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CulturArterecursos 

  • marianeves15031958

Atualizado: 13 de dez. de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO - Realismo e Naturalismo


A pintura realista apareceu em França por volta das décadas de 30 e 40 do século XIX. Esteve ligada às ideias do positivismo e da instituição das democracias da época, desenvolvendo-se num tempo de grandes avanços científicos, e marcado por acontecimentos sociais e políticos, que alteraram profundamente a sociedade europeia.

Muitos artistas, reagindo ao Romantismo e ao Academismo, começaram a desenvolver uma pintura que se aproximava do espirito científico da época, representando aquilo que é palpável e concreto, ou seja a realidade envolvente sem artifícios.

Por outro lado a industrialização e a urbanização mudaram o quotidiano das pessoas. As miseráveis condições de vida das classes mais baixas, nomeadamente, o operariado, que vivia nas cidades industriais, provocaram o avanço das ideias socialistas, nomeadamente as de Proudhon, que defendia uma arte com fins sociais: o artista devia comprometer-se com as grandes causas humanitárias e denunciar contradições e injustiças. Tais ideias levaram alguns artistas como Courbet e Daumier à prática de uma pintura politicamente comprometida.

O mundo rural, distante dos espaços citadinos, e afastado dos excessos da industrialização atraiu por sua vez outros artistas que procuravam fugir à realidade urbana buscando o contacto com a Natureza. O seu trabalho deu origem ao movimento que veio a ser conhecido como Naturalismo.

Tanto uns como outros pretendiam objetivar a representação da realidade. Os temas que escolhiam eram também estranhos aos convencionados pela Arte Oficial.

Esta atitude não foi aceite pelo público, que se interessava por uma arte académica, conservadora, que defendesse uma pintura de personagens dignas, do género heroico. O Realismo é uma arte antiacadémica, objetiva, próxima da realidade palpável do mundo contemporâneo, rejeitando a literatura como fonte de inspiração, ou a representação de modelos ideais, ou mesmo a subjetividade.

A descoberta da fotografia e a sua aplicação no retrato e na reprodução de obras de arte, questionou a pintura convencional e académica com as suas regras teóricas.

Princípios técnico-formais

a pintura realista aborda temáticas que representam a nova realidade social do quotidiano citadino ou rural; representa tipos sociais: operários e camponeses, refletindo uma visão de intervenção social, em que o pintor denuncia nas suas obras as injustiças sociais. É uma pintura que se Interessa por cenas de paisagem captadas com realismo e objetividade, influenciada pela pintura de Constable e pelo aparecimento da fotografia). As técnicas que utilizada visam uma representação fiel da realidade, mas são mais ligeiras e livres do que a pintura académica; por vezes aproximam-se do esquiço, afastando-se por isso das regras do Neoclassicismo e Romantismo; aparentam mesmo, por vezes uma expressão fotográfica.

Relativamente ao tratamento da cor, é uma pintura de claro-escuro (as gradações vão do branco ao negro), apresentando um colorido convencional, de modo geral, sombrio pois desconheciam-se ainda os fenómenos de atuação da luz sobre os objetos, (questão abordada depois pelos Impressionistas). Por vezes respeita-se a cor ambiente.

A representação da figura humana é feita com rigor e respeito pela anatomia nas proporções e nos volumes. Por vezes o resultado na composição não é uma cópia fiel da realidade, mas revela preocupação de intervenção social que o pintor pretende exprimir.



Principais percursos: a importância de Courbet

Courbet é abordado primeiro, por ter sido exemplo para os jovens pintores de Paris. A sua pintura revela o espirito revolucionário de um homem que vivia os acontecimentos da sua época. As suas obras são polémicas, pois representam com os tipos sociais mais baixos (lenhadores, provincianos..), o que escandalizou o público parisiense. Os seus temas apresentam uma vertente ideológica e politica, atitude conotada com ideias socialistas.

Nas Academias ainda era preponderante a ideia de que as pinturas dignas devem representar personagens dignas, e que, trabalhadores e camponeses fornecem temas adequados somente para cenas de género, na tradição dos mestres holandeses.

Courbet pretendia que as suas obras fossem um protesto contra as convenções do tempo: chocassem a burguesia para que mudasse de atitude e deixasse de aceitar facilmente os efeitos da pintura académica e valorizasse a sinceridade do artista.

Quando na exposição de pintura de 1855, Ingres e Delacroix receberam lugar de destaque, Courbet foi impedido pela censura, de apresentar as suas telas. Não tolerando tal atitude resolveu abrir uma exposição individual num barracão, frente do edifício onde se realizava o “Salão de 1855", intitulando-a de –Le Réalisme- onde distribuiu um "Manifesto do Realismo", teorizando assim a nova atitude estética.

