
Péricles (500-429AC), segundo o historiador grego Tucídides, foi o 1º dos atenienses, pois detinha 4 virtudes que definem um grande homem de Estado: inteligência, eloquência, patriotismo e interesse de servir Atenas, a sua pátria e não em servir-se dela para seu próprio engrandecimento.
A sua atuação durante cerca de 30 anos caracterizou-se por:
-consolidação da democracia, na paz e na prosperidade; limitação dos poderes da aristocracia; criação da mistofonia (subsídio atribuído a todos os que faziam parte da Assembleia de Cidadãos) e reconstrução artística da cidade de Atenas;
-a nível externo, assegurou a defesa de Atenas e das cidades gregas, reforçando o poder da Liga de Delos e impondo o imperialismo de Atenas.
Porém, após a sua morte, a cidade entrou em decadência. A sua ação foi tão marcante a todos os níveis que se dá ao século V a designação de o Século de Péricles.
-A ÁGORA-
A ágora localizava-se na parte baixa da cidade e constituía o ”coração” da mesma, sendo:
--centro político- pois era aí que a população se reunia para as deliberações da Eclésia ou Assembleia de Cidadãos;
--centro administrativo e religioso- dado que à volta existiam edifícios administrativos como o Buleutério ou sala para as assembleias dos magistrados e templos como o de Teseu.
--centro cultural- devido à existência de bibliotecas, escolas, teatros, e pórticos ou “stoas”.
--centro comercial- porque aí havia bancadas para compras e vendas.
Por tudo isto a ágora era a “mestra dos homens” segundo o autor Simonides.
-A BATALHA DE SALAMINA-
Esta batalha que ocorreu em 480 aC foi um grande combate naval entre Persas e Gregos, sendo um dos últimos momentos das guerras Persas.
Os Persas, que haviam destruído várias cidades gregas, e até mesmo Atenas, viram-se assim completamente destroçados pela frota ateniense comandada por um homem de grande inteligência tática, o comandante Temístocles. Com esta vitória, a Grécia confirmou a sua independência e Atenas aumentou o seu prestígio, tornando-se líder da Península Balcânica.
-A MITOLOGIA-
A mitologia grega é um conjunto de narrativas de significado simbólico que tenta explicar a origem do Mundo e do Homem e os mistérios da Natureza, através da vida de deuses. Estes eram concebidos à imagem e semelhança do Homem na forma (antropomorfismo) e no caráter (com defeitos e vícios), mas distinguiam-se por serem sempre belos, jovens e imortais.
Segundo as narrativas de Homero e Hesíodo (autores que deram forma escrita aos mitos), havia uma grande variedade de deuses (Zeus, Hera, Posídon, Apolo, Dionísio, Atena…), semideuses e heróis. A eles era dedicado o culto privado (culto doméstico) e o culto oficial (culto cívico) praticado em cerimónias ao ar livre.
Foi na mitologia que os artistas, filósofos e cientistas de todos os tempos se inspiraram para criarem as suas obras ou darem nomes a astros, plantas, remédios…
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-A ORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO-
Foi na Grécia Asiática que se desenvolveu o pensamento racional e científico. Afastando-se das explicações míticas dos Egípcios e dos Mesopotâmicos, os Gregos criaram a Filosofia por volta do século VI aC. Mas foi na Atenas do Século V, que os Sofistas valorizaram a subjetividade do pensamento humano, do “eu” interior, racional e afetivo.
Nos séculos V e VI aC os defensores deste pensamento foram: Sócrates (conhece-te a ti mesmo), Platão (conhecimento racional e ideista) e Aristóteles (criador da Lógica). A reflexão desteshomens deixou também marcas na produção estética.
-“OS PERSAS”- Ésquilo; Diálogo entre o Coro e Xerxes –
O tema desta peça era contemporâneo dos Gregos do século V aC. Relatava a derrota dos Persas na tentativa do domínio sobre a Grécia, segundo o seu ponto de vista.
Apesar de os Gregos terem sido os vencedores, os Persas foram dignificados, e há palavras de compaixão para com eles no texto da peça. Deste modo o seu autor – Ésquilo - expressou e ensinou a ética e o humanismo.
A cena passa-se na capital Persa. No diálogo estão descritas tanto as perguntas do coro (nobres anciãos persas) ao rei, como a argumentação deste (má sorte, infortúnio, culpa do sucedido).
O coro mostra-lhe que os deuses o castigaram pela sua insolência ao ter destruído templos, casas e cidades devido às suas ambições desmedidas.
A nível técnico, Ésquilo criou algumas inovações teatrais como: os cenários, o diálogo entre atores independente do coro. O coro passou a ser constituído por 12 coreutas.
-PROGRAMAS FESTIVOS DOS SANTUÁRIOS-
As práticas desportivas e as representações teatrais eram das atividades mais participadas pelos Gregos, tidos como amantes do ócio e do convívio social. Estas atividades faziam parte dos programas festivos de todos os santuários, tinham uma intenção cultural, social e política, contribuindo para a formação moral e para a consciência cívica e crítica dos Gregos; eram também um fator de unidade e identidade cultural do mundo grego (pan-helénico).
-O ESTÁDIO-
Era uma pista alongada, em terra batida, com bancadas de um dos lados, onde se praticava o exercício físico (luta, corrida, salto, lançamento do disco e do dardo) só para cidadãos gregos, que aí se preparavam para a guerra e para os jogos.
Os jogos mais famosos foram os Olímpicos, realizados em honra do deus Zeus na cidade de Olímpia. Os atletas, todos amadores, lutavam pela glória da vitória que sobre eles, suas famílias e suas cidades recaía, dado que o prémio era só uma coroa de folhas de oliveira.
-O TEATRO: A TRAGÉDIA E A COMÉDIA-
O teatro foi uma criação grega; teve origem nos ditirambos (narrativas em verso dedicadas ao deus Dioniso) e daí o seu caráter religioso e sagrado.
Essas narrativas eram escritas em verso em peças que se compunham de: prólogo; 3 ou 4 atos; êxodo. Organizavam-se em tragédias e comédias conforme os temas tratados. A tragédia era o género mais antigo e tratava assuntos sérios ligados à religião e à História. Os seus representantes mais significativos foram: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes.
A comédia apareceu no início do século V a.C, sendo Aristófanes o autor mais conhecido. Era semelhante à tragédia na estrutura; a diferença estava na temática, mais ligada a factos políticos e figuras públicas, tratados de um modo crítico e cómico.
Em ambas havia um coro e vários atores (todos homens) que usavam máscaras próprias, para poderem desempenhar várias personagens. Os textos provocavam a reflexão sobre a justiça, o ódio, a vontade individual, o destino, numa combinação entre religião e Razão (o mithos e o logos).
