
Cultura do Mosteiro
RESUMO - Módulo 3
_A queda do império romano do ocidente: início da Idade Média
A queda do império romano deu-se gradualmente a partir do século V na parte ocidental. Ao atingir o poder, Constantino tinha encontrado um império fragilizado e dividido em duas partes; pós várias conquistas conseguiu a sua reunificação em 324. Contudo tomou duas decisões que deram origem à sua queda (a ocidente): 1. o fim da proibição do Cristianismo através do Edito de Milão em 323; 2. a transferência da capital do império para Bizâncio - renomeada Constantinopla.
Um dos fatores que iriam de algum modo marcar os futuros tempos de mudança foi a aceitação rápida do Cristianismo, resultante da situação de desamparo em que viviam uma grande parte da população.
Esta religião apoiava as pessoas - conciliava o humanismo e a espiritualidade, valorizando os valores morais (espirituais) face aos valores materiais, pregava o desprendimento do mundo terreno e valorizava o bem.
_os SÉCULOS V a XII_
A partir do séc. V, o Império Romano viveu circunstâncias diferentes:
-O Oriente – com capital em Bizâncio afirmou-se como centro político, económico e cultural da bacia leste do Mediterrâneo;
-O Ocidente- caiu face às invasões dos povos bárbaros que conquistaram finalmente Roma em 476.
Este acontecimento marcou o fim Da Antiguidade Clássica e o início da Idade Média, a qual terminou em 1453.
No Ocidente, ao poder dos Romanos sucederam-se poderes regionais de reinos Bárbaros, nomeadamente os Germanos, situação que provocou na Europa as seguintes alterações:
--degradação da economia mercantil, que deu lugar a uma economia de subsistência;
--decadência dos centros urbanos e deslocação das populações para as zonas rurais;
--desorganização da administração pública, assim como do poder central, e a formação de novos “Estados” em constante agitação;
--depressão demográfica, reflexo dos fatores anteriores, a que se juntou a permanência da guerra.
Esta situação acentuou-se entre os séculos VII e X, tidos como séculos de crise devido às seguintes situações:
- invasões muçulmanas, a partir do século VII e invasões dos normandos, Eslavos e Magiares, após o séc. IX;
-continuidade da precariedade da subsistência, que se centrava na agricultura;
-permanente instabilidade e insegurança, aliadas ao crescente barbarismo dos costumes.
Este quadro sociocultural levou, a partir dos séculos X e XI, à formação do Feudalismo (uma sociedade organizada em pequenos reinos de caráter rural, guerreiro e cavaleiresco).
Foi nesta Europa enfraquecida, onde as nações se iam formando, que o Cristianismo cresceu e se tornou aglutinador devido aos seus objetivos de universalidade, pacifismo e centralização.
Foi também nesta altura que ao mesmo tempo em que surgiu a Monarquia Franca, os Muçulmanos se expandiram fulgurantemente pelo Norte de África, chegando à Península Ibérica, onde permaneceram até ao séc. XV.
Passado o Ano Mil, a Europa entrou numa conjuntura de crescimento relacionada com o fim das invasões e das guerras feudais seguindo-se um período de maior estabilidade e segurança. A melhoria climática da época também facilitou o desenvolvimento da agricultura excedentária (resultante também da introdução de novas técnicas e utensílios de cultivo). Deu-se uma revitalização demográfica e comercial, que aos poucos, conduziu à formação da burguesia (mercadores e artesãos) e consequente surgimento das cidades ou burgos que se afirmaram no séc. XII.
_A COROAÇÃO DE CARLOS MAGNO- ano de 800_
-Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, no dia de Natal do ano 800, pelo papa Leão III, na Basílica de S. Pedro em Roma.
-Herdeiro dos reis francos, deu origem à dinastia Carolíngia - em pouco tempo criou um império, que abrangia quase toda a Europa Ocidental e Central, proporcionando-lhe estabilidade e unidade.
-A Igreja via nele o defensor do Cristianismo, e ao dar-lhe o título de Imperador, restaurou nele a dignidade dos antigos imperadores cristãos de Roma, tornando-o aliado na luta contra o Império Bizantino, e contra a invasão do Islão.
-Carlos Magno tornou-se o modelo de Imperador cristão, mas após a sua morte, o império que construiu, entrou em decadência.
_A Europa a partir do ano 1000
Após o ano 1000 finalmente manteve-se na Europa um ritmo de vida mais pacífico. A arte e a cultura desenvolviam-se acompanhando o pensamento da época e os interesses da Igreja por um lado, e por outro, da alta sociedade feudal. Enquanto a Igreja era uma instituição cujos valores éticos doutrinários haviam firmado a sua importância e autoridade espiritual, os senhores feudais constituíam uma casta de pessoas privilegiadas que dirigiam a Europa e detinham a riqueza e poder. A influência da Igreja afirmara-se gradualmente em consequência da queda dos impérios romano e carolíngio, da ocupação muçulmana, e das invasões bárbaras. Esta instituição servia como elemento unificador de ideologia, cultura e pensamento da sociedade fragmentada, tornando-se uma espécie de centro religioso, cultural e económico materializado através de mosteiros, abadias... Foram as Ordens Religiosas que procederam à divulgação e desenvolvimento da fé cristã e da produção artística religiosa — numa sociedade cristianizada.
As peregrinações tornaram-se nesta época, uma das vias mais importantes para a propaganda cristã, levando multidões de crentes a locais santos distantes: Roma, Jerusalém e Santiago de Compostela.
Por outro lado, as Ordens Religiosa, particularmente a de Cluny começaram a dinamizar o desenvolvimento desses locais, com a construção de grandes obras dirigidas a Deus, como é o caso da Igreja de Santiago de Compostela. Estes locais tornam-se assim grandes núcleos de produção artística ligada à Igreja.
As Cruzadas foram também um fenómeno determinante na evolução do românico. Em consequência das diretivas vindas da Igreja de Roma para o combate aos muçulmanos e a consequente recuperação da Terra Santa chegaram do oriente importantes dados culturais: conhecimento de antigos textos gregos (preservados em árabe), novas formas artísticas, padrões de vida melhores…
O Feudalismo organizado a partir de uma sociedade aristocrática, com poder semelhante à Igreja no que toca à posição social, económica e política, também dinamizou a arquitetura na construção de castelos.
Relativamente à arte, ela traduz um espírito doutrinário que teve várias origens e influências, sobretudo: arte romana, a arte paleocristã, bizantina e islâmica.
_A EUROPA DOS REINOS CRISTÃOS_
À medida que o Império Romano decaía e com ele a sua estrutura administrativa, o Cristianismo (tido como religião oficial e única desde 381), tornava-se o sustentáculo do Ocidente violento e rural. Por isso os bispos cristãos, servindo-se das estruturas administrativas romanas a nível local e central, e equiparando-se aos juízes e magistrados, tornaram-se as autoridades perante a sociedade.
A aproximação da Europa com o Oriente deu a conhecer o Monaquismo, isto é, o abandono da vida mundana, e o retiro em comunidade na qual se vive submetido a uma disciplina própria – a Regra.
Este conceito expandiu-se pela Europa que se povoou de igrejas e mosteiros, como os das Ordens de Cluny (910) e de Cister (1098). Com eles a Igreja tornou-se também um vetor civilizacional porque contribuiu para o desenvolvimento da agricultura e do artesanato, para a conservação das artes e letras, para a suavização dos costumes. Mandatados pela Igreja de Roma surgiram os movimentos de Trégua e Paz de Deus, incentivando as Peregrinações a organização das cruzadas ; na Europa formou-se assim gradualmente o conceito de Cristandade ou Christianitas – a comunidade de povos e reinos unidos pelos mesmos laços religiosos e culturais.
