
Cultura do Palácio
MÓDULO 5 - Cultura do PALÁCIO
_A EUROPA de meados do século XV ao início da Guerra dos Trinta Anos_
No estudo deste período de tempo há que considerar-se 2 conjunturas diferentes:
-uma de crescimento e expansão, na 1ª metade do século XV até do 2º quartel do séc. XVI;
-outra de crise e depressão, entre 1520 aproximadamente até inícios do século XVII.
-A 1ª conjuntura corresponde ao período do Renascimento e caracterizou-se por:
--um crescimento económico e demográfico após a grande depressão do século XIV.
--um desenvolvimento das cidades,
--um avanço da centralização régia que foi destruindo o Feudalismo medieval,
--uma ascensão económica e cultural da burguesia;
-- a instalação de uma mentalidade mais humanista e pragmática, racionalista e confiante, amante do saber e do gosto da Cultura Antiga greco-romana , a que correspondeu uma mentalidade nova.
-A 2ª conjuntura corresponde:
--a uma crise de valores e de consciência provocada pela Reforma Protestante;
--ao desencadear de guerras, crises comerciais e financeiras,
--sucessão de maus anos agrícolas e de pestes, o que no conjunto gerou um clima de maior insegurança, instabilidade e ceticismo.
_A EUROPA DAS ROTAS COMERCIAIS_
O grande desenvolvimento económico vivido na Europa deste período deveu-se:
--ao incremento do comércio que serviu de “motor de arranque” da restante economia.
--ao alargamento de rotas e redes comerciais no Mediterrâneo, no Litoral Atlântico, e no Mar Báltico.
--a procura de novos mercados, fora da Europa.
--às descobertas de portugueses e espanhóis que permitiram o comércio à escala mundial
--as permutas culturais que foram surgindo em resultado das descobertas que permitiram o surgimento de conhecimentos novos sobre a geografia, a fauna e a flora dos vários continentes, os diversos climas, as diferentes raças e culturas.
_O PALÁCIO, HABITAÇÃO DE ELITES_
A partir do século XV, o mundo rural perdeu terreno. Nas cidades surgiram atividades artesanais e comerciais, sedes dos negócios e poder político-administrativo.
As elites nobres e burguesas passaram a morar em palácios rodeadas de luxo e conforto, condizentes como seu poder económico e político-social. Desenvolveram então um modo de vida requintado, animado por muitas festas, banquetes, bailes e receções e por reuniões culturais, para onde eram convidados filósofos, músicos, artistas reputados… estas reuniões transformaram-se em pequenas cortes privadas, frequentadas por homens elegantes – os cortesãos - que procuravam sobressair pelos dotes físicos e intelectuais, correspondendo isto ao surgimento do individualismo, em que as capacidades tornam notórios os indicíduos.
_GIL VICENTE: “Fala do Licenciado” e “Diálogo de Todo Mundo e Ninguém”_
O Auto da Lusitânia é uma farsa/ comédia de Gil Vicente, considerado o fundador do Teatro Português. No século XVI foi-lhe encomendada por D. João III uma peça de teatro no contexto das comemorações do nascimento do primogénito, o príncipe D. Manuel.
Além desta obra, Gil Vicente deixou cerca de 50 peças todas elas escritas maioritariamente em português.
Nelas o autor criticava de modo vivo e contundente, a sociedade do seu tempo.
O auto da Lusitânia apresenta o casamento simbólico de Portugal com Lusitânia numa alusão às raízes históricas e culturais do país. Das cenas mais importantes destacam-se:
-- “A Fala do Licenciado” que é um monólogo em que o Licenciado explica o namoro dos noivos com muitas referências históricas e simbólicas.
--“O Diálogo de Todo o Mundo e Ninguém” que é uma conversa entre 4 personagens: 2 diabos - Dinato e Belzebu- e 2 pessoas comuns: o rico mercador - “Todo o Mundo” e o humilde popular - “Ninguém”.
Neste diálogo Gil Vicente de forma humorística satirizou a vaidade que caracteriza a maior parte dos homens.
_O HUMANISMO e a IMPRENSA_
O Humanismo foi um movimento cultural: filosófico, literário, científico que se desenvolveu nos séculos XIV e XVI a partir de Itália. Caracterizou-se por :
--uma atitude antropocêntrica, racional, crítica, pragmática perante o saber - o das coisas físicas, e das metafísicas e,
-- pela admiração e recriação da Antiguidade Clássica, seu modelo ideal.
Os humanistas eram intelectuais ecléticos, amantes da erudição (=saber de tudo um pouco).
Partindo dos autores clássicos redescobertos, questionaram os saberes teóricos e livrescos da Idade Média e construíram novos conhecimentos baseados na experiência pessoal e na observação direta da Natureza, e das sociedades do seu tempo.
Escreveram nas línguas nacionais rejeitando o latim, única língua usada na escrita naquele tempo.
Os humanistas defenderam a educação da juventude com base na imitação dos clássicos e entre outros destacam-se: Erasmo de Roterdão, Thomas More, Maquiavel, Shakespeare, e os portugueses Luís de Camões e Damião de Góis.
O Humanismo teve uma rápida divulgação na Europa resultante do aparecimento da Imprensa ou seja da tipografia que usa caracteres móveis .A 1ª oficina tipográfica foi a Johannes Gutenberg, na Alemanha (cerca de1450).
O livro impresso era mais fácil de reproduzir e mais barato permitindo a fácil divulgação das obras, das correntes e ideias, facilitando também o estudo e o ensino.
_REFORMAS E ESPIRITUALIDADE_
No século XV a Igreja Cristã do Ocidente orientada pelo Papa de Roma viveu um tempo de corrupção e decadência em que os vícios do clero, os cismas e as heresias a afastaram da doutrina e virtudes do cristianismo inicial. Esta situação conduziu ao surgimento de uma crise de fé e fortes críticas à Igreja de Roma, principalmente pelos humanistas.
A 1ª grande revolta contra a Igreja Romana foi liderada pelo monge alemão Martinho Lutero, que se desenvolveu em torno da “Questão das Indulgências” em 1517.
A revolta de Lutero deu origem a outras por toda a Europa, correspondendo ao início de um movimento de rutura denominado “Reforma Protestante”. Este movimento dividiu os cristãos ocidentais e criou novas igrejas cristãs, independentes do papado que interpretavam fielmente as Sagradas Escrituras.
Para combater esta situação, os Papas iniciaram na 2ª metade do século XVI um movimento de renovação interna e combate ao Protestantismo que se designou por Contrarreforma.
Este movimento foi delineado no Concílio de Trento (1545-1563) que:
--reavaliou os dogmas de fé,
--intensificou a formação dos padres e impôs-lhes uma nova disciplina,
--criou novas ordens monásticas destinadas à pregação e missionação e ao ensino,
--aumentou a vigilância sobre os crentes através da Inquisição e do Índex
_O MECENAS, LOURENÇO DE MÉCICIS_
Lourenço de Médicis foi um ilustre burguês italiano da cidade de Florença que viveu na 2ª metade do século XV. Foi ele que conseguiu transformar Florença numa das mais ricas e desenvolvidas cidades da Europa e ao mesmo tempo o 1º centro cultural do Renascimento.
Foi um homem que exerceu o cargo de “príncipe” ( “o principal” da cidade).