Os teatros eram construções ao ar livre, na encosta de pequenas colinas. Constituíam-se por:
-cena; palco; proscénio (para os atores); orquestra (para o coro); párodos (entradas).
Aproveitavam-se os declives das vertentes para se construírem as bancadas ou cáveas, sendo também explorado particularmente, as qualidades acústicas do espaço.
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ARQUITETURA / CASO PRÁTICO1-os templos: Pártenon e Templo de Atena Niké. URNANISMO
A arquitetura grega é racional, feita “à medida do Homem”, para o homem-cidadão. Conciliou a estética com a funcionalidade, a proporção e harmonia dos seus elementos com o enquadramento urbanístico. Baseou-se nas heranças das civilizações do Egito, da Mesopotâmia, das ilhas Cíclades e de Creta, e nas dos povos indo-europeus que colonizaram anteriormente o território - Aqueus ou Micénicos, Dórios, Jónios e Eólios. A arquitetura evoluiu em 3 períodos: arcaico, clássico e helenístico atingindo o apogeu na época clássica - a Acrópole da cidade de Atenas, no tempo de Péricles, foi e é o testemunho mais perfeito desta arquitetura.
-O TEMPLO-
Contrastando com a pouca atenção dada à construção da casa de habitação e dos pórticos, os templos ou moradas dos deuses, tidos como símbolos da pólis, eram exemplos sobretudo busca da perfeição, tornando-se modelos de equilíbrio e de clareza formal.
Como o culto se realizava ao ar livre, o exterior dos templos era o mais cuidado, apresentando esculturas : estatuária e relevos que eram pintados a azul, vermelho e dourado.
Eram construídos em mármores desde o século VII AC, segundo o sistema trilítico, tendo por base, uma planta-tipo retangular e períptera (com colunas à volta). As formas e dimensões seguiam as regras das duas ordens*1 arquitetónicas principais: a dórica e a jónica.
*1As ordens arquitetónicas constituem um conjunto de regras que definem as relações entre todos os elementos de uma construção. Também determinam a forma desses elementos e a sua decoração - relevos, estatuária e pintura. Tudo isto baseado em cálculos rigorosos de geometria, Matemática, Física e Mecânica.
A ordem dórica é da época arcaica. Os templos apresentam: robustez (conotada com o espírito masculino dos dórios); decoração sóbria e correções óticas necessárias para manter a perfeição exigida pelos gregos; o facto de os templos serem perípteros resultava em deformações visuais dos mesmos. Na época clássica, as proporções foram adelgaçando, o capitel tornou-se mais geométrico e as métopas eram decoradas com relevos. São exemplos os templos: de Hera em Olímpia; de Apolo em Corinto, de Posídon em Pesto, Pártenon em Atenas.
A ordem jónica é mais esbelta sendo por isso associada ao espírito feminino. Apresenta mais decoração, localizada no capitel e no friso contínuo do entablamento, o qual é coberto de relevos historiados. Surgida no século VI AC, foi aplicada nos templos mais pequenos como o de Atena Niké e noutros mais complexos, como o Erécteion na Acrópole de Atenas. Da ordem jónica derivaram templos que apresentam:
1—as cariátides (em que os fustes foram substituídos por estátuas de mulheres) e os atlantes (fustes substituídos por estátuas de homens);
2—a ordem coríntia criada nos finais do século V AC.
Esta ordem apresenta mais decoração quer no no capitel, com forma de sino invertido, coberto de folhas de acanto, ou ainda no entablamento e no frontão.
Foi mais usada a partir do século IV AC, continuando no período helenístico no império de Alexandre Magno e nas suas cortes, e finalmente foi usada também pelos romanos pois correspondia ao gosto ornamentalista e retórico dessa época.
Esta ordem foi aplicada no Templo de Zeus Olímpico em Atenas.
-OS TEMPLOS: PÁRTÉNON e ATENA NIKÉ-
O Pártenon é da autoria dos arquitetos Íctino e Clícrates no século V AC, sendo de ordem dórica no seu exterior.
Foi construído no ponto mais alto da Acrópole apresentando fachadas exteriores de 8 colunas nos lados menores e 17 nos lados maiores; é períptero e necessitou de correções de ótica.
As fachadas interiores do pronaos e opistódomos têm 6 colunas sem base, assentando diretamente no estilóbato (1º degrau da base do templo). O fuste das colunas apresenta caneluras de aresta viva, capitel com colarinho, équino e ábaco.
O entablamento é constituído por arquitrave lisa e friso que contém 92 métopas (espaços quadrados com relevos pintados descrevendo combates), separadas por tríglifos (lápides com 3 estrias verticais).
Este templo apresenta 2 frontões com tímpanos decorados nos lados menores. O teto plano é coberto exteriormente por telhado de 2 águas.
A planta de base retangular era constituída por pronaos, naos (ou cella com 3 naves - 30x20m), opistódomos (ou tesouro) e peristilo. Nas paredes exteriores da cella e do opistódomos encontra-se o friso em relevos representando a Procissão das Panateneias.
Toda a decoração do templo é constituída por estatuária e relevos do escultor Fídias e da sua escola, realizados em mármore do Monte Montélico, apresentando requintado virtuosismo técnico. Aqui, os deuses são diferenciados pelos seus atributos.
O Templo de Atena Niké, da autoria do arquiteto Calícrates é um templo jónico do século V AC.
Foi construído num embasamento de 8,2x5,6m sobre um bastião do Propileus; possui 4 colunas à frente e atrás, sendo por isso anfiprostilo; o interior é constituído por uma única cella.
A decoração da autoria do escultor Agorácrito, está localizada nos capitéis de volutas, no friso contínuo (baseada em temas bélicos) nos tímpanos dos frontões. A balaustrada que rodeia o templo foi decorada com Vitórias aladas, como a famosa “Niké desapertando a sandália”.
-A CASA GREGA-
As casas gregas eram construídas de modo integrado no seu ambiente natural, respeitando até os acidentes do terreno, pois segundo os gregos, o Homem e a Natureza deviam ser “a medida da cidade”. De um modo geral toda a vida dos gregos (nas suas atividades cívicas e religiosas) se passava ao ar livre - o culto; as representações teatrais; as atividades desportivas; as atividades comerciais e as atividades políticas.
As casas eram modestas e sem grande diferenciação social. Eram construídas em madeira ou em tijolo, cascalho e argamassa. Desenvolviam-se em torno de um pátio central descoberto, geralmente virado a sul, os compartimentos rodeavam o pátio sem preocupação de axialidade ou simetria.