_O CRISTÃO S. BERNARDO_
Bernardo de Claraval foi um monge da ordem de Cister que por ordem dos seus superiores em 1115, fundou em França o Mosteiro de Claraval, cuja edificação concretizava as suas ideias religiosas puristas que defendiam:
-a procura de uma religião autêntica, de amor vivida:
1. no voto de pobreza;
2.na valorização do trabalho manual;
3. no desprendimento dos bens materiais e de si mesmo.
-a religiosidade fundada na contemplação da beleza da alma;
-a censura da ostentação do clero e da decoração dos templos e o excesso de rituais;
- a defesa de uma inteligência feita de amor, mais do que de erudição.
-a defesa de um quotidiano pautado pela oração, meditação e trabalho para a comunidade;
-a defesa da elevação do espírito pela mortificação do corpo;
-a valorização do sentimento, da fé, da vontade ética do amor, que conduzem à ascese mística (disciplina para buscar as coisas espirituais).
-a oposição ao ensino da Escolástica (ensino medieval que procurava conciliar a fé com a razão-S. Tomás de Aquino; baseia-se na tradição aristotélica) e, de uma maneira geral, do debate do texto religioso.
_Materialização do ideal_
Os ideais religiosos de S. Bernardo tiveram repercussões artísticas pois impuseram nas construções uma simplicidade total, retirando toda a decoração típica das igrejas românicas. A arquitetura passa a apresentar sobriedade, simplicidade e depuração estruturais como características dominantes.
Recusa também o excesso nas decorações escultóricas, criticando a decoração dos capitéis do românico e das alfaias religiosas dos conventos, mosteiros e igrejas pois defendia a austeridade dos paramentos e dos altares; impunha-se assim a sobriedade do conjunto, sem interferência de peças escultóricas fora do contexto, para evitar a dispersão da atenção dos fiéis.
_A VIDA NO MOSTEIRO_
_As Ordens religiosas — arquitetura para amar a Deus
O mosteiro era inicialmente “o lugar para viver sozinho”. Depois passou a designar uma comunidade religiosa instalada num edifício com terras envolventes. Surgida no Oriente no século IV, a vida monástica foi regulamentada no Ocidente, a partir dos séculos VI e VII. Esse trabalho foi elaborado por S. Bento de Núrcia que escreveu “A Regra” ou Regula Beneditina, que na Europa regia os mosteiros e foi imposta por Carlos Magno no seu império.
Os monges eram homens que chegavam aos mosteiros para servirem a Deus, dedicando o seu tempo aos estudos, à reza, à cópia de manuscritos…
Na Regra, o mosteiro era tido como uma escola ao serviço de Deus, onde o abade era o pai e mestre dos irmãos (os monges) e todos tinham por princípios básicos:” a obediência, a humildade e o silêncio”.
A 1ª obrigação dos monges era o Ofício Divino, que era equiparado ao trabalho (ora et labora) nos scriptoria, nas oficinas e nos campos, feitos segundo horários rígidos.
S. Bento parece também ter proposto um plano arquitetónico para o mosteiro, uma planta ideal, que fazia dele a materialização do Paraíso na terra, um mundo autossuficiente e regulado.
Os mosteiros normalmente localizados em zonas rurais ou isoladas, tornaram-se importantes núcleos culturais e de apoio social a mendigos, peregrinos e população em geral. Esta situação fez com que os senhores feudais lhes doassem riquezas, e o próprio povo apoiasse economicamente o desenvolvimento monástico. Estas instituições tornaram-se com o tempo importantes núcleos de poder patrimonial dispondo de terrenos que estavam sob o seu domínio.
Foram também centros dinamizadores da economia (aplicando e ensinando técnicas agrícolas, artesanais, e práticas de comércio) e da cultura (produzindo livros escritos e divulgando-os nas escolas monacais).
Uma das mais importantes instituições foi a Ordem de Cluny iniciada num mosteiro situado na Borgonha, França, rapidamente ganhou popularidade e cresceu por toda a Europa, tornando-se a maior no ocidente, edificando grandes obras como a igreja de Cluny …
Com o desenvolvimento exponencial desta ordem, os monges descuraram do rigor religioso de tal modo que o abade Roberto de Molesme foi levado a fundar uma nova ordem, a de Cister, com o intuito de restituir os princípios originais da Regula.
Foi S. Bernardo de Claraval, monge de Cluny, que acabou por dinamizar esta ordem, influenciado pelos atos impróprios dos outros monges amantes dos prazeres terrenos. O seu ideal refletiu-se formalmente na arte que privilegiava a simplicidade face ao exagero da decoração. Surgiu assim uma arte quase iconoclasta, de traços austeros e de uma extrema sobriedade que excluía o supérfluo decorativo e a opulência arquitetónica. Desaparecem também os frescos predominando a pedra à vista.
Basicamente, a Ordem de Cister acabou recusando toda e qualquer inovação artística/arquitetónica.
_O Mosteiro_
o mosteiro tem as seguintes características:
- seque o modelo/paradigma terreno do mundo celestial;
-organiza-se segundo diversos espaços – claustro, scriptoria, dormitório, refeitório, hortas, pomares, estábulos, entre outros;
- a sua vida é marcada pela devoção a Deus – sendo a oração e o ofício divino, as principais obrigações dos monges;
- a vida monástica é simples, frugal, sem de bens materiais, definida pela Regra de S. Bento;
-a vida comunitária baseia-se na partilha entre os monges de tarefas inerentes à atividade do mosteiro;
-consiste na aceitação de regras e respeito por valores como a humildade, a obediência e o silêncio, decorrentes do serviço a Deus;
- os monges são tidos como «guardiães do saber», dedicando-se nos scriptoria à cópia e à conservação dos textos antigos;
- a igreja abacial apresenta planta basilical (cruz latina), simbolizando a cruz de Cristo;
- a orientação da edificação da igreja é feita no sentido este-oeste.
_OS GUARDIÃES DO SABER_
Em consequência da queda do Império Romano, entre os séculos V a IX, as escolas, as bibliotecas, os teatros e os poderes e instituições administrativos quase desapareceram e com eles, parte da cultura escrita. A cultura popular não escrita, não escolarizada e barbarizada, generalizou-se.
Os poucos focos de saber ainda ativo localizavam-se na Itália, na Península Ibérica, e a partir do século VI, na Grã-Bretanha e Irlanda. Aí os animadores foram os clérigos, os únicos que mantinham a leitura de obras sagradas, a escrita em latim, e a cópia de obras clássicas nos seus scriptoria (oficinas de escrita e ilustração de livros com iluminuras). Foram eles os guardiães do saber.
O Renascimento Carolíngio também contribuiu para essa revitalização do saber.
Nas escolas monacais do Império Carolíngio, a tradição clássica foi estudada e complementada pela cultura cristã e pela muçulmana em disciplinas como: Filosofia, Medicina, Astronomia e Matemática.
Ao copiar os autores clássicos, os monges copistas e os eruditos alteravam o que estava escrito, tentando harmonizar o pensamento clássico com o cristão, e daí o falar-se de cristianização das heranças grega, latina e muçulmana (foi só nos séculos XV e XVI que os homens do Renascimento, comparando os originais com as obras copiadas, as depuraram)
_O PODER DA ESCRITA; A ILUMINURA_
Nesta época quem detinha o poder da escrita era o clero de tal modo que se tornaram cada vez mais importantes na sociedade começando a ocupar cargos nas chancelarias régias.
No seio dos mosteiros havia assim monges especializados – os escribas ou copistas – que trabalhavam nos scriptoria reproduzindo à mão, livros e documentos.
Devido ao isolamento geográfico, cada oficina tinha um tipo de caligrafia e de iluminura ou miniatura próprio, e é por isso possível hoje identificar diversas zonas-oficinas de escrita distribuída através da Europa.