Sendo descendente da família dos Médicis, negociantes e banqueiros poderosos, ascendeu ao domínio político na sua cidade -uma república oligárquica (=governo de uma família) destacada na Itália da época..
Lourenzo herdou o poder político da família mas melhorou-o através das suas qualidades pessoais. Ele foi o símbolo do “Homem novo” (individualista, racional) do Renascimento.
Era Inteligente e culto e geriu com eficácia e diplomacia, os negócios da cidade. Ficou também conhecido pelo mecenato (=favorecimento da cultura) através do qual incentivou as letras e artes através de encomendas e patrocínios.
Ele governou com autoridade, mas favoreceu os mais pobres; trouxe paz e prosperidade à cidade;
Também criou escolas; colecionou livros e obras de arte. Promoveu muitas festas públicas e privadas e renovou arquitetonicamente a cidade. Sobretudo promoveu o desenvolvimento da curiosidade pela cultura clássica e artes: grega e romana.
_DE REVOLIUTIONIBUS…-Nicolau Copérnico “Acerca do Movimento dos Corpos Celestes”_
Copérnico pela1ª vez comprova matematicamente a teoria heliocêntrica do sistema solar. Esta teoria contrariava a teoria geocêntrica até aí maioritariamente aceite sobretudo pela Igreja-que o condenou por isso, tendo sido proibida e inserida no Índex até ao século XIX.
Os estudos sequentes de outros cientistas como os de Galileu Galilei e Kepler, vieram comprovar a sua teoria que está na base do pensamento astronómico e cosmológico atual. A tese de Copérnico era verdadeira, mas contrariava o conhecimento da Igreja.
A arte do Renascimento e do Maneirismo
_Itália durante o Quattrocento_
No século XV, o Império Bizantino caiu, tendo sido tomado pelos Turcos Otomanos (povo islâmico).
Em consequência houve uma fuga de intelectuais e artistas bizantinos para a Itália levando consigo a tradição clássica de raízes gregas que se tornou a base da renovação cultural e artística do século XV - o Quattrocento italiano.
Paralelamente deu-se uma progressiva dissolução do poder feudal e de todo o mundo medieval, o que permitiu um crescente otimismo e uma confiança crescente nas potencialidades do homem. Esta atitude levou ao surgimento de novo espírito baseado no renascimento do Humanismo e do Classicismo antigos.
A igreja também foi permissiva nesta situação facilitando o surgimento de uma nova arte tão clássica como cristã.
No século XV, a Itália encontrava-se dividida em vários ducados, repúblicas e reinados rivais. Essa rivalidade trouxe grandes oportunidades a um grande desenvolvimento da arte.
Também o desejo de cada cidade-estado superar as outras cidades traduziu-se na necessidade da vasta produção artística sendo que os novos ricos (banqueiros, mercadores... burgueses, em geral) procuravam suplantar a nobreza transformando-se nos principais protetores das artes os designados mecenas.
Por outro lado, devido aos conflitos constantes no Sacro Império Romano-Germânico que incluía quase toda a Itália além de outros territórios, surgiu um novo tipo de artistas e intelectuais disputados pelos burgueses mais ricos e isso também promovia a rivalidade entre cidades no desejo de ter os melhores.
A arte desta época deu continuidade ao naturalismo do Trecento (século XIV) numa reminiscência greco-romana. É caracterizada por um intenso estudo perspético, que foi o que mais marcou as obras.
O artista e a obra do renascimento sofreram nesta época alterações profundas:
--a obra adquiriu independência — já não precisava de ser fiel a um programa iconográfico
--o artista ganhou autonomia sendo valorizada a originalidade, subtileza de forma, nível de invenção... em vez de apenas qualidades técnicas, escolha dos materiais...
_ o Renascimento em Florença_
- Relembrando os grandes feitos intelectuais e artísticos da época greco-romana, os humanistas italianos seguiram os modelos antigos – pondo fim à decadência do gótico, que consideravam bárbaro.
-Os primeiros passos na renovação apareceram nas obras de Dante e Petrarca -séc. XIV .
- dinamizadores – entre outros - do principal foco de desenvolvimento e divulgação do renascimento investiram na regeneração, recuperando a língua, as instituições e o esplendor do passado - tempos de glória da época romana,
-Encontraram na arte clássica as bases sólidas para a regeneração artística.
-Outros factos que deram impulso a esta reelaboração artística foram a descoberta do tratado De Architectura de Vitrúvio – tornou-se base do estudo de arquitetura e arte renascentista.
- Houve igualmente o desenvolvimento de teses e investigações baseadas nesta obra- exemplo De Re Aedificatoria, de Alberti- esta teoria arquitetónica traduziu o pensamento vitruviano para o novo vocabulário renascentista –disciplina de bases racionais e científicas.
_Um novo homem e um novo mundo_
A reforma que se iniciou na Itália não apareceu obviamente desligada de uma renovação nas ideias, e de alterações na perceção do mundo em redor. Para o homem renascentista, apesar de Deus continuar a ser o criador, considerou possuir livre arbítrio para proceder às suas decisões. Este novo entendimento deu liberdade ao homem a partir daqui de valorizar a obra humana. O pensamento seguiu esta linha: o dogmatismo que penetrava os pensadores medievais, refletido na crença nos sentidos e no descuido da razão, foi substituído pela racionalidade.
Para solidificar esta visão objetiva do mundo na arte visual, o homem serviu-se de instrumentos de rigor, como a pintura a óleo e a perspetiva linear.
O papel do artista na sociedade também sofreu uma grande alteração. Inspirado e seduzido pela curiosidade de descobrir o mundo, o artista passou a ser um humanista, o homem que aspirava ao conhecimento universal cujo caso paradigmático foi Leonardo Da Vinci.
A erudição do artista também lhe deu a capacidade de se individualizar, o que se refletiu no reconhecimento das próprias obras e consequente reconhecimento do direito de autoria.
_A PINTURA RENASCENTISTA: dos primórdios à expansão_
A arte dessa época teve um caráter antropocêntrico e humanista, mais interessada no homem quer a nível físico quer a nível espiritual. Esse interesse vê-se nos temas e motivos tratados e nas funções a que se destinava – a de glorificar a Deus e a sua doutrina, mas também aos homens na sua individualidade. É isto que explica que a arte e os artistas ganhassem uma nova importância na sociedade.
A arte começou a ser considerada uma atividade intelectual que exigia estudos, conhecimentos vários, e génio criativo para além do domínio técnico (ou saber fazer); surgia como “cosa mentale” no dizer de Leonardo relativamente à pintura.
Os artistas passaram de simples artesãos (como na Idade Média), a ombrear com músicos, poetas e outros intelectuais, assinando as suas obras.
_A PINTURA_
Foram os pintores flamengos que por estudo, experimentação e empiricamente (=experiências vividas), descobriram a forma de representar o espaço e situar as figuras. Para atingir o mesmo fim, os artistas florentinos usaram um método científico e rigoroso- a perspetiva linear- descoberta por Fillippo Bruneslleschi. Além de ser mais rigorosa a perspetiva concedeu aos artistas nova liberdade no estudo do espaço- tornando-o racional e compreensível. O primeiro artista mestre neste método foi Masaccio, que se baseou no trabalho de Giotto mas dando-lhe uma continuação renascentista Também, uma das mais importantes características nesta nova arte foi a rejeição do decorativismo gótico.