-URBANISMO-
A antiga Grécia foi berço do urbanismo ocidental. Foi no tempo de Hipódamo no século V AC que a cidade de Mileto na Jónia foi reconstruída racionalmente; apresentava ruas largas que se cruzavam em ângulo reto formando uma malha em retícula ou quadrícula que correspondiam aos quarteirões. Estes eram organizados segundo uma função ou seja, a profissão dos seus moradores. Foi este o plano que Hipódamo teorizou, e que foi aplicado em zonas reconstruídas das cidades velhas como no Porto de Pireu em Atenas, e também nas cidades feitas de novo. Foi especialmente a partir do período helenístico que este plano se expandiu tendo sido aproveitado pelos Romanos que se tornaram divulgadores desta estética urbana.
O TEMPLO
LEGENDA
1- Cornija
2- Friso
3- Arquitrave
4- Capitel
5- Fuste
6- Base
7- Estilóbato
8- Tríglifo
9- Métopa
10- Ábaco
11- Voluta; Equino
12- Entablamento
13- Coluna
14- Estereóbato
ESCULTURA
A escultura grega foi criada para glorificar o Homem considerado pelos gregos - a medida de todas as coisas - e glorificar os deuses que eram concebidos à imagem dos humanos.
Assim o tema e o aspeto formal da escultura, desde o século VI AC foram a cópia ou a “mimésis” do homem – mas do homem perfeito - o modelo ideal de valores físicos e morais, como a aretê (excelência ou virtude). Para os gregos o belo devia coincidir com o bom e este com o útil.
Parceira da arquitetura pela sua função ornamental, a escultura grega tinha também fins religiosos, sendo exemplo disso, a estátua da deusa Atena no Pártenon. Esculpiam-se ainda com fins políticos e honoríficos as imagens de homens distintos como se pode ver no busto de Péricles ou nas estátuas de atletas como O Auriga de Delfos e o Discóbolo. Eram ainda feitas com fins funerários, as estelas destacando homens célebres.
-A HERANÇA PRÉ-HELÉNICA E A ESCULTURA ARCAICA-
Foi no período arcaico e após o século VII AC que a escultura grega surgiu marcada pelas influências orientais do Egito e Mesopotâmia, e ainda de Creta e de Micenas.
Desenvolveu-se em 2 modalidades :
-estatuária – em vulto redondo;
- relevos.
A escultura era inicialmente feita em madeira mas a partir do século VII AC começou a ser executada principalmente em mármore e bronze.
A estatuária apresenta dois tipos:
-os kouroi - jovens nus que possivelmente simbolizavam deuses ou heróis, com a perna esquerda à frente, os braços caídos ao longo do corpo e o cabelo “em cortina”;
-as korai- raparigas com “peplos” pregueados que talvez representassem deusas ou virgens. Ambos os tipos mostravam rigidez, esquematismo e simetria próprios da lei da frontalidade; olhos amendoados (orientalizantes); leve sorriso, estando cobertos de viva policromia.
O relevo ajustava-se à arquitetura e tinha localização própria, de acordo com as ordens:
- na ordem dórica ocupava as métopas e os tímpanos dos frontões;
- na ordem jónica ocupava os tímpanos e os frisos contínuos.
Inicialmente, os relevos eram de terracota; na época clássica passaram a ser de mármore. Nos temas, estilo e cor, o relevo seguiu as regras da estatuária.
-DO “ESTILO SEVERO À 1ª IDADE CLÁSSICA-
A escultura do 1º quartel do séc. V AC caracterizou-se pelo chamado “Estilo Severo”, no qual a liberdade, a experimentação e o domínio técnico permitiram representações anatómicas mais naturalistas, com um ligeiro “contraposto” (pequena torsão da cabeça, dos ombros e da cintura pélvica) e um maior sentido de movimento. Mantiveram contudo a severidade expressiva, como são os casos do Auriga de Delfos e de Posídon, ambos de bronze (os gregos foram importantes bronzistas).
A escultura atingiu o seu apogeu na 1ª época clássica - século V AC - ou alto classicismo.
O estudo exigente da anatomia e da geometria, o rigor da conceção e o domínio dos materiais e das técnicas contribuíram para que a escultura atingisse o apogeu na beleza formal e na perfeição técnica.
A procura da beleza ideal fez aparecer o “cânone”- conjunto de regras de proporção métrica entre as diferentes partes do corpo humano, que permitia produzir modelos harmoniosos, sem expressão própria mas formalmente perfeitos, fruto da reflexão e da racionalização.
O “cânone” para a escultura e a “ordem” para a arquitetura representam o espírito racional dos gregos desta época. Os principais artistas deste período foram:
-Míron-que fez a transição entre o período severo e o alto classicismo. Esculpiu o “Discóbolo”, representando o instante antes do lançamento do disco.
-Fídias, séc.V- foi o mais genial escultor deste tempo. Juntamente com a sua “escola” (artistas que com ele trabalhavam na reconstrução da Acrópole de Atenas) criou toda a decoração escultórica do Pártenon (frontão, métopas, friso das Panateneias) e ainda as estátuas colossais da deusa Atena. Na sua obra sobressai a contenção expressiva, a perfeição anatómica, o idealismo e racionalismo das formas que contribuíram para a “divinização” dos representados.
-Policleto- descreveu o 1º cânone na sua obra e aplicou-o na estátua de “O Doríforo”, na qual a cabeça representa 1/7 da altura da estátua. Depois esculpiu o “Diadúmeno”, réplica do anterior, mas com características menos severas.
No relevo salienta-se “A Procissão das Panateneias” (último momento da festa que os gregos dedicavam à deusa Atena e que se realizava durante vários dias, com jogos e concursos de música, danças guerreias, teatro, corridas, regatas…), descrita por Fídias no friso Jónico do Pártenon esculpido em meados do século V (durante 10 anos), e onde as figuras, organizadas em grupos, mostram grande naturalidade.
-DA 2ª IDADE CLÁSSICA À ESCULTURA HELENÍSTICA-
O séc. IV AC, também chamado classicismo tardio, viveu outro contexto histórico-cultural: a Grécia estava em guerra; Atenas tinha sido derrotada por Esparta e a confiança nos deuses ia-se esgotando.
A escultura refletiu esta situação, mostrando os sentimentos, tornando-se mais naturalista, mais humana e denotando as particularidades e os estilos dos seus autores. Entre eles distinguem-se:
-Escopas- autor de obras muito expressivas, como a estátua de “Ménade”;
-Praxíteles- criador de corpos esbeltos como “Hermes e Dioniso” e o iniciador do nu feminino na “Afrodite de Cnido”.