_O CANTO GREGORIANO_
Quando o Cristianismo se tornou religião oficial, o canto - a voz humana-, tornou-se elemento importante no ritual de serviços litúrgicos. Ele recebeu influências das músicas, grega, romana e judaica, mas foi só chamado Gregoriano, quando no final do século VI, o papa Gregório I ou Gregório Magno, reformou a liturgia, tornando o canto, uma parte obrigatória dos vários ofícios religiosos.
O Canto Gregoriano é uma música monódica (com uma só melodia), de ritmo livre, destinada a acompanhar os salmos (textos retirados do livro de salmos). Até ao século VIII não havia notações musicais (sinais que orientassem o canto) mas surgiram depois para esse fim, os neumas.
Segundo os livros litúrgicos das horas (que orientam o rito da missa), as peças musicais na missa são: a antífona, o gradual, a aleluia e o “communiu” cantadas pelo celebrante; e o Kyrie, a glória e o credo cantados por todos, mas tudo no momento certo, como se fosse a uma só voz e com o mesmo sentimento místico.
Embora caído em desuso com o aparecimento da polifonia, o canto gregoriano foi a base de toda a música clássica ocidental.
_A arte cristã
_A construção da identidade artística europeia_
A partir do século III, a arte europeia sofreu grandes alterações, trazidas pela introdução de: características orientais de outras culturas e de mudanças de mentalidade divulgadas pela religião cristã.
Ao contrário do sistema artístico clássico, que se baseava num entendimento do mundo e do homem racional este novo sistema artístico apoiava-se em novos pressupostos, como os da fé inquestionável numa entidade abstrata – Deus .
Tal como havia acontecido no antigo Egipto, retomava-se a subordinação do homem a Deus, ao invés do que fazia o paganismo clássico.
A base desta nova gramática artística era o cristianismo. A universalidade desta religião deveu-se às suas características: o Deus era o mesmo para todos, a mensagem de salvação era dirigida a todos, e a religião conseguia conciliar a razão e a fé, tornando-se mais forte. A grande divulgação desta nova cultura refletiu-se grandemente na arte.
A representação clássica, racional e naturalista foi substituída por uma representação conceptual e imaterial. As figuras já não tinham que representar coisas reais, pelo que acabaram por se apresentar como suspensas e irreais. Perdeu-se o sentido de volume e de perspetiva - a função da imagem era apenas a de transmitir a mensagem na sua essência, em função de uma ordem moral e ideológica.
A estética cristã reduzia assim as formas, a superfícies; aboliu-se a escultura. Na arquitetura, adotou e adaptou a basílica romana à igreja, em detrimento do templo pagão.
_A formação da arte cristã – ARTE PALEOCRISTÃ
A arte cristã baseava-se na natureza invisível de Deus - dispensava o suporte de imagens que acabaram por surgir como meio de propaganda da doutrina.
Nos seus primórdios, a arte cristã surgiu nas catacumbas romanas num período de perseguição designado paleocristão, durante o século III. A arte cristã limitava-se a algumas pinturas e relevos realizados nas catacumbas, usando-se como fonte a arte pagã, tardo-romana, à qual se imprimia um espírito, um tema e um significado cristãos.
Tornando-se mais tarde a religião oficial do império romano tornava-se necessário encontrar um edifício que fosse funcional e cuja formas se relacionassem simbolicamente à nova doutrina.
Tornou-se necessário um espaço amplo devido às atividades congregacionais que reuniam muitos crentes, e foi a basílica romana que deu a resposta a essas necessidades. Um exemplo de um edifício que seguiu esta tipologia foi a Igreja de São João de Latrão em Roma. É Composta por um espaço longitudinal, de cinco naves separadas por colunatas e direcionadas para a cabeceira, em cuja abside se situava o altar. Antes desta abside situava-se uma nave perpendicular, o transepto, que separava o espaço profano do espaço sagrado.
Para a Igreja, o recinto de culto e reunião dos fiéis havia de facto dois modelos:
--o da planta centrada (de influência helenística e oriental), com formas circulares, octogonais e em cruz grega, cobertas com cúpulas;
--a planta basilical, que foi o modelo mais usado.
O melhor exemplo é o da Basílica de S. Pedro do Vaticano, em Roma
Além da igreja, tipologia ligada ao culto cristão existiam ainda outros edifícios: batistérios, martyrias e mausoléus também relacionados com esta cultura emergente. Seguiram contudo modelos diferentes - os de planta centrada, de tradição clássica, com cúpula sobre a sala central.
-Os exteriores são pobres, contrastando com interiores decorados, com pinturas a fresco e com mosaicos.
_A arte cristã_
Na construção sucessiva da Europa formada pela assimilação dos territórios dos novos reinos bárbaros, começou a florescer uma arte eminentemente europeia. Fortemente ligada à cultura cristã tinha o objetivo principal de ser funcional para transmitir a doutrina cristã. As obras de arte eram principalmente presentes oferecidos a Deus, para o louvar. A criação artística desenvolvia-se portanto em volta do altar, do oratório e do túmulo. Havia a convicção de que as igrejas tinham que ser ricamente ornamentadas - deviam transmitir o esforço, sensibilidade, inteligência e habilidade máximos do homem.
As obras de arte — monumentos, objetos e imagens — religiosos funcionavam nesta época como mediadores entre o homem e Deus e tinham também uma função pedagógica, que era a de transmitir aos iletrados aquilo em que deviam acreditar. A arte era encomendada nesta altura, a artistas que viviam nos locais desenvolvidos economicamente e onde se concentrava o poder. Pelo facto da obra de arte se apresentar puramente como objeto funcional, não havia distinção entre o artista e o artesão - o artista não tinha poder sobre a criação da imagem.
_A ARTE BIZANTINA e o império romano do oriente
Após a separação entre o império romano do ocidente e o do oriente, o último emergiu como uma grande potência económica e militar que perdurou até ao séc. XV, até à conquista pelos Turcos Otomanos.
A excelente posição geográfica de Constantinopla, a “porta entre a Ásia e a Europa”, transformou-a no entreposto comercial mais importante da época. Havia aqui uma confluência de culturas que se distinguia pela coexistência da cultura cristã que vinha de ocidente, e da cultura islâmica trazida do oriente.
No reinado de Justiniano, no século VI, o império bizantino alcançava o auge na afirmação do domínio político e cultural sobre o ocidente, e também na afirmação artística traduzido no exemplo da Igreja de Santa Sofia de Constantinopla.
O império bizantino extinguiu-se no século XV após a conquista dos Turcos, mas deixou marcas profundas na arte do ocidente.
Foi manifestado primeiro através do monaquismo, o principal instrumento de cristianização do mundo rural, que usava imagens visuais com significados cristãos ancestrais para transmitir a mensagem divina.
Essas imagens tinham formalmente traços bizantinos e materializavam-se sob a forma de ícones (representações imaginárias das entidades divinas). Com a introdução dos ícones, retomou-se a ideia de arte móvel dos tempos antigos manifestada em pequenos oratórios móveis.
_ARQUITETURA BIZANTINA_
O termo bizantino vem da capital do Antigo Império Romano do Oriente, Bizâncio (atual Istambul e anteriormente Constantinopla), que se afirmou na época do Imperador Justiniano I. Nesse tempo, a cultura e arte bizantinas (expressas pela mistura de influências: helenística, judaica, cristã ortodoxa, egípcia, síria, persa) mostraram-se na Igreja de S. Sofia de Constantinopla, cuja planta combina o modelo basilical com o centrado, e está coberta por uma cúpula central, sustentada por pendentes.
No Ocidente, as Igrejas de S. Vital e S. Apolinário-o-Novo, em Ravena (Itália) do século VI, repetem as mesmas características.