A pintura tornava-se assim na modalidade artística mais inovadora evoluindo destacadamente nesta época. Ela surgiu em Florença no início do séc. XIV (1º Renascimento), com pintores como: Masaccio, P. Ucello, P. della Francesca, F. Lipi, Botticelli e outros; culminou no início do século XVI (Alto Renascimento), em Roma, Milão e Veneza, com obras de génios como: L.da Vinci, M. Ângelo, Rafael, Giorgione, Ticiano…baseava-se nos ideais estéticos da Antiguidade bem estudados a partir da escultura. Tinha como objetivo a imitação da Natureza tal como o olho humano a captava (mimésis).
No século XV deu-se a descoberta mais importante nesta área - a da perspectiva científica, processo técnico de base matemática e geométrica que permitia reproduzir na superfície bidimensional um campo visual tridimensional com escalonamento dos planos e colocação proporcional das personagens e dos objetos.
Teorizada pelos arquitetos Bruneleschi e Alberti, a perspectiva linear com ponto de fuga central paralelo foi estudada na pintura por Piero della Francesca, Andrea Mantegna, e depois aperfeiçoada nas pesquisas científicas de Leonardo da Vinci, Albrecht Durer ….
_ Leonardo da Vinci “descobriu” a perspetiva aérea e o sfumato_
Foi a perspetiva que conduziu à criação de espaços pictóricos reais e equilibrados, organizados em composições pensadas geométrica e matematicamente. A par da perspetiva os pintores do Renascimento aperfeiçoaram o desenho que consideravam a linguagem-mãe de todas as artes.
O desenho e o estudo paralelo da Anatomia e da Geometria permitia-lhes a representação rigorosa e realista das formas, principalmente do corpo humano.
Outra concretização dos pintores do Quattrocento foi a modelação tridimensional dos corpos pela luz (claro-escuro) que lhes possibilitava atribuir volume e massa. Os estudos de claro-escuro atingiram a perfeição com a pintura a óleo, uma invenção flamenga. As tintas a óleo possibilitavam o aperfeiçoamento dos pormenores (velaturas e modelados, a criação de transparências e um trabalho mais perfeito da luminosidade. Leonardo da Vinci e Rafael foram pintores expoentes da pintura a óleo desta época.
Os progressos técnicos na pintura foram auxiliados também por progressos materiais entre os quais se salientam: a divulgação do uso do papel; o fabrico de novos meios riscadores (pau de carvão, sanguínea); o aparecimento da tela que emancipou a pintura dos tradicionais suportes parietais.
Além das temáticas religiosas divulgaram-se: as cenas mitológicas; os retratos como reflexo do individualismo e ânsia de notoriedade ; a paisagem como cenário enquadrador de cenas religiosas, mitológicas ou profanas.
A arte renascentista atingiu o seu apogeu no Cinquencento, fazendo com que a pintura deste período tivesse sido uma arte intelectualizada e científica -“cosa mentale”-segundo Leonardo.
_Pintura renascentista século XV - Botticcelli_
- teve uma conceção neoplatónica da beleza ideal e do amor;
-desenvolveu uma representação anatómica segundo os cânones da Antiguidade Clássica;
-sugeria o realismo nas figuras inseridas na natureza;
-desenvolveu uma força expressiva nas linhas ondulantes que acentuavam o movimento das personagens;
-é brilhante na riqueza cromática que apresenta nas obras: no contraste do claro-escuro; no tratamento da luz;…
_Pintura séc. XV – Paollo Ucello_
-desenvolvia composições no espaço pictórico segundo os princípios da perspetiva linear;
-seguiu uma abertura para maior variedade de temas não cristãos- retratos, mitologia greco-latina;
-apresentava uma representação cuidada das figuras e paisagens, estabelecendo assim a transição do Gótico para o Renascimento;
-executou uma distribuição das figuras por diferentes planos;
- desenvolvia um tratamento pormenorizado do plano de fundo com paisagem natural;
-conseguia dar a ilusão de profundidade acentuada pela representação de objetos e de figuras em escorço;
-distinguia-se na acentuação do dinamismo formal através do desenho e da cor;
_”A ANUNCIAÇÃO” - LEONARDO DA VINCI_
Leonardo da Vinci revelou capacidades invulgares em várias áreas artísticas: pintura, escultura, arquitetura, matemática, física...
No seu Tratado de Pintura, definiu o desenho como processo intelectual ou instrumento que conduz à experimentação e ao conhecimento - definiu o desenho como base para o pensamento artístico. Segundo ele, o desenho era una cosa mentale.
Desenvolveu a perspetiva linear introduzindo também uma nova técnica, o sfumatto aplicado de acordo com a profundidade o que proporcionava um maior realismo aos quadros.
Teve um especial interesse na ação humana e por isso introduziu uma nova realidade nas obras: o protagonismo dos representados em detrimento do espaço arquitetónico que os envolvia.
-Características desta obra-
É uma pintura a óleo sobre madeira (98x217 cm) encomendada à oficina de Verrochio seu mestre.
Foi realizada por Leonardo da Vinci possivelmente com o auxílio de outro aprendiz.
O tema muito comum na arte religiosa, relata o momento em que segundo a Bíblia, o anjo Gabriel aparece à jovem Maria- comunicando-lhe que era escolhida para ser a mãe do Filho de Deus.
-A composição-
Foi pensada cientificamente sendo que todos os espaços são matemática e geometricamente calculados levando à sensação de ordem (=organização, equilíbrio e tranquilidade).
--Esta obra organiza-se num triângulo e divide-se em 3 planos espaciais:
1º plano – ocupado pelas personagens;
2º plano – formado pelo enquadramento próximo (pela casa e muro do jardim);
3º plano – pela paisagem que se alonga em profundidade.
Leonardo aplicou aqui a perspetiva linear com ponto de fuga central. Também usou a perspetiva aérea que nos permite ver a paisagem até à linha do horizonte num tratamento cuidado e pormenorizado da paisagem de fundo.
Desenvolve também aqui a técnica do “sfumato” aplicada na pintura das formas para suavizar contornos das mesmas.
Teve um cuidado particular na pormenorização de espécies vegetais ou nas asas do anjo o que revela um conhecimento elevado de botânica e uma mente analítica revelada por exemplo nos estudos anatómicos de aves;
A conceção das figuras é também exemplar pela proporção anatómica, pela correção das posturas, modelação volumétrica dos corpos, excelente execução do claro-escuro com atenção particular nos pregueados das vestes, na transparência dos véus, pormenores das asas dos anjos…
Na sua pintura as expressões de rostos e olhares induzem também à interpretação psicológica das personagens.
A obra é também distinta por representar Maria com os cânones da beleza feminina ideal da época: branca, loura, de olhos amendoados.
Maria aparece sentada no pórtico de sua casa (uma casa típica arquitetura renascentista), lendo a Bíblia e parece ter acabado de reparar no anjo, levantando a mão esquerda.
A luminosidade na obra merece também a nossa atenção. A cena passa-se ao ar livre, mas a luz é suave e difusa parecendo vir da esquerda. É uma luz dourada que transmite serenidade e quietude ao ambiente de fim de tarde.