-Lisipo- esculpiu figuras mais esbeltas segundo um novo cânone como em “Apoxiómeno”, no qual a proporção da cabeça em relação ao corpo é de 1/8 da altura total; esta estátua foi trabalhada para ser vista de todos os ângulos.
Os séculos III, II e I AC, correspondentem ao período helenístico, a escultura caracterizou-se por formas mais complexas, mais realistas, mais expressivas e dramáticas, e por temas mais variados. A dor, a paixão, a infância e a velhice (com deformações físicas e marcas do tempo)) são representadas nos rostos e nos corpos de grupos escultóricos ou de retratos individuais, como no grupo “Lacoonte”, em “O Gaulês moribundo”, “O lutador de boxe”, “O Retrato de Demóstenes”, e nos relevos como os do “Altar de Zeus”, ou “Altar de Pérgamo”. As estatuetas de “Tanagra” (cópias de originais clássicos, de barro policromado foram muito usadas nesta época e popularizadas depois pelos Romanos, demonstrando a cultura e o gosto da sociedade do final do milénio.
CERÂMICA/ PINTURA
A cerâmica alcançou na Grécia, desde cedo, um elevado nível artístico e tem hoje também um papel documental já que a pintura desapareceu. Cada região tinha o seu estilo, destacando-se os estilos: coríntio e o ático que eram os mais usados em Atenas.
A qualidade técnica das pastas, cozeduras e engobes bem como as formas e funções começaram a ser definidas desde os séculos. VII e VIII AC.
As funções podiam ser: religiosas e fúnebres, e as de uso quotidiano. A temática da decoração era variada, predominando os motivos mitológicos.
Na evolução estilística salientam-se os seguintes períodos/estilos:
-estilo geométrico- séculos IX-VIII AC - o nome provém dos motivos usados: ponto, linha, círculo- dando origem aos meandros, gregas, triângulos, linhas quebradas…Depois começou a incluir a negro, os elementos figurativos esquematizados e cenas descritivas.
As peças eram muito variadas em formas e tamanhos, mas sobressaem nesta época as grandes ânforas que serviam para ser colocadas nos cemitérios com cinzas e oferendas. Foi o caso da ânfora de Dipylon.
-período arcaico- sécs.VIII-V AC- subdivide-se em 2 fases: evolutivas:
--fase orientalizante- assim designada devido às influências orientais; vigorou até ao século VII AC. O melhor exemplo é a ânfora de Melos.
--fase arcaica recente- ligada ao “estilo das figuras negras”- surgido na Ática e vigente no século VI AC- caracterizava-se por ser uma cerâmica sofisticada, cujas figuras eram representadas com pormenores anatómicos e expressões naturalistas, preenchidas a negro, sobressaindo de um fundo vermelho. Na composição nota-se já um escalonamento do tamanho das figuras e algumas preocupações com o equilíbrio e a simetria. Um dos exemplos é a ânfora do pintor de Nettos.
- Período clássico- séculos V e IV AC- representado principalmente pelo “estilo das figuras vermelhas”. A técnica consistia em pintar o vaso a verniz negro, excetuando as figuras que mantinham a cor natural do vaso. Os pormenores eram acrescentados a tinta preta, o que contribuía para lhes dar realismo e movimento. Ex: ânfora do pintor de Pan.
O século IV AC aumentou a diversidade estilística porque alguns ceramistas juntaram as figuras negras às vermelhas sobre fundos amarelos, brancos ou polícromos.
Aparece também o “estilo belo” de que os Lekytos do pintor Bonsaquet são exemplo. Na época helenística, a cerâmica manteve a sua importância e os artesãos-oleiros, e os pintores-decoradores ceramistas continuaram a assinar as suas obras tornando-as verdadeiras obras de autor.
-PINTURA MURAL- Apesar da escassez de informação sobre esta pintura, dado que só restam alguns frescos das épocas arcaica e helenística, sabemos que ela decorava paredes internas de templos, túmulos e casas, com temáticas mitológicas e alegóricas.
Cerâmica:
- Ânforas para armazenamento de vinho, azeite ou água.
- Potes para misturar vinho com água, antes de servir.
- Recipientes para uso pessoal, cerimónias religiosas ou serviços fúnebres
-Jarros para servir vinho. Taças para beber
-Recipientes para uso pessoal, cerimónias religiosas ou serviços fúnebres.
https://www.youtube.com/watch?v=VhfjU-b0Z0g
https://www.youtube.com/watch?v=Ljs6Su3u3Yc
https://www.youtube.com/watch?v=Vrf6WLE_aJA
https://www.youtube.com/watch?v=EAsrC9uUlCI
Casos Práticos - Módulo Inicial:
O Celeiro – Paula Rego
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/caso-prtico-2-paula-rego
https://comunidadeculturaearte.com/rtp3-exibe-documentario-sobre-paula-rego/
Helena Almeida – Ouve-me
https://www.youtube.com/watch?v=XrDXHZa-LaE
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/caso-prtico-3-helena-almeida
Estádio Municipal de Braga – Souto Moura
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/o-estdio-municipal-de-braga
MÓDULO 1 - QUESTÕES E SOLUÇÕES
CULTURA DA ÁGORA
Séc.V aC – Século de Péricles
1.Localize no tempo e no espaço a Civilização Grega antiga.
-espaço-o sul da Península Balcânica, na bacia do Mediterrâneo oriental
-tempo- do séc VIII ao séc. II aC.
2.Explique em que consistia a originalidade da religião grega.
-antropoforfismo
3.Identifique o tipo de organização política usado pelos gregos antigos e o regime que foi nela dominante no séc. V aC.
-organização política: cidade-Estado;
-regime dominante: a democracia.
4.Identifique os elementos de uma cidade-estado assinalados na Figura 1.
1-ágora;
2-acrópole;
3-bairros habitacionais
4-lugar da Eclésia ou colina da Pnix
5-Via das Panateneias.
5.Explicite a estrutura da sociedade grega e caracterize as classes sociais que a constituíam.
A sociedade grega era constituída:
-pelos cidadãos, homens livres e com plenos direitos para participarem na vida política da cidade,
-pelos metecos, estrangeiros ou gregos provenientes de outras cidades que se dedicavam ao comércio e ao artesanato, pagavam impostos e não podiam participar nas instituições políticas, e
-pelos escravos que eram geralmente prisioneiros de guerra ou comprados no estrangeiro, e eram utilizados nos trabalhos nos campos, nas oficinas, nas minas ou nos trabalhos domésticos.
A pólis de Atenas
6. Evidencie três fatores que favoreceram a formação da pólis.
-(1) O isolamento geográfico;
-(2) o território montanhoso;
-(3) a dispersão dos povos pelas ilhas.
7.A ágora era o coração da cidade, o centro da vida pública na pólis grega. Distinga as diversas funções que se desempenhavam na ágora.