_A igreja de S. Vital, Ravena- O MOSAICO
S. Vital de Ravena é uma das igrejas mandadas edificar por Justiniano. Reflete o auge da arte bizantina. Apresenta revestimento de mosaico na decoração interior, suporte em que a arte bizantina alcança a máxima expressão.
Os mosaicos apresentam fundos dourados sugerindo uma conceção abstrata do espaço em que as figuras se inserem. Esta sensação também é transmitida pelas auréolas que envolvem as cabeças das figuras principais com a intenção de mostrar a quem foi concedida a graça de Deus e consequente poder.
Também apresentam uma cuidada representação das pedras preciosas que adornam os mais importantes: as joias surgem como imagem do poder divino, mais do que como ostentação de riqueza.
O mosaico apresenta-se como expressão máxima da arte bizantina na medida em que transmite com qualidade, a mensagem pretendida: a sua elevada plasticidade, a capacidade de refletir a luz, os brilhos dourados...sugerem um mundo sobrenatural com um significado muito próprio, relacionado com o Divino.
_A influência germânica e o RENASCIMENTO CAROLÍNGIO; o pré-românico
A partir do séc. V deu-se a invasão dos povos “bárbaros” de origem germânica –que chegaram ao saque de Roma, estabelecendo reinos coincidentes praticamente com o antigo império romano. Nesta altura, os bárbaros já se encontravam romanizados, cristianizados e falavam o latim.
Estes factos contribuíram para a fusão entre a cultura germânica e a cultura romana, refletida muitas vezes, por exemplo numa mistura de cargos governamentais: chefes bárbaros e os latifundiários romanos a dominarem as terras e o Papa, com os seus bispos, a presidir o poder espiritual.
-ARTE DOS RENASCIMENTOS CAROLÍNGIO E OTONIANO-
Foi na Gália que no século VIII surgiu Carlos Magno, um dos maiores imperadores ocidentais. Foi uma figura decisiva no desenvolvimento da cultura medieval da Europa Ocidental, uma vez que a conseguiu reunificar. Através da conquista da maior parte do antigo império romano, Carlos Magno ressuscitou a ideia de um império tão forte como o romano.
A nível artístico, a cultura carolíngia está patente tanto na edificação de mosteiros, catedrais e outros edifícios de grandes dimensões, como na execução de manuscritos e iluminuras…
Um exemplo determinante é a Capela Palatina- Aix-la-Capelle- construída à imagem de S. Vital de Ravena. Este edifício reúne características originalmente romanas (naturalismo clássico, em capitéis coríntios importados da Itália) e outras bizantinas.
De um modo geral, a arquitetura carolíngia baseou-se na monumentalidade dos Romanos, mas também foi influenciada pela arte bizantina, no uso de plantas centradas e de cúpulas. O renascimento carolíngio funcionou portanto como unificador da tradição celto-germânica com a cultura latino-mediterrânea.
No aspeto cultural Carlos Magno protegeu eruditos e sábios que copiaram e divulgaram obras clássicas, e apoiou o ensino, tido como missão do Estado, feito para e pela Igreja nos mosteiros e abadias.
Com a sua morte o reino foi dividido ; no século X foi um dos seus descendentes, Otão I, o Grande, rei da Saxónia (Alemanha) que originou o Renascimento Otoniano.
Na arquitetura pré-românica, as igrejas seguem os modelos de planta centrada e os de planta basilical; nesta última, acrescenta mais uma cabeceira e outro transepto como no caso da Igreja de S. Miguel de Hildesheim.
_O ROMÂNICO
A arte românica foi o estilo que pela 1ª vez unificou a arte europeia. Nasceu das influências das artes: romana, bizantina, germânica e muçulmana, que se interligaram durante os séculos IX e X
– o PRÉ-ROMÂNICO –
Foi durante os séculos XI e XII que se atingiu o modelo clássico definidor do pensamento e simbologia cristã.
Todo o contexto histórico ajudou a que por volta do ano mil, os medos aterrorizadores do Fim do Mundo assustassem as gentes, e foi também por esse tempo que houve o aumento da fé e das práticas das peregrinações e das cruzadas, proporcionando consequentemente boas trocas comerciais, culturais e artísticas.
A estabilidade política, o crescimento económico e demográfico e a atuação da Igreja e das cortes reais e senhoriais, como encomendadores e mentores de muitas construções, contribuíram também para a grandeza que a arte românica atingiu.
_A formação da arquitetura românica
Desenvolvido entre os séculos XI e XII, o Românico foi o primeiro estilo arquitetónico que eclodiu por toda a Europa Ocidental; este estilo suportou ainda outras formas de expressão como a pintura e a escultura.
O termo constituiu-se a partir do século XIX e abrangia os edifícios que seguiam a tradição construtiva romana. Com a hegemonia da igreja na cultura e arte, a fé cristã revelava-se nas temáticas artísticas.
O resultado foi o surgimento de uma arte que ganhou uma nova dimensão apoiada na função de glorificar Deus. Assim, a arte “falava” das verdades eternas da fé, da vida para além da morte...
A materialização deste espírito religioso está patente na maior parte das edificações, que eram austeras, imponentes e grandiosas, mas não ambicionavam mais do que afirmar a presença de Deus na terra. A nível formal, os edifícios românicos têm várias características comuns:
-são maciços, impenetráveis, escuros, misteriosos e místicos.
-distinguem várias tipologias, como a igreja, a abadia, o mosteiro, o castelo.
- a construção é feita em blocos de pedra trabalhados,
-a cobertura é feita em abóbadas de canhão suportadas por pilares cruciformes eram alguns dos traços da forma madura da igreja.
- apresentava espaços mais distintos, como a cabeceira — o espaço sagrado, o do altar —, o portal e a abside.
-algumas igrejas possuíam também uma cripta, um pórtico (antecâmara) e um claustro.
Porém, a igreja não só suprimiu as necessidades eclesiásticas como também começou a servir de local de reunião social ou de torre de vigia dos campos. Também devido ao seu carácter multifuncional e centralizador, marcava a importância da entidade eclesiástica junto das comunidades que servia.
_IGREJAS e abadias_
Arquitetonicamente o conceito de igreja vai desde a pequena capela rural até à catedral (esta possui a cátedra=cadeira do bispo) situadas nas cidades, e ainda à grande igreja de peregrinação (3 a 7 naves -para procissões e vias sacras).
Todas as igrejas românicas têm um estilo próprio, definido desde o século XI, onde se destaca o rigor compositivo das diferentes partes, com as suas funções.
A igreja, uma edificação muito popular, ganhou vários traços que nasceram da sua principal função: a de acolher muitos crentes de modo a proceder aos rituais próprios.
Em planta, as igrejas seguiram maioritariamente o modelo basilical (com 3, 5, ou 7 naves) embora tivessem subsistido alguns exemplos de planta centrada (cruz grega, hexagonal, octogonal e circular) de influência oriental. Este edifício constituiu-se basicamente segundo um percurso com significado religioso, constituído por uma nave central, duas naves laterais (todas com direção ocidente-oriente)
No modelo basilical, a nave central ou principal é a mais alta e mais larga do que as laterais, e juntas compõem o chamado corpo da igreja.
A largura da nave central é o módulo métrico que determina em múltiplos ou em submúltiplos, todas as restantes medidas.
As naves são atravessadas no topo contrário ao da entrada, pelo transepto, espécie de nave transversal que separa o corpo da igreja, da cabeceira, geralmente em forma de abside, onde se instalou o altar-mor. O transepto era saliente e cruzava a nave central no cruzeiro, encimado por torre-lanterna ou zimbório, que servia para iluminar e arejar a igreja.