A expressividade tipicamente renascentista é transmitida através de sensações de: estaticidade, equilíbrio, harmonia
_Pintura renascentista século XVI_
No século XVI o centro da pintura renascentista mudou-se de Florença para Roma pois os papas tornaram-se neste período os principais mecenas dos artistas. Também Veneza se tornou uma próspera república mercantil ganhando para si um prestígio que se refletiu na arte aí desenvolvida.
A pintura da Escola Veneziana apresentava riqueza e vivacidade cromáticas conseguida através do destaque dado aos cenários paisagísticos e à preferência por temáticas mitológicas, profanas, ou retratos.
São disso exemplos as obras de Giorgione, Giovanni Bellini e Ticiano.
A Escola Veneziana da 1ª metade do séc.XVI destacou-se também por fazer a transição para ao pintura do Maneirismo.
-A Pintura de Rafael-
Na sua pintura as composições geométricas desenvolvem-se sob a forma piramidal numa distribuição equilibrada das figuras na superfície do quadro.
Usa a técnica da tinta de óleo e técnica do sfumatto numa gradação da cor e da luz / sombra que permite a modelação das formas e o efeito de tridimensionalidade;
Desenvolve uma temática religiosa com tratamento profano enfatizando os gestos maternais e o sorriso das personagens. Insere as figuras humanas em paisagens naturais enigmáticas e intemporais, aplicando a perspetiva, uma brilhante representação anatómica, botânica e geológica na realização da sua obra.
Rafael foi um exímio pintor tendo também seguido a linha de da Vinci no aperfeiçoando a técnica do sfumatto. Na sua obra é evidenciado o passado greco-romano sendo que as temáticas revelam também a sua face poética.
Este artista atingiu o nível mais elevado da perfeição e harmonia na pintura como A Ninfa Galatea.
- A pintura de Miguel Ângelo-
Foi um homem polivalente tendo trabalhado para patronos tanto em Roma como em Florença. Produziu um conjunto extraordinário de obras que marcaram a história da arte.
Tendo trabalhado para nomes tão célebres como Lourenço de Médicis e papas como Júlio II, Miguel Ângelo executou a célebre pintura do teto da Capela Sistina e o Juízo Final no Vaticano. Esta é uma das obrs que exemplifica as suas potencialidades criativas.
_A obra de Giogione e Ticiano — as poéticas da cor e da luz em Veneza
Os pintores Georgione e Ticiano foram dois artistas proeminentes de Veneza. Ao contrário dos artistas florentinos eles usaram o método mais parecido aos artistas flamengos, baseado na exploração dos sentidos, na manipulação de cor e luz para obter resultados ainda mais subtis.
Giorgione foi um artista muito influente no seu tempo, apesar de ter morrido jovem. Dotado de um grande desenvolvimento de raciocínio, e tendo surgido como artista no meio intelectual da época sobretudo os filósofos neoplatónicos, ele explorou temáticas profanas de forma poética e misteriosa.
Uma sua obra célebre é A Tempestade, na qual revela uma acentuada preocupação com a cor. Contém elementos enigmáticos como a inserção de figuras com diferentes conotações na obra como é o caso da mulher que amamenta o seu filho junto a um soldado veneziano que olha em pé. Num plano afastado vêem-se ruínas de um templo com uma cidade como fundo parecendo esmagadas por um céu tempestuoso.
O pintor Ticiano foi discípulo de Giorgione, tendo produzido obras durante os longos 60 anos da sua carreira. Apresentava já uma tendência maneirista na sua obra que se caracteriza por uma vasta gama temática; a nível formal existe uma liberdade cromática, um desenho elaborado e um equilíbrio entre a forma e as cores. Há uma coerência formal e temática sobretudo patente na escolha dos materiais .
No final da sua carreira ingressou numa nova e rica plástica que apresenta pinceladas descomprometidas e soltas.
_Arquitetura Renascentista –
Brunelleschi- cúpula-Stª Mª das Flores_
Em 1418 Brunelleschi ganhou o concurso para a execução desta obra paradigmática. Através da introdução de novas técnicas construtivas, o artista conseguiu dispensar alguns elementos de reforço fazendo toda a estrutura mais leve. A utilização de dois grandes cascos unidos entre si foi a chave para o sucesso desta obra, cuja influência clássica- consiste na reintrodução da cúpula de grandes dimensões em coberturas, modelo romano e bizantino. Ele também se tornou notável pela articulação que conseguiu entre um edifício de planta gótica e essa cúpula inovadora que sobrepõe um tambor octogonal no suporte com janelas circulares (óculo) em cada lado do tambor; a esta cúpula é sobreposto um lanternim no topo como remate.
Outras obras de Brunelleschi evidenciam o desenvolvimento do estudo rigoroso da geometria e da matemática, aplicadas à arquitetura. Ele também fez a reintrodução e renovação da tratadística clássica surgida através dos seus estudos e também do seu contemporâneo o arquiteto Alberti.
Seguiu à risca o método novo de desenvolvimento da ideia de projeto ou de desenho prévio da obra. É também notável pela introdução de uma decoração simplificada, com preferência pelos motivos geométricos. No traçado das suas plantas percebe-se a preferência pelas figuras geométricas regulares, como o círculo e o quadrado.
_Alberti e De Re Aedificatoria_
No tratado De Re Aedificatoria, Alberti expôs o seu pensamento de como deveria ser a arquitetura na época. Tomando por base o lema, “o desenho é una cosa mentale” de Leonardo, interpretou e atualizou os conceitos que Vitrúvio havia introduzido na Antiguidade. Alberti recuperou também a linguagem formal da Antiguidade sobretudo o seu vocabulário e estabeleceu normas e princípios para que as antigas tipologias se adaptassem nas às novas necessidades.
_O auge do renascimento italiano na arquitetura
O auge do Renascimento ficou conhecido por Alto Renascimento tendo durado pouco tempo (1495-1520). Ficou marcado pela obra de quatro artistas — Bramante, Leonardo DaVinci, Rafael e Miguel Ângelo — que levaram o renascimento ao seu expoente máximo.
Bramante foi um arquiteto genial que procurou a perfeição nas suas obras o que se entende como reflexo do seu espírito inquieto e inovador. Percebe-se isso no Tempietto de San Pietro in Montorio e a Basílica de S.Pedro do Vaticano.
_O Tempietto de Bramante_
O Tempietto foi uma obra que conseguiu reconciliar a tradição clássica e a fé cristã: inspira-se nos templos perípetos de Delfos e Tivoli,colocando os ideais clássicos ao serviço da igreja.
Através da substituição da temática pagã por elementos religiosos católicos, o artista conseguiu conciliar as proporções, a planta, a forma clássicos, com os princípios cristãos.
Esta obra caracteriza-se pela extrema simplicidade estrutural, sendo composta por um cilindro interior envolvido por colunas num edifício de 6m de diâmetro. Basicamente denota um notório respeito pelas ordens arquitetónicas greco-romanas e pela harmonia de proporções.
-A Basílica de S. Pedro do Vaticano_
Esta é uma obra sobretudo desenvolvida no tempo do Papa Júlio II com o intuito de ofuscar os maiores monumentos da antiguidade. Esta igreja revela uma busca insistente pelo ideal, e é formalmente orientada pela composição clássica presente em todos os elementos.