-A ágora, enquanto praça pública da pólis grega, desempenhava as seguintes funções:
-(1) política, sede do governo e da administração da cidade;
-(2) cívica – encontros e reuniões de cidadãos, debates e discussões sobre os mais diversos assuntos,
-(3) económica – mercados e atividades comerciais, artesanais e oficinais;
-(4) judicial – os tribunais reuniam na stoa ou no areópago;
-(5) religiosa – templos, santuários e estátuas em honra dos deuses.
8.Mencione duas razões para que Atenas tivesse sido considerada no séc. V aC, o “modelo” das cidades-Estado gregas.
-o bom funcionamento do seu regime político: a democracia.
-a política cultural e artística que Péricles impôs na cidade.
A ágora; o porto; o mar
9.Distinga as funções que conferiam importância à ágora na vida pública dos atenienses.
A ágora, praça pública das cidades gregas, desempenhava várias funções:
-política – sede do governo e administração da cidade;
-económica – mercado com lojas fixas, para actividades comerciais, oficinais e artesanais;-religiosa – templos e estátuas de deuses;
-judicial – tribunais, que, reuniam nas stoas ou no areópago;
-cívica – discussão livre e aberta à participação de todos os cidadãos interessados, valorizando-se a arte de bem falar em público e a racionalidade dos argumentos
10.A ágora foi o centro económico, social, cultural e cívico de Atenas, bem como das demais cidades-Estado gregas. Justifique e comprove esta afirmação.
-era na ágora que decorria o mercado, que os cidadãos se encontravam para tagarelar e trabalhar, que os filósofos ensinava os jovens.
-era em torno da ágora que estavam os edifícios da administração onde os cidadãos exerciam o seu dever cívico;
-era também nua zona anexa à agora que reunia a Eclésia (a Pnix).
A mitologia; deuses e herois
11.Entre os fatores em que assentava a identidade dos gregos destacam-se a religião e os jogos desportivos.
-Elabore um comentário salientando a importância destes aspetos para a arte grega.
-- Religião grega:
-Os gregos acreditavam em deuses que assumiam forma humana, ao contrário do Egito em que apresentavam características animais.
-os deuses gregos revelavam atributos e emoções humanas, sendo diferentes por terem poderes sobrenaturais, sempre belos e imortais.
-os deuses intervinham em todos os atos da vida humana e eram consultados pelos oráculos nos santuários onde revelavam a sua vontade face a acontecimentos futuros na vida do homem.
-os gregos também adoravam heróis (homens divinizados fruto do acasalamento entre deuses e homens), que se distinguiam por ações extrordinárias, a quem as cidades prestavam culto, e cujas virtudes serviam de exemplo para os cidadãos.
-as histórias das divindades e dos heróis (mitos) pretendiam explicar o universo e o sobrenatural; eram tomadas como temas na arte grega: escultura- relevos e estatuária- e cerâmica.
-a vida da cidade estava intimamente ligada à religião. Cada cidade prestava culto aos seus deuses representados através de estátuas por vezes monumentais, que eram guardadas em templos erigidos em sua honra.
-ao contrário do Egito, os artistas gregos eram independentes dos sacerdotes e soberanos. A sua arte, além de prestar culto aos seus deuses preocupava-se com o belo. Os deuses são representados à escala humana e têm características mais realistas.
-o culto religioso tornou-se complexo realizando-se através de rituais e festas onde também a música, a literatura, o teatro, os jogos desportivos tinham lugar.
--Jogos desportivos:
-realizavam-se em honra de um deus e tinham características competitivas entre as cidades participantes. Eram tão importantes que obrigavam a tréguas em caso de conflitos.
-destacam-se os Jogos Olímpicos em honra de Zeus (o rei dos deuses).
-os atletas participavam nus e praticavam durante 5 dias o pentatlo. Quando vencedores, a sua consagração era feita através de estátuas.
-os artistas representavam estes atletas nus, baseados na observação do real, decidindo livremente as características da sua obra.
12.Indique duas das características dos deuses semelhantes aos homens, e duas características que os distinguiam dos homens.
-Características dos deuses semelhantes aos homens: a forma física e os sentimentos; características dos deuses distintas dos homens: a imortalidade e as qualidades superiores.
A organização do pensamento
13.Evidencie três objetivos da filosofia.
-(1) Refletir sobre a existência do Homem;
-(2) Indagar sobre o conhecimento e a verdade;
-(3) Pensar sobre os valores morais, éticos e estéticos.
Péricles-o grego
14.Apresente quatro dos contributos da ação de Péricles para o apogeu da pólis ateniense no século V a. C., recorrendo à leitura do Texto A.
-liderança política de Péricles, no século V a.C., baseada nas suas capacidades de orador, de estratégia política e militar e na sua competência para distinguir o interesse público;
-consolidação da democracia, favorecendo e apoiando o exercício de cargos públicos pelos cidadãos mais pobres;
-redução dos poderes da aristocracia ateniense;
-afirmação da hegemonia de Atenas no mundo grego, liderando a Liga de Delos;
-política imperialista, impondo o poder de Atenas e os seus interesses económicos a outras cidades gregas;
-utilização do tesouro da Liga de Delos para a reconstrução da Acrópole;
-encomenda do Pártenon e de outros edifícios monumentais que mostram a grandeza de Atenas;
- apoio às artes e à cultura.
15. Refira três ações de Péricles que elevaram Atenas a centro político, económico e cultural da Antiguidade durante o século V a. C.
-(1) Transferência para Atenas do “Tesouro dos Deuses” da Liga de Delos, garantindo o domínio político sobre as principais cidades gregas;
-(2) Hegemonia sobre o mar Mediterrâneo com o domínio das rotas marítimas e comerciais;
-(3) Reconstrução da Acrópole que constituiu o maior empreendimento da Antiguidade.
16.Na organização política de Atenas, que cargo ocupou Péricles e que funções lhe estavam atribuídas?
No cumprimento dessas funções, que medidas tomou Péricles para consolidar a democracia? E para fomentar a cultura e as artes?
-Péricles foi estratega ou estratega-mor. O mais alto cargo do poder executivo da Constituição de Atenas.
-cabia-lhe entre outras coisas, a chefia das relações externas, o supremo comando dos exércitos, o poder de fazer a guerra ou decidir a paz…
-Instituiu as mistoforias;
-anulou a supremacia do Areópago.
-Ordenou a reconstrução de Atenas após as Guerras Persas, nomeadamente a da Acrópole.
-atraiu à cidade filósofos e artistas de todas as partes da Grécia.
A Batalha de Salamina
17.Qual o nome do conflito bélico durante o qual se travou a Batalha de Salamina?