Nas igrejas românicas, a cabeceira pode conter uma única abside, ou então uma dupla abside - uma interna, e outra externa -. Neste caso o corredor entre as duas denomina-se deambulatório que pode conter absidíolos com altares secundários chamados de “capelas radiantes”. Também podem existir absidíolos com altares secundários no lado nascente dos braços do transepto.
Na Capela-mor a parte dedicada exclusivamente ao clero era o coro.
Nas igrejas de peregrinação, por baixo da cabeceira existia uma cripta para os restos mortais ou relíquias de santos.
Algumas igrejas são precedidas de nártex, um vestíbulo para os não batizados e para os penitentes; ou de um átrio, aberto e quadrangular rodeado por 4 alas abobadadas e colunadas.
Frequentemente uma ou duas torres sineiras rodeavam a fachada principal.
No Românico, a arquitetura não surgia isolada. Ela era dignificada com –escultura – que tinha a função de dar mais ênfase ao carácter teatral e espetacular com que o românico tentava representar o mundo de Deus.
A planta da igreja românica era em forma uma de cruz latina — alusão simbólica à imagem de Cristo na cruz.
SISTEMAS DE SUPORTE
Feitas em pedra, as coberturas exigiam um complexo sistema de suporte.
As coberturas na igrejas distribuíam-se consoante os espaços. Assim, na nave central- existia a abóbada de berço; nas naves laterais as abóbadas de aresta; no cruzeiro- a cúpula; na abside e absidíolos- as semicúpulas.
O seu peso é descarregado através dos arcos para os pilares de sustentação localizados no interior das igrejas, e destes, para as grossas paredes laterais apoiadas exteriormente por contrafortes adossados e chanfrados.
Os pilares são geralmente em forma de cruz (cruciformes) e compostos por um colunelo adossado por cada um dos arcos que determinam o tramo (o quadrado formado pelos 4 apoios de cada uma das secções de uma abóbada).
Além de elementos de sustentação, os pilares e/ou colunas separam as naves e dão um ritmo próprio a cada igreja.
ALÇADO INTERIOR DA NAVE PRINCIPAL
O alçado interno é a parede que se ergue na vertical de um e outro lado da nave central. A sua leitura permite distinguir 3 ou 4 níveis que são:
--arcada principal que separa a nave principal das laterais, formada por pilares ou pilares e colunas.
--a tribuna ou galeria- espécie de corredor semiabobadado sobre as naves laterais que abre para a nave central através de arcadas.
--o trifório- corredor estreito por cima da tribuna, ou na substituição dela, que abre para a nave central através de 3 arcos por cada arco da arcada principal.
--o clerestório- constituído por janelas altas ou frestas que abre imediatamente abaixo da abóbada principal.
ILUMINAÇÃO DO EDÍCIO
A iluminação natural da igreja faz-se:
-- pelas janelas do clerestório que abrem para a nave central;
--pelas frestas das paredes exteriores - iluminam as naves laterais;
--pela torre-lanterna ou zimbório que derrama luz sobre o cruzeiro e capela-mor;
--pelos janelões e rosáceas da fachada.
Devido ao corte dado a todas estas aberturas, a luz entrava de cima para baixo, de modo focal, conferindo fortes contrastes de luz-sombra à igreja. A sensação de obscuridade no interior resultava da luz rasante e difusa que entrava através do clerestório, das frestas estreitas e dos óculos.
CONFIGURAÇÃO E DECORAÇÃO EXTERIOR
Exteriormente são vários os volumes que dão forma à igreja românica: o semicilindro e a semiesfera (cabeceira); o paralelepípedo (corpo da igreja e transepto; o poliedro e a pirâmide (torres sineiras).
A sua aparência é de uma massa compacta de aparelho justaposto, sem argamassa, com contrafortes ritmados.
A decoração exterior está localizada nas cornijas, rosácea e portais. Nas cornijas há apenas arcos cegos e cachorrada de forma diversa; na rosácea há decoração de relevos em motivos geométricos e florais.
O portal central varia conforme as regiões, mas apresenta geralmente
--uma entrada em chanfro ladeada de ombreiras decoradas por colunelos;
--ou uma porta simples ou dupla (pode possuir a meio uma coluna esculpida -o mainel-) encimada por um lintel ou dintel (arquitrave com relevos), e por um frontão semi-circular de 3 ou5 arquivoltas concêntricas que delimitam o tímpano decorado.
_O românico e as suas variantes regionais_
Devido à expansão das ordens religiosas e à sua força económica, as tipologias arquitetónicas começaram a sofrer deformações no desenho devido à influência dessas instituições; surgiram então pequenos núcleos arquitetónicos em vários locais como na Lombardia e Toscana, em Itália, na Normandia, em Inglaterra, em várias regiões francesas ou na Renânia (atualmente pertencente à Alemanha) e outras regiões germânicas, tendo estas últimas sido influenciadas pela tradição otoniana.
Na Itália, o românico apresentou uma grande evolução devido, entre outros aspetos, à grande rivalidade artística das diferentes repúblicas.
Na Lombardia são características as fachadas despojadas e revestidas a tijolo, nave baixa formada por abóbadas de aresta, torres sineiras soltas do edifício e a ausência de transepto.
Na Toscânia presencia-se uma influência variada, revelando heranças de elementos paleocristãos, clássicos, bizantinos. As características mais relevantes são o revestimento a mármore branco com embutidos a mármore verde-escuro formando motivos geométricos, arcadas cegas e galerias numa forte decoração e dinâmica compositiva – é exemplo disso o complexo monumental de Pisa.
Em Florença as influências mais diretas foram a antiguidade clássica. A geometria rigorosa do revestimento, as arcadas cegas e a utilização de formas geométricas como a triângulo/pirâmide e o retângulo/ octógono/prisma são as características mais evidentes desta escola arquitetónica, da qual são exemplo o Batistério de Florença e a Igreja de San Miniato al Monte.
Na Inglaterra, as características eram idênticas às da Normandia, como exemplificam as Igreja de Saint’Étienne de Caen e a Catedral de Durham.
Já na França destacaram-se, a Sul, as regiões da Borgonha e Ocitânia; ao centro, a região do vale de Loire e a Norte, île-de-France e a Normandia.
Na Borgonha, além de Cluny, apareceram outras deambulações formais como na Catedral de Autun, que utilizam abóbadas de aresta na nave central e cor nas aduelas das arcadas.
_OS MOSTEIROS_
Estas construções eram constituídas por 4 corpos distribuídos à volta do claustro - espaço descoberto, ajardinado, para oração individual, meditação e passeios.As alas agrupam dependências com diferentes funções: a norte- sacristia, sala capitular, casa do abade, dormitório e scriptoria; sul- cozinha, refeitório e oficinas; a oeste- enfermaria, hospedaria….
Exemplos de destaque são os mosteiros de: Saint-Germain-des-Prés; Montecassino na Itália.
O modelo do mosteiro foi definido pela 1ª vez por S. Bento na sua Regra (séc.VI). No século XII, os mosteiros cistercienses passaram a adotar também o modelo de S. Bernardo de Claraval, que propunha construções simples sem fachadas ornamentadas e portais pouco relevados.Também nos interiores não havia pinturas nem esculturas, e os vidros eram incolores.
_ARQUITETURA CIVIL: O CASTELO_
Os castelos de pedra (toscamente aparelhada) surgiram no ocidente no final do século X.
Começaram por ter uma única torre rodeada de um fosso e de uma cinta de muralhas. Depois do século XII já eram grandes fortificações erguidas em lugares estratégicos, com grossos e altos muros, encimados por vigias que terminavam em merlões e ameias. A porta de entrada era protegida por mata-cães (varandim que encimava a porta e se tornava local estratégico de defesa do castelo, em caso de ataque).
No interior do castelo havia um pátio com um poço, a torre central, a igreja, as cabanas para os aldeões, estábulos, hortas e jardins.