Foi construída no local de uma igreja do século III do tempo do imperador Constantino. No final do século XV essa igreja encontrava-se em péssimas condições de preservação pelo que o papa Nicolas V reconheceu a necessidade da sua reconstrução. Sendo a Igreja de Roma como instituição um poder religioso muito influente naquela época, achou por bem que essa reconstrução fosse concebida de modo a torná-la na maior igreja do mundo, o que realmente aconteceu no final tornando o papa Julio II e a cidade de Roma famosos por esta obra. Este papa criou mesmo uma espécie de competição na qual vários arquitetos tiveram de mostrar a potencialidades das suas ideias.
No final o plano escolhido acabou sendo o de Donato Bramante que desenvolveu o estilo da Alta Renascença numa planta em cruz grega complexa. As obras de construção arrastaram-se durante cerca de 120 anos sob governo de 21 papas. Estiveram ligados a esta obra 8 arquitetos cujos planos de construção, incluíram os gênios criativos de Michelângelo, Rafael e Bernini.
O resultado final foi uma obra mais simples do que o projeto inicial de Bramante, mas mesmo assim de força magnífica.
_ARQUITETURACIVIL no Renascimento: aspetos do PALÁCIO RENASCENTISTA_
Foi o palácio, o edifício que se distinguiu na arquitetura civil sobretudo na cidade de Florença, a grande potência da época renascentista. De um modo geral os palácios eram residências de nobres, altos clérigos e burgueses. Eram edifícios que se desenvolviam formalmente em estrutura cúbica, com uma planta quadrangular que distribuía o edificado em torno de um pátio central aberto.
A fachada desses palácios era composta de forma retilínea, desenvolvendo-se em três pisos diferenciados e separados por entablamentos decorados. Apresentavam janelas duplas ladeadas por pilastras distribuídas segundo as ordens clássicas sobrepostas: dórica ou toscana no rés-do-chão, jónica no primeiro andar e coríntia no segundo andar.
Os palácios eram pois construções urbanas em pedra, de forma cúbica ou paralelepipédica, compactos e fechados, erguidos à altura de 3 ou 4 pisos, ocupando quase sempre o quarteirão.
Para a rua, as fachadas possuíam poucas aberturas ao nível do r/c. O ar robusto dos edifícos era sugerido pelo aparelho de pedra, mais grosseiro e saliente no rés-do-chão e progressivamente mais alisado nos outros andares. Rematando a fachada havia uma poderosa cornija saliente que escondia o telhado.
Interiormente os palácios organizavam-se em 4 alas que abriam em “loggia” (arcada) ou dupla “loggia” para um pátio central descoberto - o cortilhe. As fachadas do pátio eram quase sempre decoradas com relevos decorativos e/ou medalhões de cerâmica esmaltada.
Na organização interna do palácio procurava abedecer-se a regras de simetria e distribuição funcional por andares:
-- o r/c era destinado às áreas de serviço;
--o 1º andar – o piano nobile- para as dependências pessoais e sociais do dono da casa;
--o 2º andar – era destinado à restante família.
Todas as divisões eram decoradas com luxo e conforto.
São exemplos paradigmáticos no séc. XV : Palácio Médici-Ricardi (da autoria de Michelozzo), Palácio Rucellai- (da autoria de Alberti).
Os palácios do séc. XVI seguiram as mesmas características mas começam a ter um aspeto mais leve e elegante com silharia plana ou alvenaria rebocada a cor. As janelas apresentavam molduras e pequenos pórticos de frontões triangulares ou curvos. A entrada principal era central e destacada pela existência de uma maior decoração. Como exemplo distingue-se o Palácio Farnese em Roma, de Miguel Ângelo e António Sangallo.
_AS VILLAE_
Estas construções eram palácios de férias construídos nas propriedades rurais dos grandes dignitários. Obedeciam aos mesmos princípios de construção dos Palácios urbanos, mas substituiram o pátio interno por uma sala circular central coberta por cúpula. Abriam-se para os jardins envolventes apresentando fachadas com pórticos e escadarias.
A Villa Madama, nos arredores de Roma, e a Villa Rotonda de Palladio, são notáveis exemplos destas construções.
_URBANISMO_
Os arquitetos do Renascimento deixaram na sua obra o traçado de algumas praças magníficas como a Praça da cidade de Vigevano na Lombardia, projetada por Bramante durante o governo de Ludovico Sforza.
Apresenta uma planta retangular rodeada de arcadas sendo tão notável como a do Capitólio em Roma da autoria de Miguel Ângelo.
Surgiram também nesta época algumas plantas de cidades ideais, de traçado geométrico como as que foram projetadas por Piero della Francesca.
_ a ESCULTURA RENASCENTISTA_
O escultor Donatello foi o promotor da estética renascentista na escultura introduzindo a expressão na pose, assim como o nu e o contraposto.
De um modo geral a escultura seguiu os mesmos princípios estéticos e técnicos da pintura, assim:
1-revela gosto pela representação do corpo humano;
2-procura representar o naturalismo nas posições e nos gestos das figuras;
3-promove a individualização dos rostos, atitude esta que conduziu ao uso de modelos vivos na criação de personagens, mesmo em temas sagrados e mitológicas.
4-envolve uma preocupação com o domínio técnico e a prática do desenho de projeto nos estudos da forma e composição, que integravam entre outros, estudos de anatomia, proporção e perspetiva;
5-promove o regresso do nu, surgindo em figuras bíblicas, mitológicas e alegóricas (como no exemplo da estátua de “David” de Donatello) por influência da Cultura Clássica.
No seu percurso, o escultor teve o caminho facilitado em relação ao pintor porque a escultura é uma arte do volume; é por isso que a cópia da Natureza se tornou mais autêntica em Donatello que conseguiu um maior humanismo e naturalismo nas suas realizações porque pode aprender diretamente pelos exemplos conhecidos da estatuária clássica. Este escultor distinguiu-se também porque praticava a arte escultórica em todas as modalidades, tamanhos e materiais existentes na Itália do século XV.
Nesta época, ao contrário do que acontecia na Arte Gótica, os relevos eram considerados como trabalho menor dentro da arte escultórica, sendo que a estatuária se assumiu como um monumento artístico por si só, podendo ser colocado numa praça, jardim, num átrio de um edifício…e Donattelo foi um percursor desta nova maneira de entender a escultura.
_Escultura Renascentista_
A maior novidade da escultura renascentista consistiu na emancipação da mesma em relação à arquitetura, limitando-se a uma decoração mais estrutural. De um modo geral podemos falar nas seguintes características que a distinguem:
-é marcada pelo antropocentrismo, pelo humanismo e pelo individualismo valorizando o homem e a sua representação;
-interessa-se pela representação realista do corpo humano dando atenção aos seus pormenores anatómicos e às suas capacidades expressivas;
-desenvolve uma intensidade na representação do movimento procurando um sentido naturalista nas representações;
-interessa-se por um tratamento geometrizado das composições escultóricas;
-promove a monumentalidade das estátuas dando destaque à figura humana;
-prefere muitas vezes a representação idealizada dos retratados distinguindo-os pelos seus feitos individuais ou noutras situações, para reforçar a mensagem doutrinária das representações
-inspira-se nos modelos clássicos na representação de figuras mitológicas, bíblicas, e retratos;
-desenvolve as temáticas que eram abordadas na pintura, procurando temas religiosos, mitológicos, profanos e retratos.