Courbet interessava-se apenas pelo mundo visível, e queria mostrá-lo sem contudo criar um estilo fotográfico. Na representação seleciona pormenores que exprimiam o essencial sem sentimento ou idealismo.

Representava a realidade com muita convicção, afastando-se de tal modo da idealização que afirmava: “não posso pintar um anjo porque nunca vi nenhum”.

Pretendia representar a verdade e não a beleza. As suas composições são simples e equilibradas e de grandes dimensões (revelando por isso o egocentrismo do artista). Os personagens aparecem individualizados e definidos como retratos. Na sua obra "L 'Atelier", as figuras são reproduções que foi realizando ao longo de vários anos.

A técnica de desenho e cor é clássica, e o resultado é “matérico”, opaco e sólido. A cor da atmosfera contribui para a unidade da composição.

L’Atelier ou "Alegoria da Verdade", é um autorretrato do artista no trabalho e representa uma alegoria - "A Verdade" personificada numa mulher que é uma entidade real (retrato de um nu) diferenciando-se das alegorias que no passado eram entidades abstratas. Outra novidade é que este nu foi pintado a partir de uma fotografia, técnica de reprodução que surgira nesta época.

Aparecem nesta obra, à esquerda, os tipos sociais: padre , caçador, palhaço, vendedor ambulante, e à direita: Baudelaire, que lê poesia, um casal burguês (o amor tradicional), um par de amantes (o amor livre), e outras figuras representativas da prosa, da Música e da poesia realista. A inovação sente-se no destaque que é dado à Natureza, que parece entrar no atelier. Courbet pintava ao ar livre, servindo-se do sentido da exatidão, do gosto pelos ínfimos pormenores da Natureza revelado pelos mestres da Escola de Barbizon.

A sua obra influenciou pela inovação pela atitude de protesto os jovens pintores de Paris, contribuindo assim para a renovação da arte, e fazendo a ponte para o Impressionismo.

Honoré Daumier foi um artista que nesta época foi praticamente ignorado como pintor. Fez muitas litografias, trabalhando como caricaturista para vários semanários de Paris. Os seus desenhos satíricos sobre personalidades da época trouxeram-lhe grandes aborrecimentos, uma vez que dependia desse trabalho para sobreviver. Nos seus desenhos e pinturas apresenta uma com grande mestria, os traços essenciais do carácter dos retratados. Os seus temas apresentam aspetos da vida citadina quotidiana sugerindo a crueza da vida das classes trabalhadoras,

O pintor rejeita o acessório como se verifica em "A Lavadeira", tornando as suas personagens quase silhuetas. O movimento e o volume são fundamentais na sua obra. As suas personagens embora muito simplificadas tornam-se figuras monumentais nas composições e representativas de protótipos humanos que se reconhecem logo.

As suas obras pictóricas mais tardias inspiram-se no Barroco de Rembrandt, pela pincelada livre e expressiva e pelo tratamento de claro-escuro. A cor apresenta tons terrosos de inspiração romântica.

A ESCOLA BARBIZON

Também conhecida por escola do "Ar Livre” reuniu um conjunto de pintores franceses que rejeitaram as regras académicas, e se juntaram em Fontainebleau (arredores de Paris), em busca do contacto com a Natureza, retratando a realidade com fidelidade, inspirados pelas pinturas de Turner (na representação do instante

Luminoso e da realidade mutável) e Constable que impressionou pela sua verdade e ainda inspirados pelo aparecimento da Fotografia.

Características técnico formais

Esta pintura procura a imitação da Natureza, sem dimensão crítica ou analítica. Revela alguma relação com o academismo oitocentista pela permanência das regras clássicas da perspetiva, e pela gama cromática.

É uma pintura que recorre a telas de pequenas dimensões em contraste com a pintura académica; elas eram fáceis de transportar e respondiam à necessidade de rápido acabamento. Os temas preferidos representavam a Natureza em cenas campestres registadas com grande objetividade (céu, nuvens, árvores, lagos, prados, animais), que eram depois acabadas em atelier. Escolhiam-se mesmo locais que se adequassem a princípios compositivos: alternância de cheios e vazios; equilíbrio entre árvores e arquitetura...é uma pintura que demonstra interesse na captação das mudanças atmosféricas como o pôr do sol, o nevoeiro…, o que revela influência da pintura de Turner.

Principais percursos

Entre os pintores da Escola de Barbizon destacam-se: Theódore Rousseau, Daubigny, Troyon...e Millet que, embora fizesse parte do grupo, desenvolveu um percurso individualizado. A obra destes pintores influenciou outros, que se interessaram pela Natureza concreta, pelo gosto dos tipos humanos e por cenas do dia a dia, como é o caso de

Corot.