A torre servia como quartel e como morada do castelão e da família, dado que tinha 3 ou4 pisos com funções diferentes- era designada de torre de menagem.
_O românico em Portugal_
O Românico português estende-se desde o princípio do século XII até ao século XIV e localiza-se principalmente entre Minho e Alentejo.
Coincide com a luta pela afirmação da Independência em relação a Castela e com o Tempo da Reconquista Cristã aos Árabes.
Nesta circunstância o românico português é religioso e rural com características próprias:
--está ligado a ordens religiosas, a mosteiros, ou a comunidades agrícolas, e por isso é constituído por pequenas igrejas de aspeto robusto (paredes grossas de pedra aparelhada e contrafortes salientes)
--de nave única, com cabeceira em abside quadrangular.
--teto plano de madeira, a par de outras construções com abóbada de berço em pedra.
--emprega materiais locais – na zona de Coimbra predomina o calcário;
--utiliza o arco de volta perfeita;
--a iluminação das igrejas faz-se a partir do janelão superior ou das rosáceas;
--possui pouca decoração interior e exterior.
--em algumas igrejas encontram-se abundantes marcas de construções, inscrições e siglas.
Estas igrejas situam-se nas rotas de peregrinação para Santiago de Compostela.
Em oposição, as sés ou catedrais (Braga, Porto, Lisboa, Cimbra, Évora) mostram maior monumentalidade, mais riqueza decorativa e formas mais variadas; Porém são acasteladas e encimadas por ameias e merlões.
A arquitetura militar é constituída por castelos de residência ou alcácovas;
Na arquitetura civil salienta-se a Domus Municipalis de Bragança.
_IGREJA DE S. PEDRO DE RATES (caso prático)_
Em finais do século IX em Rates existia um mosteiro com igreja, do estilo românico de 3 naves.
Entre os séculos XII a XIII, a igreja maciça, fechada e de volumetria horizontal foi sujeita a alterações estruturais ficando com as naves laterais com larguras diferentes, tramos desiguais, contrafortes desalinhados e fachada assimétrica.
A decoração pobre, simples e rude centrou-se nos portais (tímpano da porta axial - “Cristo em Majestade”) nos capitéis, nos frisos e nos modilhões e apresenta relevos com folhagem estilizada e animais (leões, aves, cabeças de boi) com caráter apotropaico (= objetivo de afastar influência maléfica).
_O Portal românico-Portugal_
A representação temática inspira-se sobretudo nos Evangelhos, tendo uma clara intenção pedagógica e doutrinal (na difusão da doutrina cristã);
No portal o tímpano mostra um relevo de Cristo em Majestade na mandorla mística, parte essencial enquadrada por:
-- arquivoltas que são decoradas com motivos figurativos e geométricos;
-- colunelos que se encontram esculpidos de alto a baixo com uma grande variedade de motivos de forte peso simbólico: relevos vegetalistas, animalistas e representação rígida e imperfeita da figura humana .
-- capitéis que são decorados com figuras de animais míticos.
_Escultura e pintura românicas_
No Românico, a pintura e a escultura surgiram quase sempre ligadas à arquitetura. As primeiras duas formas de expressão vão desenvolver-se como partes de um programa arquitetónico: a escultura como instrumento decorativo tridimensional desenvolve-se nos capitéis e nos portais, e a pintura como instrumento de decoração bidimensional de interiores.
Desta maneira, estas três formas de expressão artística acabam por unir-se numa simbiose com um único objetivo: comunicar aos fiéis as verdades da fé.
A temática era decidida pela Igreja - as obras pretendiam ser uma revelação de Deus. Cada tema tudo obedecia uma organização simbólica - por exemplo, a representação do Cristo Pantocrator ocupa sempre a abside central. As condicionantes impostas levaram a representações com alterações formais profundas. Eram os monges especializados no campo da escultura e da pintura que dominavam as condicionantes e limitações impostas tentando integrar as imagens à situação existente.
As imagens eram concebidas por eles de modo a estabelecer uma articulação perfeita com o espaço e com a forma preexistentes. Existe nesta época uma total dissolução de cânones - as imagens adaptavam-se sem ter em vista nenhuma regra formal - é a submissão a esquemas de natureza abstrata (próprios da arquitetura).
A perda do realismo nestas obras é portanto, substancial, pois o principal objetivo era uma representação da ideia e não uma representação ótica e realista. Esta alteração formal trouxe assim maior expressividade (deformação das formas), mais movimento (com a adaptação da imagem à forma arquitetónica) e retomou o conceito de perspetiva hierárquica, em que as figuras se apresentam proporcionadas e distribuídas consoante a sua importância.
_A ESCULTURA ROMÂNICA - origens e evolução_
As origens da escultura medieval estão nas artes Paleocristã e nas artes dos povos germânicos, sendo que a Arte Carolíngia e a arte bizantina também deixaram marcas.
A escultura paleocristã, basicamente em relevo pintado alicerçou-se na herança greco-romana, mas utilizou temas e expressividade próprios do Cristianismo, e linguagem clara e apelativa. Apresenta uma certa regressão técnica e um acentuado simbolismo.
A escultura germânica constituída por arte móvel, aplicada em metal, madeira, marfim e pergaminho, praticou temas animalistas e vegetalistas, com um fino talhe, chegando à abstração.
A escultura carolíngia limitou-se ao trabalho de relevo na arquitetura, nos sarcófagos e em peças de ourivesaria e marfim; apresenta alguma representação figurativa como a estatueta equestre de Carlos Magno.
A escultura bizantina devido à questão iconoclasta (proibição do culto da imagem) restringiu-se à ornamentação arquitetónica em relevos pintados, com motivos geométricos e vegetalistas, e à arte móvel sobre marfim e metal.
A escultura românica caracterizou-se por:
1-dependência em relação à arquitetura;
2-declínio técnico na sua execução;
3-valorização do relevo em detrimento da estatuária, que perdeu tradição.
O relevo, sempre pintado, tornou-se o meio para a transmissão da mensagem narrativo-pedagógica do Cristianismo para ensinar os ignorantes.
Apresenta porém um estilo próprio:
--os temas são maioritariamente religiosos, mas aparecem também cenas de ofícios.
--na figura humana há pouca modelação, sem preocupações anatómicas; apresenta-se de frente, rígida, a cabeça e os olhos grandes, e finalmente as vestes são pregueadas e longas.
--as figuras sagradas passam a ter uma representação própria como a de Cristo, de cabelos compridos barba e gestos formais.
--na composição, que mostra cenas com pouca perspetiva pois quase não há cenários, as figuras são colocadas em simetria ou alinhadas pela isocefalia (cabeças à mesma altura).
--a localização do relevo: nas cornijas, mísulas, cachorradas, arquivoltas, pias batismais, frontais de altar e especialmente nos capitéis e portais.
O capitel de forma troncocónica pode apresentar:
--relevos vegetalistas e animalistas (macacos, grifos, demónios, cenas do imaginário popular com figuras Grotescas) como os das ombreiras dos portais.
--relevos historiados relatando em cada uma das faces uma cena sequencial como a do ciclo pascal (com cenas da Crucificação, Descida da Cruz, Pentecostes e Ascensão) ou uma só cena com 4 faces (como a Última Ceia).
Estes capitéis estão colocados nos claustros das igrejas, e pelo seu significado doutrinal tornaram-se roteiro de ascese (=aperfeiçoamento espiritual por separação do mundo material).
O relevo do Portal românico - aspetos simbólicos e pedagógicos
A decoração do tímpano com fins pedagógicos e estéticos (evangelhos de pedra) no portal é justificado pela crença de que ele é a porta de entrada no mundo sagrado; representa o acesso à Casa de Deus, ao Paraíso, tem temas específicos.