Nesta época dá-se uma transformação da obra escultórica, que na Idade média era considerada arte menor, e agora pasava a ser obra de autor, tornando-se independente dos requisitos dos encomendadores.
O Renascimento foi também uma época em que o retrato esculpido passaou a ser praticado em corpo inteiro e tamanho natural, em cabeças e bustos, em efígies (medalhões e moedas), estátuas equestres numa prática recuperada da Antiguidade, sendo exemplos de destaque as estátuas: “Gatamellata” de Donatello; “Colleoni” de Verrochio.
Os iniciadores da escultura renascentista foram Ghiberti, que se distinguiu nos relevos da Porta Leste do Batistério de Florença e Donatello que trabalhou sobretudo na estatuária. Mas o expoente máximo da escultura renascentista surgiu na passagem do século XVI, foi o escultor Miguel Ângelo Buanarroti, considerado o maior génio escultórico de todos os tempos.
_o Retrato equestre_
O retrato equestre surgiu por influência da escultura clássica tomando como modelo as estátuas equestres dos antigos imperadores romanos. Nas representação destas obras, o escultor renascentista preferia o realismo na representação do homem e do cavalonos aspetos físicos e anatómicos, nas proporções, na modelação das formas e na expressão das figuras; também surgiu um particular interesse na representação do movimento do cavalo e do cavaleiro revelando um novo gosto pelo naturalismo. A representação apenas aprece idealizada quando se tratava de representar figuras heroicas como a de algum chefe militar (condottiere) envergando capacete e armadura, tal como como podemos ver na obra Gatamellata ( da autoria de Donatello) .
_A Escultura Renascentista de Miguel Ângelo_
A obra de Miguel Ângelo distingue-se sobretudo pelo completo domínio técnico dos materiais e da execução perfeita e exímia nas representações. Por outro lado é relevante a preocupação demonstrada pelo estudo da anatomia, pela geometria e desenho, e pelo perfeiçoamento da prática do projeto, onde o artista estudava e preparava previamente a execução da obra.
Na dimensão estética, Miguel Ângelo procurou o naturalismo e a estaticidade em posturas direitas das figuras, sem gestos demasiado largos dando preferência a rostos serenos visando a contemplação expressiva e a sobriedade.
Os corpos das figuras apresentavam musculatura tensa, muitas vezes contorcionados e enovelados, com gestos largos e expressivos em composições orientadas em linhas curvas helicoidais e ascendentes.
_A Pietá do Vaticano_
Nesta obra Miguel Ângelo apresentou uma composição em forma piramidal segundo os cânones clássicos, na qual as figuras sugerem serenidade e harmonia prevalecentes sobre a emoção da situação retratada. Na representação deste grupo escultórico vê-se a autonomização da escultura face à arquitetura, sendo a Virgem representada como uma jovem (numa realização formal idealizada) e sobredimensionada relativamente a Cristo. São também aqui sugeridos, tanto a criação direta a partir do bloco de mármore, sem a construção de modelos prévios num talhe direto, como uma preocupação com o tratamento anatómico rigoroso nas figuras, característica distinta deste génio artístico.
_David _
Esta obra reúne características greco-romanas que lhe dão a firmeza, perfeição e beleza de obra divina.
Foi “trazida à vida” após um estudo detalhado da rocha que lhe iria dar forma. Foi a primeira estátua monumental do renascimento realizada para ser exposta frente ao Palácio Vecchio como símbolo cívico da República de Florença.
Nesta obra de Miguel Ângelo distinguem-se aspetos como a harmonia, o espírito humanista e idealista, na expressão dada à representação. Os aspetos como a sensação de inquietude e o inconformismo são revelados na posição escolhida pelo escultor que sugere uma certa ambiguidade numa atitude que preanuncia o maneirismo.
_O MANEIRISMO_
Este movimento artístico iniciou-se por volta de 1520 sendo marcado por transformações na arte resultantes de grandes alterações, sobretudo no pensamento desta época.
Nas primeira décadas do século XVI a Europa foi assolada por crises resultantes de uma Igreja cristã que se encontrava desagregada e dividida. A instabilidade política sentida e as guerras sobretudo originadas pela divisão doutrinal da igreja de Roma levaram ao movimento religioso designado por Reforma.
Ao positivismo humanista do Renascimento sucedeu então um tempo de dúvidas, angústia, inquietação. A crise política da Itália acabou por atingir a capital da religião cristã e a Igreja foi afetada.
Foi sobretudo nos países nórdicos que se iniciou este movimento da Reforma que criticava o protagonismo político dentro da Igreja, em detrimento das questões espirituais. O impulsionador deste movimento foi Martinho Lutero que conseguiu expandir as suas ideias pelo mundo germânico e escandinavo. Ele defendia uma igreja liberta da tutela de Roma tendo sido aceite e apoiado pelos religiosos mais puritanos do norte da Europa. A igreja em Roma, descontente com este protesto deu inicio a um outro movimento contrário à Reforma, designado por Contra-Reforma com intuito da reunificação dos crentes. O programa deste movimento foi apresentado no Concílio de Trento que definiu um conjunto de prescrições dogmáticas e reformas disciplinares para restabelecer a unidade católica. Promoveu também a formação de uma nova ordem religiosa, a Companhia de Jesus cujo objetivo era defender e expandir o ensino da fé cristã. O Concílio de Trento definiu também as ideias para o novo tipo de templo o qual tinha uma só nave majestosa, mais apropriado à divulgação da doutrina através dos sermões conformados a uma nova visão da religião.
A coexistência dos dois movimentos causou uma violenta instabilidade na Europa tanto a nível político, como religioso e social.
Aumentaram neste período os autos-de-fé, as perseguições religiosas, a destruição de livros; também a crise económica alastrou e a fome instalou-se na Europa...
No que diz respeito à relação arte, estes movimentos religiosos tinham uma posição oposta: o reformista defendia a iconoclastia enquanto o contrarreformista reforçou a defesa das imagens sagradas, afirmando que estas eram o veículo da fé.
A nível formal, esta a instabilidade de pensamento também trouxe novidades:
--deu-se a dissolução dos modelos perfeitos e da racionalidade universal característicos do renascimento;
--surgiu uma valorização do movimento, torção, e deformação nas representações, substituindo a harmonia, ordem e proporção característica do renascimento.
--a abolição da fronteira entre as artes criou uma nova gama temática consubstanciada no culto do insólito, do imaginário e do fantástico;
--finalmente, a nova realidade artística oferecia o aprofundamento das possibilidades e competências técnicas e plásticas.
Um outro aspeto importante no maneirismo foi o grande desenvolvimento da tratadística que se tormou suporte de transmissão dos valores artísticos que lhe estava subjacentes. Iniciada na Antiguidade com Vitrúvio, os tratados desta nova época desenvolviam aspetos formais que ajudavam a difundir os modelos renascentistas e maneiristas por toda a Europa e colónias.
Um dos mais importantes tratados foi o de Serlio que incluía imensas figuras para complementar o texto. Ele tornou-se a base visual e informativa para a expansão dessa linguagem arquitetónica.