-Guerras Pérsicas ou Médicas.
18.Indique duas consequências importantes resultantes desta batalha.
-Impediu a invasão persa sobre a Grécia; possibilitou a hegemonia ateniense.
19.Explicite o significado histórico e político da Batalha de Salamina, em 480 a. C.
-A grande ameaça persa motivou uma inédita aliança das principais cidades- -estado gregas contra um inimigo comum.
-A derrota imposta aos Persas nesta batalha elevou o orgulho grego e ficou associada à vitória de uma civilização racional e culta,contra outra, bárbara, belicosa e arcaica.
20. Situe a batalha de Salamina no tempo e no espaço.
A cidade-Estado de Atenas desempenhou um papel importante nesse acontecimento e tirou dele algumas vantagens. Explique e comprove estas afirmações.
-a Batalha de Salamina em 480 aC, no mar a sul do porto de Pireu, perto da ilha do mesmo nome.
-Os Atenienses estiveram em maioria na batalha.
-Foi um general ateniense Temístocles, que a chefiou e definiu a estratégia que levou os gregos à vitória.
-esta derrota foi tão pesada e penosa para os Persas que a partir daí, começaram a recuar, desistindo da invasão do território grego.
Os templos: Pártenon e Atena Niké
21.Evidencie quatro características a nível formal, funcional e estrutural que distinguem o Pártenon.
-(1) Exteriormente é adotada a ordem dórica na forma, mas é um templo octástilo (8 colunas na fachada) tal como os templos
jónicos;
-(2) A cella está dividida por uma colunata em U, da ordem jónica;
-(3) Exteriormente, a decoração das métopas segue a ordem dórica, mas, no interior, a cella recebe um friso jónico de 160 m;
-(4) Os elementos estruturais, estilóbata, colunas e entablamento, possuem curvaturas visando corrigir os efeitos de deformação da perspetiva do olho humano.
“Os Persas”-diálogo Coro-Xerxes; o estádio; o teatro
22.De que acontecimento se lastimam Xerxes e o coro no texto acima transcrito?
- Derrota sofrida na guerra contra os Gregos, nomeadamente na Batalha de Salamina.
23. O que é uma tragédia?
-Peça de teatro dividida em 3 atos, cujo tema serelaciona com os deuses e seus mitos.
24.Quem escreveu a tragédia Os Persas?
-O dramaturgo ateniense Ésquilo.
25.Observe a Figura (teatro de Epidauro) e leia a legenda correspondente.
Refira uma função de cada um dos espaços do teatro grego, recorrendo à observação da Figura 1 e à leitura da sua legenda.
Na resposta, devem ser referidas quatro dos propósitos do teatro e outros aspetos considerados relevantes.
1– bancada: destinada aos espectadores;
2– orquestra: zona circular destinada ao coro;
3– palco ou cena: local onde decorre a ação dos intérpretes OU local que serve de camarim para os tores;
4 – párodos: entrada lateral junto à orquestra
-integração do teatro no culto ao deus Dioniso – festas em honra do deus Dioniso, as Grandes Dionisíacas;
-apresentação das tragédias como uma mensagem de fundo moral, que se integrava na vivência religiosa e cívica, através de temas mitológicos e históricos como é o caso d’Os Persas de Ésquilo;
-a tragédia Os Persas, como exaltação dos valores cívicos, nomeadamente, da coragem e da audácia dos vencedores da Batalha de Salamina e do respeito pelos vencidos;
-competição entre os autores das peças de teatro, no âmbito de concursos integrados nas festas cívicas e religiosas;
-participação dos cidadãos e da restante população ateniense, não só como público, mas também como intervenientes nos concursos que se realizavam;
-prestígio dos vencedores dos concursos de teatro, nomeadamente, do corega (financiador do espetáculo) e do autor;
-ação de Péricles no sentido de garantir a presença dos mais pobres no teatro
26.Ésquilo escreveu, em Os Persas, o Diálogo entre o Coro e Xerxes.
-Que sentimentos nos provocam as descrições que Ésquilo fez dos Persas e dos Gregos?
-Este diálogo contém a chegada de Xerxes, que foi derrotado na batalha contra os Gregos onde perdeu tudo e, por isso, é um homem abatido que se culpabiliza pela derrota e pelas muitas mortes dos seus companheiros e soldados.
27.Resuma o conteúdo deste diálogo.
-Este diálogo contém a chegada de Xerxes, que foi derrotado na batalha contra os Gregos onde perdeu tudo e, por isso, é um homem abatido que se culpabiliza pela derrota e pelas muitas mortes dos seus companheiros e soldados.
28.Identifique os espaços assinalados na planta do teatro grego. Caracterize as funções de cada um desses espaços.
-(1) Bancada; (2) Palco; (3) Cenário; (4) Orquestra; (5) Parodos.
-Bancada – espaço destinado aos espetadores;
-orquestra – espaço circular central destinado ao desempenho do coro;
-palco – local onde decorre a ação dos atores;
-párodos – entrada lateral junto à orquestra
29.Explicite o surgimento do teatro na Grécia Antiga e caracterize o seu primeiro género a ser criado. Distinga os dois géneros de teatro criados na Grécia Antiga.
-O teatro nasce a partir do ditirambo, composições cantadas em verso em volta do altar de Dioniso. Os versos eram cantados em coro durante as consagrações, as “dionisíacas”, narrando as façanhas de deuses e heróis, das suas guerras, casamentos e adultérios, os destinos dos seus filhos, temas que se desenvolvem numa tensão dramática e que conduzem sempre a um conflito trágico, entre deus e o homem, o bem e o mal, o dever e o desvio, etc.
-Nasce a tragédia que é uma forma dramática envolvendo o conflito entre duas pessoas, entre os deuses.
-2 géneros de teatro: Tragédia e comédia.
30.Os acontecimentos da vida da Grécia, e de Atenas, inspiraram os sábios, literatos e artistas. Ésquilo foi disso exemplo. Responda:
Quem foi Ésquilo?. Que obra sua comprova o que ficou afirmado? Porquê?
Que funções cumpria o teatro na Grécia do séc. V a.C?
-Ésquilo escreveu peças de teatro – foi um dramaturgo. Foi também o criador da tragédia.
-escreveu “Os Persas”, uma tragédia que aborda a derrota dos Persas pelos Gregos.
-o teatro desempenhou funções religiosas e simultaneamente educacionais, culturais e de entretenimento.
-Arquitetura: harmonia, proporção
31.Defina o conceito de harmonia aplicado à arquitetura grega e ao traçado e composição formal de um templo.
-Harmonia define-se segundo o princípio de que “as partes de um conjunto se encontram ordenadas entre si, proporcionadas através de uma medida comum”.