O Tímpano é o espaço maior, por isso recebe a cena principal - geralmente o Juízo Final.
A figura de Cristo, o Pantocrator, envolto na mandorla ou amêndoa mística, ocupa o centro; à volta estão os 4 evangelistas ou seus símbolos - anjo, leão, touro, águia - o Tetramorfo; depois há outras figuras adaptadas ao espaço existente.
Outros temas também podem ser representados: o Juízo Final mostrando Justos e pecadores; a dicotomia entre o bem e o mal, entre justos e condenados; representação de cenas do Inferno e do Paraíso;
Abaixo do tímpano, no lintel, surgem as figuras da Igreja.
Nos tímpanos dos portais laterais surgem episódios da vida dos santos e o tema “Agnus Dei” .(Cordeiro Místico)
Existe policromia do portal; pouco realismo anatómico das figuras humanas; rigidez na posição e nos gestos formais das figuras humanas;
Na estatuária (ou escultura de vulto redondo) de culto salientam-se as Virgens românicas:
--são objeto de veneração; feitas em material precioso, madeira ou pedra policromadas;
--as composições são simples trabalhadas só na frente e nos lados, seguindo as regras do relevo.
_A PINTURA ROMÂNICA_
Na pintura românica assiste-se nesta época a uma aproximação à arte oriental.
A nível formal existe o predomínio do desenho experimentando-se novos jogos de cores.
Com a dissolução do realismo, a pintura assimila fortemente os símbolos sagrados tradicionais que se tornam no veículo de transporte da verdade da fé.
A pintura torna-se numa forma de escrita - “A imagem é a escrita dos iletrados”- segundo dizia o Papa Gregório no século VI - comunica através de ícones.
A imagem ganhava funcionalidade. Ela tornou-se “texto” figurativo para ser “lido” pelos crentes.
_integração da pintura mural na arquitetura religiosa_
A pintura mural fazia da transmissão da mensagem cristã o objetivo fundamental; as suas características apresentam:
--o predomínio do desenho;
--a acentuação do caráter bidimensional;
-- a aplicação da cor a cheio, quase sem matizados nem sombreados;
-- a representação das figuras com pouco rigor anatómico;
--a esquematização geométrica dos rostos e dos corpos;
--a conceção das composições segundo esquemas geométricos;
-- a representação de Cristo em majestade inserido numa mandorla;
--o recurso à temática religiosa, privilegiando cenas bíblicas e cenas da vida dos santos
_As artes da cor_
Nas modalidades de pintura mural ou parietal, no mosaico e na pintura de livros podem perceber-se de um modo geral influências:
--da tradição pictórica romana, preservada pela arte paleocristã;
-- da arte bizantina;
--da arte germânica, principalmente carolíngia.
A pintura Paleocristã, nos séculos II a IV era feita nas catacumbas, mas a partir daí passou a ser aplicada nas igrejas, cobrindo os interiores, na técnica do fresco.
As regras do relevo foram aplicadas na pintura, nos temas, composição e figura humana.
O mosaico bizantino cumpriu as mesmas normas da pintura. A Igreja de S. Vital de Ravena do século VI é disso um exemplo.
Na pintura de ícones, feitos em painéis de madeira, na técnica da têmpera, eram representados Cristo, a Virgem e os Santos.
_A Iluminura_
Foi a arte da cor mais elaborada do período românico; permitiu a especialização dos monges e tornou-se uma produção dirigida a um público mais exigente e culto;
A pintura sobre livros sagrados ou “códices” era uma tradição da arte paleocristã tendo sido continuada nos “scriptoria” dos mosteiros e das igrejas carolíngios e depois nos mosteiros medievais.
Além de copiarem os textos, os monges ilustravam as obras com iluminuras (desenhos pintados e muito decorados – com pessoas, animais, elementos vegetalistas estilizados e formas geométricas e abstratas- ao gosto Germânico).
Essas pinturas ocupavam a página inteira ou reduziam-se à decoração da Letra inicial do capítulo ou do parágrafo – iniciais ornadas designadas de “Capitulares”.
As iluminuras influenciaram a pintura mural e deram origem a importantes oficinas monásticas na Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha (zonas de influência árabe). Seguiam nos temas, nos aspetos técnico-formais e compositivos, na cor na expressividade, os princípios da pintura mural.
_A ARTE ISLÂMICA - Origens ; implantação em território europeu_
Durante o século VI as tribos beduínas que habitavam a península arábica abandonaram a pastorícia e dedicaram-se à condução de caravanas através do deserto, constituindo importantes rotas comerciais entre o oriente e o ocidente. Começaram a nascer novas cidades pelo deserto, em oásis.
Em 610, Maomé um homem pertencente a uma dessas tribos fundava uma nova religião — o Islamismo —que rapidamente se implantou em todo o território árabe e se expandiu através de conquistas, desde a Pérsia até à Península Ibérica.
Esta tremenda expansão deveu-se à pregação da religião que defendia igualdade entre os homens e ainda ao fanatismo, realizado sob a forma de “guerra santa” contra os infiéis, tendo como objetivo subordinar os povos à vontade de Alá.
Maomé encarregou os seus “sucessores” para esta missão criando um sistema político-religioso (teocracia) que a suportasse. A religião muçulmana (árabe, islâmica) foi teorizada por Maomé no livro sagrado –o Corão- no século VII. É uma religião que tem algumas semelhanças com o Judaísmo e com o Cristianismo. Acabou por servir de elemento de união das tribos da Arábia e do Norte de África inspirando-as à Guerra Santa na expansão territorial.
O desenvolvimento deste governo em forma de teocracia revelou algumas contradições: o Corão defendia a igualdade, reprovava a ostentação da riqueza, mas os califas edificavam enormes palácios com o propósito de exercer o seu poder sobre os mais frágeis.
Durante o califado Omíada (nos séculos VII e VIII), o Islão atingiu a sua maior expansão geográfica, formando um império que duraria por mais três séculos. Foi nesta altura que surgiram os primeiros testemunhos artísticos desta religião.
Com a deslocação do poder de Medina para Damasco, foi construída a Mesquita de Damasco; e mais tarde, em Jerusalém (tornada capital), surgiu outra mesquita que se tornou central para os árabes- a Cúpula do Rochedo.
Estes edifícios revelam já a simplicidade e abstração da arte islâmica que transparecia nos princípios desta religião.
Esta arte não deixou todavia, de sofrer heranças ocidentais provenientes do legado greco-romano e da arte cristã em geral (utilizou modelos cristãos). Foram a Sicília e a Península Ibérica, as zonas onde a arte muçulmana mais tempo permaneceu.
Na Península a arte islâmica deixou marcas mais duradouras no sul de Portugal, de onde os Árabes saíram no século XII, e em Córdova e Granada (Espanha), onde ficaram até ao século XV.
A arte muçulmana engloba todas as manifestações artísticas dos povos convertidos ao Islamismo e basicamente apresenta dois aspetos opostos:
--a diversidade, devido à integração das diferentes influências das culturas e das artes: Persa, Helenística, Bizantina e Paleocristã, e ainda das diferenças locais quanto a materiais, técnicas e formas.
--a unidade imposta pela religião, e pelo poder político que é caracterizada pela subserviência e fidelidade temática e formal aos princípios do Corão. Podemos concluir que fundamentalmente a arte islâmica:
--dá destaque àarquitetura como arte maior;
--proíbe a representação figurativa – aniconismo - ;
-- revela o gosto pela geometria, quer na arquitetura , quer na decoração;
-- tem predileção pelas artes aplicadas (cerâmica, azulejaria, miniatura ou pintura de pequena dimensão, estuques e tapetes);
--apresenta um luxo e uma exuberância que se constatam na ornamentação e policromia dos interiores.