Um outro aspeto relevante na tratadística foi a opinião de um dos mais importantes teóricos da época o arquiteto e pintor Vasari que definia o Maneirismo de uma forma pejorativa, designando-a “arte afetada”, cheia de artificialidades, afastada do equilíbrio e racionalismo humanistas. No entanto esta arte acabou por conseguir implantar-se e manisfestou-se numa busca por maior expressividade formal e plástica, possibilitando a introdução do estilo artístico pessoal e individual que caracterizou este tempo .
_A ARTE MANEIRISTA: PINTURA, ARQUITETURA, ESCULTURA_
Esta arte é considerada uma arte individualizada e tecnicista (preciosista), erudita nos temas e metáforas e considerada por estudiosos da época como artificial, movimentada e expressiva.
Na PINTURA os aspetos que enquadram de um modo geral esta arte são:
--a preferência por temáticas religiosas, mitológicas, alegóricas e retratos.
--a representação de composições complexas (cheias) movimentadas, por vezes com vários pontos de fuga;
--o desenho de corpos de cânones alterados que estavam longe do ideal de beleza do Renascimento. Esses corpos são trabalhados em posições contorcidas em contrapostos simples ou duplos; em escorços de grande perícia técnica;
--a preferência por cores artificiais intensas e uma luminosidade artificial que acentue o sentido cénico das composições;
--o registo de uma forte expressividade que por vezes explorava a sensualidade.
Dos pintores mais destacados deste movimento podem ser referidos : Rosso Fiorentino, Pontormo e Lorenzo Lotto.
Na ARQUITETURA o Maneirismo deixou-nos edifícios com as seguintes características:
--preferência pela tipologia de Igrejas-salão que enquadram os seguintes aspetos:
1-a planta em cruz latina e capelas laterais substituindo as naves laterais;
2-a cabeceira reduzida à capela-mor, transepto não saliente, cúpula sobre cruzeiro.
3-decoração exterior: colunas, entablamentos e frontões clássicos, usados em dimensões e composições inovadoras e anticanónicas; existência de nichos para albergar estatuária; também aparecem os medalhões esculpidos, as volutas e as aletas;
4-os interiores são organizados em perspetiva, destacando púlpitos para a pregação na passagem da nave central para a capela-mor;
5-a decoração é exuberante com frescos nos tetos e paredes.
Um dos grandes exemplos desta arte é a igreja “Il Gésu”, de Jacopo Vignola, Roma a qual se tornou modelo para as outras igrejas que se construíram posteriormente pela Europa.
Em termos estéticos e formais esta igreja é caracterizada pelos seguintes aspetos:
--o contraste entre saliências e reentrâncias nos elementos da fachada da igreja que apresenta uma divisão em dois pisos;
--o uso de elementos clássicos, como o frontão em composições que alteram o cânone clássico; e também o uso de pilastras embebidas nas paredes; a presença de volutas, ou aletas, nas paredes laterais do piso superior.
_Palácios e Villas no Maneirismo_
O termo palácio é usado para os edifícios civis construídos nas cidades; quando eram construídos no campo designavam-se por villas. Na cidade apresentavam as seguintes características:
1-desenvolviam-se em torno de vários pátios de diferentes tamanhos, sem axialidade, com dependências interiores alongadas e estreitas;
2-as fachadas eram de aparelho rusticados ou com alvenaria rebocada;
3-a decoração recorria a elementos das ordens clássicas, reinterpretados e colocados em composições inovadoras.
Nas Villas, a integração nos jardins e parques envolventes fazia-se com elevado sentido cenográfico.
Exemplos de palácios e villas são: Palácio Té, Mantua -Júlio Romano-; Villa Rotonda de Andra Palladio
Palladio foi um arquiteto de transição entre o Renascimento e o Maneirismo. Praticou o regresso à simetria, estaticidade, equilíbrio e ordem da arquitetura grega. As plantas dos seus palácios são orientadas em torno de vários pátios, sem axialidade e sem simetria. No interior os compartimentos são estreitos e compridos e a decoração torna-se caprichosa e criativa procurando elementos que causem surpresa e admiração. O arquiteto enveredou por um retorno à decoração exterior com almofadados e com relevos. Recorreu também às ordens, mas sem respeito pela dimensão e proporções dos seus elementos ou até pela sua função.
A ESCULTURA maneirista de um modo geral caracterizou-se por:
--Apresentar temáticas mais profanas, com preferência pelas mitológicas e alegóricas na grande estatuária individual ou de grupo --a escultura decorava fontes, jardins, fachadas e átrios;
--desenvolvia um grande domínio técnico e no trabalho com vários materiais conjugados na mesma peça;
--recorria à permanência de valores do Renascimento como a correção anatómica e perfeccionismo técnico;
--correspondia a uma maior liberdade criativa do artista que procurava a livre experimentação e ambiguidade formal;
--preferia as formas trabalhadas em posturas contorcionadas (espiraladas ou figuras serpentinatas em duplos contrapostos) que parecessem tensas sugerindo movimento helicoidal;
--os rostos eram expressivos e as formas estabeleciam um jogo de volumes e contrastes de cheio-vazio em que predominavam os efeitos de luz-sombra respondendo à visão multifacial requerida na estatuária;
--as composições eram complexas e expressivas e acentuavam-se os efeitos plásticos e decorativos;
--dava-se preferência aos grupos escultóricos com representação de atitudes violentas e à representação de figuras em desequilíbrio.
Os melhores exemplos desta arte são: “O Carro de Neptuno”- de Bartolomeu Ammanati (na Fonte da Pr. Da Signoria, Florença); “O Rapto das Sabinas” de Giovanni da Bologna em Florença; “Perseu” com a Cabeça da Medusa” de Benvenuto Cellini em Florença.
_O Campidoglio_
A reformulação da Praça do Campidoglio foi encomendada a Miguel Ângelo para conferir maior dignidade cívica ao coração da Roma Antiga.
O artista incorporou fachadas novas em edifícios já existentes dando-lhe aspetos clássicos, e projetou um novo de modo de criar ao pensar um espaço trapezoidal na praça reforçando o eixo processional da longa escadaria que lhe dá acesso.
Assim a praça foi dinamizada através destas sugestivas alterações e ainda pelo reforço dado pelos dois eixos da oval que se contrapunham à abertura trapezoidal determinada pelas fachadas dos edifícios. O desenho no interior da oval também foi determinante para a revitalização do novo espaço .
_A DIFUSÃO DO RENASCIMENTO E MANEIRISMO NA EUROPA_
O renascimento difundiu-se pela
Europa durante o século XVI, numa altura em que na Itália já se desenvolvia o Maneirismo e o Barroco. Este surgimento tardio deve-se a que os países com forte tradição gótica como a Inglaterra, França, Alemanha e os países da Península Ibérica ofereciam maior resistência à entrada das novas estéticas. Também mais tarde o Maneirismo só se estabeleceu na época em que os países começaram a construir os seus impérios coloniais, tornando-se então o 1º estilo europeu a mundializar-se, atingindo zonas como a Índia, Brasil, África…
A pintura como arte móvel foi a grande difusora das novas tendências:
– Na Alemanha – a pintura renascentista foi representada por um grande nome: Albrecht Durer – pintor e teórico, e também autor de excelentes retratos e autorretratos. No período maneirista destacaram-se ainda na pintura: Lucas Cranach (“Vénus”); Hans Holbein, o Jovem (retrato- “Os Embaixadores”). Nesta época a escultura continuava ainda muito influenciada pelo gótico, mas deixou-se contaminar pelo espírito maneirista nas obras de Hans Daucher.