-Aplicada à arquitetura, a harmonia traduz-se no acordo perfeito entre as partes de um todo, integrando valores como ordem, simetria, regularidade, proporção e equilíbrio.
32.Observe a imagem (Pártenon).
-Descreva este monumento, salientando os seguintes aspetos:
--contexto histórico relacionado com a sua construção;
-- localização; autoria
-- importância deste tipo de edifício na cultura grega;
--ordem arquitetónica; descrição da planta e volume.
-A construção do Pártenon insere-se na reconstrução da Acrópole de Atenas promovida por Péricles após a vitória sobre os Persas no séc. V na Batalha de Salamina.
-o prestígio de Atenas na luta contra os invasores Persas deu-lhe hegemonia sobre as outras cidade; Péricles usou fundos da Liga de Delos (constituída para defesa contra os Persas) para reconstruir a acrópole (destruída pelos Persas) pretendendo transformá-la numa referência para a cultura grega.
-os trabalhos foram dirigidos por Fidias e do conjunto de edifícios construídos destaca-se o Pártenon consagrado a Atena Parthenos, padroeira da cidade.
-o Pártenon foi projetado por Íctinos e Calícrates na ordem dórica; Fídias dirigiu a equipa de escultores que executaram os relevos do templo.
-este templo é períptero, apresentando oito colunas na fachada; telhado de 2 águas.
-a planta integra: pronaos, cella e opistódomos.
-para assegurar a sensação visual de geometria perfeita, Íctinos introduziu correções óticas deformando todos os elementos horizontais: estilobatos e entablamentos; inclinou as colunas para dentro aproximando-as umas das outras na extremidade da fachada.
33.Refira quatro das características arquitetónicas do templo Atena Niké, representado na figura 2.
Na resposta, devem ser referidas quatro das características seguintes, ou outras consideradas relevantes:
-simplicidade estrutural;
-planta retangular;
-uma única cella ou sala;
-colunas jónicas;
-friso contínuo decorado com relevos.
34.Refira quatro das diferenças entre a ordem dórica e a ordem jónica, recorrendo à observação das Figuras 1 e 2.
-enquanto na ordem dórica o capitel apresenta um equino simples, na ordem jónica o equino é ornamentado com volutas;
-enquanto na ordem dórica o friso alterna métopas com tríglifos, na ordem jónica o friso é contínuo;
-enquanto na ordem dórica o fuste da coluna é mais largo e pesado, na ordem jónica o fuste apresenta-se mais esguio e elegante;
-enquanto na ordem dórica a base da coluna não se distingue do fuste, na ordem jónica a base é ornamentada;
-enquanto na ordem dórica a arquitrave é constituída por um único bloco, na ordem jónica a arquitrave está dividida em três blocos.
35.Partindo da observação da Figura 1 e da leitura do Texto A, explicite os objetivos das curvaturas impostas aos elementos estruturais do edifício.
-Foram impostas curvaturas ao estilóbata e ao entablamento (o centro está ligeiramente elevado em relação aos extremos), bem como às colunas, que se inclinam subtilmente para dentro, por razões exclusivamente estéticas.
-Os arquitetos pretenderam corrigir os efeitos de proporção que a perspetiva provocaria à perceção humana, procedendo a correções óticas que visam tornar este edifício um paradigma da arquitetura clássica, e atingir a perfeição e a harmonia absoluta.
36.Refira quatro dos aspetos da arquitetura grega evidenciados na construção do Pártenon.
-utilização do sistema trilítico;
-templo rodeado por colunas (períptero);
-templo de planta retangular;
-paradigma da beleza, da ordem, da racionalidade, do equilíbrio e da proporcionalidade;
-aplicação dos cânones clássicos da ordem dórica, no caso do Pártenon;
-planta constituída por pronaos, por cella ou naos e por opistódomos;
-entablamento composto por arquitrave, friso e cornija;
-fachadas com frontões, decorados nos tímpanos com esculturas;
-correção das ilusões de ótica através da êntase;
-escala monumental, evidenciando o poder da cidade-estado ou pólis.
37.Faça a análise do Pártenon quanto a:
-planta;
- elementos de sustentação;
- decoração: locais, tipo, temas e função.
-Planta: de forma retangular, rodeada por colunas
(períptero) e octástilo (8+8+17+17), com divisões (pronaos, naos ou cella com três naves, opistódomo e perístases);
-Elementos de sustentação: colunas da ordem dórica cujo fuste assenta no primeiro degrau, estilóbato e apresentam correções de ótica – êntases;
- Decoração: Fídias foi o seu autor; locais: nos dois frontões, no friso dórico (métopas e tríglifos); por fora e na parede exterior da cella, na parte superior o friso jónico das Panateneias; tipo de trabalho: relevo; temas: cenas mitológicas e da vida da deusa Atena; função: narrativa, descritiva e didática.
38.No conceito dos gregos, o que era a “ordem arquitetónica?
-para os Gregos, a “ordem arquitetónica” era um conjunto de regras que definiam os elementos construtivos e as suas formas e proporções recíprocas, determinando também o tipo, os locais e a quantidade de decoração.
39.Tendo em conta a ordem arquitetónica do Parténon, caracterize este templo quanto a:
-formas em planta e volume;
-locais e tipos de decoração exterior.
-O Parténon é um templo dórico, com planta retangular períptera, composta por pronaos, cella e opistódomos.
-em volume tem a forma de um paralelepípedo assente num estereóbato (plataforma de suporte ou embasamento) e está coberto por um telhado de duas águas.
-por ser dórico, a sua decoração exterior, que foi esculpida e depois pintada, remetia-se para as métopas do friso exterior, para os frontões e para o friso jónico do exterior da cella.
-Escultura
40.Observe as imagens (deus egípcio; “kouros” grego). Na Grécia, a ideia de esculpir em pedra foi influência do Egito e das civilizações mesopotâmicas.
-Procure as semelhanças e as diferenças entre as duas imagens apresentadas.
--Semelhanças:
-sobriedade; volume maciço e cúbico; silheta de ombros largos; perna esquerda adiantada; punhos cerrados (expressão rígida; pouca espontaneidade do artista.
--Diferenças (na estátua grega):
-intenção diferente (representa um ser humano-herói- que ascendeu à categoria semi-divina pelos seus feitos).
-representação da figura em pé sem qualquer apoio, nua.
-a figura adquire uma vida interior expressa no “sorriso arcaico”; parece fitar-nos nos olhos e caminhar de modo seguro.
41.Na arte grega, o relevo faz parte da arquitetura; a sua colocação depende da ordem do templo.