A arte islâmica exerceu uma profunda influência sobre o ocidente, especialmente na ornamentação românica
_Islão e o aniconismo_
A arte islâmica é anicónica porque rejeita a representação figurativa justificada pelo perigo de idolatria.
Com o nomadismo das tribos beduínas, a arte nunca teve espaço para se desenvolver. A palavra na cultura islâmica, ganhou um valor idêntico ao da imagem na cultura cristã. A caligrafia adquiriu um carácter iconográfico substituindo as imagens na decoração.
Outra razão da não reprodução da realidade foi talvez a crença de que só Deus pode criar as formas vivas - o homem não pode replicar a criação sob a forma de imagens.
Uma outra característica da arte islâmica é a utilização da mesma temática em qualquer situação. – no ocidente a escultura, a arquitetura ou a pintura apresentavam programas específicos, mas no Oriente os mesmos motivos são utilizados numa parede, num tapete ou num vaso.
A arte islâmica distinguiu-se ainda pelo rico cromatismo, pelos efeitos ilusórios e pelo uso intensivo da forma geométrica, da forma abstrata, da caligrafia e do arabesco, recursos usados para “fugir” à representação realista.
Os edifícios de cariz religioso - as mesquitas - eram foram primeiramente erigidas reproduzindo a casa de Maomé:
--integravam um pátio, uma grande sala de oração- o haram, como centro da mesquita;
--uma parede frontal às naves que indica a direção para a qual se deve orar- parede virada para Meca, a qibla, era elemento estruturante do edifício;
-- Nessa parede muito decorada fica o mimbar – cadeira-trono onde é pronunciada a oração coletiva e o mirabe, pequena sala ou nicho onde é guardado o Corão.
--um pátio extenso descoberto –o sahn –rodeado de pórticos com uma fonte ao centro para as abluções (purificações).
Na mesquita existe uma proliferação de colunas e de arcos (em ferradura ou de outros tipos) nas salas hipostilas (como é o caso da mesquita de Córdova). Um outro aspeto importante que caracteriza a mesquita e que parece proliferar em alguns casos é a existência de minaretes, torres que marcam o espaço sagrado e a partir das quais se chamam os fiéis para a oração.
_ARQUITETURA RELIGIOSA E MILITAR_
Além das mesquitas a arquitetura religiosa comtempla os seguintes edifícios:
--Os Mausoléus que são túmulos para homenagear guerreiros e príncipes, como o “Taj Mahal” na Índia, século XVII.
--A arquitetura militar é representada também pelo ribat ou convento fortificado. È uma típica construção defensiva, mas que também é usada para fins religiosos (retiro e oração). Continua aqui a vigorar a planta quadrada com 4 torres de vigia, tendo no seu interior: as habitações, os armazéns e a mesquita
_ARQUITETURA CIVIL-
A construção mais importante- o Palácio – era o centro político, administrativo, e a moradia de reis.
Apresenta uma planta quadrada, tendo no seu centro um pátio interior e aberto também quadrado, à volta do qual estão distribuídos os aposentos e pequenos jardins.
Na Arquitetura áulica e na arquitetura religiosa a arte muçulmana usou os seguintes elementos estruturantes:
--os arcos de várias formas, como os aperaltados e em ferradura;
--as colunas como elementos de sustentação, com fuste liso e capitéis com decoração floral, rendilhada e estilizada;
--a abóbada,( simples ou de pendentes) e a cúpula (sobre tambor e pendentes, com formas abatidas ou bulbónicas) como formas de cobertura, decoradas com “muqarnas” (pequenas saliências em escada que parecem estalactites pendentes)
ARTE MOÇÁRABE
Foi uma arte produzida pelos cristãos que viviam na Península Ibérica sob a alçada dos muçulmanos.
Desenvolveu-se entre os séculos IX a XI e apresenta influências hispano-visigóticas (romanas) , asturianas (cristãos das Astúrias) e muçulmanas.
Na arquitetura surgem igrejas em pedra, com plantas de cabeceira reta, 3 naves, coberturas em abóbada ou planas em madeira, e uso de arco em ferradura.
Pode ver-se em Portugal os exemplos da Igreja de S. Pedro de Lourosa da Serra e e S. Pedro de Balsemão- do séc. X.
Na escultura, como a estatuária foi proibida, sobressai o relevo trabalhado nos capitéis, nas aras dos altares e nos modilhões dos beirais dos telhados onde são representados motivos geométricos, naturalistas e figurativos (pássaros).
A arte móvel centrou-se no trabalho do metal (cálices, cruzes de altar), numa técnica semelhante à da filigrana.
Da pintura não há vestígios, excetuando as das miniaturas que influenciaram as iluminuras românicas, pelas fantasia e pelas cores (amarelos e vermelhos vivos).
A MESQUITA
-ARQUITETURA CIVIL-
-a construção mais importante- o Palácio - centro político, administrativo, moradia de reis.
-Apresenta uma planta quadrada, tendo no seu centro um pátio interior e aberto, também quadrado, à volta do qual estão distribuídos os aposentos e pequenos jardins.
-Na Arquitetura a arte muçulmana usou os seguintes elementos estruturantes:
-os arcos de várias formas, como os aperaltados e em ferradura;
-as colunas como elementos de sustentação, com fuste liso e capitéis com decoração floral, rendilhada e estilizada;
-a abóbada,( simples ou de pendentes) e a cúpula (sobre tambor e pendentes, com formas abatidas ou bulbónicas) como formas de cobertura, decoradas com “muqarnas” (pequenas saliências em escada que parecem estalactites pendentes)
DECORAÇÃO ÁRABE
-a decoração cobre todas as superfícies interiores - usa os mais diversos materiais como: mármores, madeiras, mosaicos, ladrilhos, pedra, gessos, e estuques pintados a fresco.
-Usa exclusivamente motivos geométricos vegetalistas e epigráficos (letras árabes)-os arabescos –incansavelmente repetidos.
As artes ornamentais, decorativas: a cerâmica, a azulejaria, a miniatura ou pintura- de pequena dimensão para a ilustração de livros de contos, os tapetes.
-A arte islâmica exerceu uma profunda influência sobre o ocidente, especialmente na ornamentação românica
ARTE MOÇÁRABE
- arte produzida pelos cristãos que viviam na Península Ibérica sob a alçada dos muçulmanos.
-Desenvolveu-se entre os séc. IX e XI e apresenta influências hispano-visigóticas (romanas) , asturianas (cristãos das Astúrias) e muçulmanas.
-Na arquitetura -igrejas em pedra, com plantas de cabeceira reta, 3 naves, coberturas em abóbada ou planas em madeira, e uso de arco em ferradura.
- Portugal: Igreja de S. Pedro de Lourosa da Serra; e S. Pedro de Balsemão- do séc. X.
-Na escultura, como a estatuária foi proibida, sobressai o relevo trabalhado nos capitéis, nas aras dos altares e nos modilhões dos beirais dos telhados, onde são representados motivos geométricos, naturalistas e figurativos (pássaros).
-A arte móvel centrou-se no trabalho do metal (cálices, cruzes de altar), numa técnica semelhante à da filigrana.
-Da pintura não há vestígios, excetuando as das miniaturas que influenciaram as iluminuras românicas, pelas fantasia e pelas cores (amarelos e vermelhos vivos).

Casos Práticos - Módulo Inicial:
O Celeiro – Paula Rego
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/caso-prtico-2-paula-rego
https://comunidadeculturaearte.com/rtp3-exibe-documentario-sobre-paula-rego/
Helena Almeida – Ouve-me
https://www.youtube.com/watch?v=XrDXHZa-LaE
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/caso-prtico-3-helena-almeida
Estádio Municipal de Braga – Souto Moura
https://pt.slideshare.net/bolotinha73/o-estdio-municipal-de-braga