O pintor Albrecht Dürer, grande nome da pintura desta época fora seduzido pela arte italiana de Veneza quanto lá desenvolveu a sua atividade durante o século XV. Ali aprendeu o método científico da perspetiva, o cálculo das proporções do corpo e o desenho anatómico assimilando com grande empenho e mestria, o pensamento artístico clássico.
Durante a sua vida desenvolveu uma extensa obra teórica e prática ficando célebre pelas suas gravuras onde está patente a sua qualidade de genial desenhador.
Um outro artista que divulgou o renascimento pela Europa foi Hans Holbein, sobretudo na Inglaterra onde pintou para o rei Henrique VIII. Neste país a influência italiana continuava a ter pouco peso sendo o Palácio de Hampton Court, uma das poucas construções de influência renascentista.
Holbein destaca-se como exímio retratista sobretudo pelo registo dos traços do carácter na natureza humana.
A Flandres manteve-se ligada ao gótico na arquitetura. Na pintura conheceu também tendências próprias que misturaram o sagrado e o profano como se pode observar nas pinturas de Brueguel, o Velho que davam atenção especial ao quotidiano e à paisagem.
Nos Países Baixos, destaca-se o pintor Hieronymus Bosch que imergiu num mundo fantasioso, fugindo às temáticas comuns e inspirando-se no bestiário medieval e na Bíblia ou ainda na Divina Comédia, abordando temas como o pecado, a tentação ou a loucura humana, traduzidas em visões pessimistas do homem e do mundo. A sua obra foi tão expressiva que influenciou artistas até ao século XX, nomeadamente no movimento surrealista.
Na França o Renascimento desenvolveu uma arquitetura civil cujos exemplos relevantes surgem nos Castelos do Vale do Loire como o Palácio de Chambord. Na pintura foram surgindo obras de transição para o Maneirismo como na pintura de Jean Clouet.
Em França o Maneirismo foi um estilo mais presente tendo sido introduzido pelo grupo de artistas patrocinado pelo mecenato do rei Francisco I “Escola de Fontainebleau”.
Dos artistas deste estilo destacam-se: na pintura – François Clouet; na arquitetura – Pierre Lescot (Cour Carré no Palácio do Louvre); na escultura – Jean Coujon com os relevos da Fonte dos Inocentes em Paris.
Na Espanha, apesar da persistência da tradição gótica e mudéjar, a influência italiana marcou vários autores renascentistas de cujas obras se destaca o Palácio de Carlos V em Granada, de Pedro Machuca.
Do estilo maneirista ressaltam as seguintes obras: na arquitetura- o Palácio do Escorial; na pintura- o “Enterro do Conde de Orgaz” do génio Doménikus Theotokópoulos conhecido por El Greco. .
_O Enterro do Conde de Orgaz_
Esta obra é exemplificativa da nova plástica maneirista. Com o intuito de perpetuar a memória do conde, o pintor El Greco fez habitar o quadro de figuras fantasmagóricas e paisagens nebulosas, concedendo um aspeto imaterial às personagens que se apresentavam desproporcionadas e alongadas conseguindo através desta distorção salientar o carater místico da pintura. Distingue-se nesta obra o autorretrato, pois o artista incluiu-se no acontecimento.
_RENASCIMENTO- Portugal_
Devido à persistência do gótico e do Manuelino, a influência renascentista italiana só chegou a Portugal no início do século XVI para durar apenas 20 anos, tendo acabado por misturar-se com as tendências maneiristas que duraram até 1700.
Assim a arte do Renascimento só entrou no centro e sul do país durante o reinado de D. João III .
Na arquitetura houve uma mistura de influências italianas colhidas nos tratados de Vasari e Sansovino, com as do Manuelino e plateresco… As construções eram de modestas dimensões, sóbrias e simples na decoração devido ao período de contenção económica e austeridade imposta pela Contrarreforma.
Na arquitetura religiosa são de registar as igrejas-salão com plantas de cruz latina reinterpretada, e ainda de planta centrada; os palácios e solares que tal como as igrejas, apresentam forte horizontalidade.
Dos arquitetos desta época destacam-se: João de Castilho – com o Claustro do Convento de Cristo, Tomar; Diogo de Torralva com o Palácio da Bacalhoa, Azeitão.
A pintura renascentista em Portugal caracterizou-se por:
1-preferir temáticas quase exclusivamente religiosas;
2-dar maior importância ao desenho à conceção e execução das obras;
3-preferir espaços construídos pela perspetiva científica;
4-organizar composições equilibradas de grande clareza narrativa;
5-representar corpos e vestes trabalhados em volume pelo claro-escuro¸
6-apresentar cenários com motivos arquitetónicos clássicos;
7-registar uma pormenorização realista dos acessórios;
8-existência de maior riqueza cromática.
A pintura teve como encomendadores sobretudo: a casa real e alguns bispos. As melhores oficinas estavam em: Viseu, Coimbra, Lisboa e Évora.
Destaca-se o pintor Vasco Fernandes conhecido por Grão-vasco em Viseu que pintou “S. Pedro, Patriarca”.
Na escultura houve um abandono do modo gótico em 1517 com a chegada de mestres estrangeiros: italianos, flamengos, franceses… os quais vieram para Portugal atraídos pelo mecenato do rei e de alguns bispos, e ainda pelo cosmopolitismo de Lisboa. Trabalharam nos princípios renascentistas e maneiristas, misturando as duas influências. Os mais importantes foram: Nicolau de Chanterenne autor do “Retábulo da Capela da Pena”, Sintra; João de Ruão “Deposição de Cristo no Túmulo”, Mosteiro de Stª Cruz, Coimbra; Filipe Hodarte “Apóstolos”, Mosteiro de StªCruz, Coimbra.
_MANEIRISMO_
Este estilo perdurou em Portugal, desde a crise dinástica de finais do século XVI e a perda da independência durante o domínio filipino, até ao período conturbado da Restauração e Guerras da Independência.
A arquitetura ficou marcada pelo “Estilo Chão” que se caracteriza por:
1- edifícios horizontais;
2- fachadas simples e despojadas;
3- interiores mais decorados com pinturas, talha dourada, azulejos…
As igrejas foram as construções mais abundantes embora se conheçam palácios privados deste período: Igª de S. Lourenço, Porto; Igª Espírito Santo, Évora; Igª da Graça, Évora – Miguel Arruda e N. Chanterrene.
A pintura viveu sobretudo da influência italiana e baseou-se em tratados teóricos como os de Francisco de Holanda. Caracteriza-se por:
1-temáticas predominantemente religiosas com alguns exemplos de temas históricos e retratos;
2-elaboração de composições movimentadas, orientadas por linhas sinuosas e diagonais;
3-representação de formas serpenteantes e posições e gestos dinâmicos;
4-preferência por um cromatismo vibrante e por cenários arquitetónicos ou paisagísticos.
Os principais pintores são: Gregório Lopes “Adoração dos pastores” -Évora; Gaspar Dias; Cristóvão de Morais “Retrato de D. Sebastião”.