-Indique os locais onde o relevo era colocado nas ordens dórica e jónica, e os temas que aí eram desenvolvidos, tomando como exemplo o Pártenon.
--Ordem dórica:
-frontões, métopas.
--Ordem jónica:
-frontões frisos, colunas.
--Temas:
-mitologia com significado simbólico: ex: gigantomaquia; centauromaquia; amazonomaquia (significam lutas entre o bem e o mal; o racional e o irracional; gregos e persas) nas métopas do Pártenon; lutas entre deuses (disputa entre Atena e Poseidon) num frontão do Pártenon.
-festividades: cortejo das Panateneias (inclui mais de 350 personagens e 200 animais; rapazes a cavalo, músicos, magistrados, virgens…reunidos para oferecer à deusa Atena um novo véu (friso do Pártenon).
42.Refira quatro das características da escultura grega da época clássica, recorrendo à observação da Figura (Discóbolo).
-representação do movimento iminente;
-preferência pela representação de corpos atléticos;
-preferência pela representação da nudez masculina;
-serenidade no rosto ou contenção expressiva;
-representação da beleza ideal, assente na proporcionalidade e na harmonia;
-contraposto, desalinhamento das ancas e dos ombros com ligeira curvatura do tronco;
-aplicação do cânone de Policleto, segundo o qual a altura do corpo é sete vezes a altura da cabeça;
-evolução, na segunda idade clássica, no sentido da procura da sedução e da sensibilidade.
43.O conceito de “ordem arquitetónica” está para a arquitetura como o de “cânone” para a escultura.
Qual a importância de “O Doríforo” de Policleto para a definição de “cânone escultórico”?
-Policleto, escultor grego do período clássico (séc. Va) executou esta obra para demonstrar nela as regras métricas de beleza idealizada do seu Cânone, o primeiro da escultura helénica, onde a cabeça correspondia a 1/7 da altura total do corpo.
44.Caracterize a estatuária grega da época clássica quanto a:
-temáticas tratadas;
-execução técnico-formal.
-a estatuária grega da época clássica representou maioritariamente deuses (as), muitas vezes atletas e heróis, e em menor quantidade, figuras públicas (políticos e militares).
-a execução técnico-formal primou pelo domínio perfeito das técnicas e pelo naturalismo/realismo das formas que, no entanto, apenas reproduziam modelos idealizados, de grande rigor de proporção entre as suas várias partes e de rostos estereotipados, de expressão serena e calma (cânones)
45.Identifique o autor do friso escultórico “Deuses no Olimpo” – Pormenor do friso das Panateneias.
Analise estes relevos quanto à linguagem plástica visível no pormenor da imagem.
-autoria de Fídias.
-apresenta correção anatómica, naturalismo nas formas, gestos e posturas;
-panejamentos de fino trabalhado e de queda naturalista
-composição sem cenário, animada pela interação entre as figuras que apresentam serenidade.
Cerâmica e pintura
46.Descreva a evolução dos valores plásticos (modelado, composição, cor, figuração: abstrata ou naturalista) presentes na pintura da cerâmica, desde o séc. VIII ao séc. VI aC
A cerâmica grega evoluiu ao longo deste período em vários estilos que se distinguem sobretudo pelos valores plásticos:
--Estilo geométrico (séc.VIII aC):
-distinguem-se as ânforas e crateras funerárias conhecidas por cerâmica de Dipylon.
-decoração a negra sobre fundo claro.
-combina motivos geométricos (ziguezagues e suásticas) com assuntos figurativos alusivos ao defunto.
-organização em registos paralelos.
-figuras humanas e animais (cenas funerárias) são representadas em silhuetas com caráter geometrizado.
-o estilo evoluiu para uma decoração em que as figuras adquiriram maior dimensão e complexidade e os motivos geométricos limitaram-se à definição de enquadramentos.
-destacam-se as oficinas coríntias.
A produção coríntia entrou em decadência e deu lugar à cerâmica ática (séc.VI aC); as oficinas atenienses atingiram grande qualidade técnica e artística; os vasos começaram a ser assinados pelos seus autores: destacam-se Exéquias, Psíax…
--Estilo das “Figuras Negras”:
-decoração com elementos figurativos pintados a negro sobre fundo avermelhado do barro.
-figuras traçadas em silhueta, preenchidas a negro.
-definição de pormenores internos (músculos, cabelos, elementos do vestuário) por incisão com estilete.
-usava-se por vezes o branco e o roxo para realçar certas zonas.
--Estilo das “Figuras Vermelhas” (final do séc. VI aC):
-figuras deixadas a vermelho sobre fundo negro, a fim de superar algumas dificuldades no desenho.
-conseguiu-se maior realismo na representação das figuras, pormenores de trajes, expressões faciais…
47.Refira quatro das funções da cerâmica na civilização grega, recorrendo à observação das Figuras 2 e 3
-deposição das cinzas dos defuntos;
-armazenamento de produtos alimentares;
-transporte comercial de produtos;
-conservação e armazenamento de óleos, de perfumes e de cosméticos;
-utilização em rituais religiosos;
-utilização como recipiente para beber vinho.
48.Caracterize estilisticamente o vaso da figura (cratera ática séc. V aC.)
-O vaso da figura pertence ao “estilo das figuras vermelhas”, desenvolvido no início da época clássica.
-É o contrário do estilo arcaico das figuras negras, pois a técnica decorativa consiste em cobrir toda a superfície do vaso a verniz negro, deixando apenas as figuras na cor natural do barro.
-O desenho destas está pormenorizado com linhas e traços a negro aplicados com pincel.
-Neste estilo, o desenho formal é mais perfeito e natural (na anatomia, no rosto, nos gestos e panejamentos) .
-As cenas estão inseridas em cenários esquemáticos tratados com perspetiva.
49.Evidencie três aspetos que conferem importância à cerâmica pintada para a História da cultura e da civilização grega.
-(1) A cerâmica pintada é uma importante fonte histórica, pois fornece-nos elementos sobre técnicas, processos de fabrico, etc.;
-(2) Por outro lado, os temas pintados são uma importante fonte de conhecimento sobre a vida quotidiana;
-(3) Através dos temas pintados podemos estudar a evolução dos aspetos pictóricos, plásticos e expressivos da pintura grega.
50.Identifique e caracterize o estilo do vaso cerâmico apresentado na imagem. (Cratera ática do séc. V aC). Comprove com elementos visíveis na imagem.
-é um vaso do estilo das figuras vermelhas, estilo que se desenvolveu em inícios do séc. V aC, época clássica da arte grega.
-tecnicamente é o negativo do estilo das figuras negras
-pictoricamente atingiu elevado nível no desenho das formas e na inserção perspética das mesmas em cenários.