NATURALISMO

Tal como no Realismo, também o Naturalismo possui uma estética popular, que se expandiu por toda a Europa até aos E.U.A., onde se destaca neste período, a obra de Whistler.

T. Rousseau foi chefe do grupo de Barbizon. Utilizou mais a gravura pois considerava-a uma técnica mais expressiva. A sua pintura é menos atrativa pelo seu carácter sombrio e pouco dinâmico. Interessou-se pela paisagem real, desprezando o pitoresco. As suas árvores enchem o centro das composições, tornando-se nelas, o elemento mais importante. Todas as suas obras são muito simples, mas numa representação muito minuciosa.



Millet

Interpretou o realismo de forma sentimental. Pintou cenas da vida campestre, com figuras e poses do quotidiano. Os seus camponeses são homens e mulheres cheios de energia física, mas aparentando modéstia - lembram que o simples trabalho no campo pode inspirar cenas de solene significado. São figuras monumentais e tornam-se símbolos — o seu trabalho é uma constante luta para arrancar o sustento da terra. O compromisso de Millet não é político, mas sim moral.

As figuras são modeladas com firmeza (anatomia sólida e robusta) e contornos simples, lembrando a representação clássica.

Corot

O paisagismo de Corot é mais poético que realista, pois o artista recriou pela imaginação aquilo que via. Não é neoclássico nem romântico - as suas paisagens não são sentimentais, heroicas ou dramáticas. As paisagens dos românticos vivem de uma atmosfera rarefeita (bastante nítidas). As de Corot são impregnadas de densa atmosfera; as formas diluem-se nela.

É um pintor de ar livre, mas embora amigo dos pintores de Barbizon, nunca fez parte

do grupo. As suas temáticas são rurais e citadinas; apresenta rigor construtivo nas composições, sendo sensível às estruturas encontradas na Natureza. Por respeitar os valores da atmosfera e por ter desenvolvido uma pintura expressiva e espontânea, conseguiu quase saltar 50 anos até ao Impressionismo. Por isso as suas paisagens serviram de referências para o desenvolvimento da pintura moderna de paisagens.


NATURALISMO NA PINTURA PORTUGUESA

A partir de meados do seculo XIX, a pintura portuguesa aproximou-se das tendências estéticas internacionais devido atribuição de bolsas de estudo em Roma e Paris, aos melhores alunos das Academias de Lisboa e Porto.

A partir de 1880, com o regresso dos bolseiros a Lisboa e Porto: Marques de Oliveira e Silva Porto, deu-se uma renovação da pintura, facto que influenciou outros artistas, tendo-se dado assim urna multiplicação qualitativa nunca vista na arte portuguesa, o que permitiu o arranque do mercado de arte.

Estes dois artistas, na sua passagem por Paris, tiveram oportunidade de contactar com os pintores da Escola de Barbizon (Silva Porto foi aluno de Daubigny), numa altura em que se realizavam já em França as primeiras experiências impressionistas. Este facto levou-os à pretensão de transporem para a tela a instantaneidade na

Natureza, tentando captar na pintura o efémero e a constante mudança. Pode dizer-se que o Naturalismo português faz a passagem pelo Impressionismo*, sem nunca se ter verificado consistentemente esta tendência na obra de qualquer pintor português.


*O Impressionismo também procura captar o instante luminoso em constante mudança, de acordo com a hora do dia ou a estação do ano; esta pintura dissolve a densidade das massas e volumes dando leveza e transparência às formas.


O Naturalismo em Portugal desenvolveu-se em várias fases sem evolução, verificando-se mesmo retornos devido à imposição da crítica, e ao gosto do público sem hábitos artísticos, que pretendia uma pintura próxima das virtudes das culturas rurais idênticas à dos romances de Júlio Dinis.

O Naturalismo prolongou-se pelo século XX, pois correspondia à mentalidade e à ideologia dominante, que promovia o gosto pela representação de ideias míticas da Pátria, e a representação dos suaves costumes do povo, mostrando-o feliz.

Princípios técnico-formais

A pintura Naturalista usava a prática da pintura ao Ar Livre, sendo que alguns pintores ainda completavam as obras no atelier. Nos seus temas predominam as paisagens campestres e marinhas. São obras que apresentam grande liberdade de registos e uso de cores no espaço da tela (as cores são intensas texturizadas).

Os naturalistas valorizam a mancha - os contornos são diluídos em pinceladas livres e expressivas. As cores predominam sobre a definição rigorosa dos volumes. ´

E a cor que permite a autonomia da pintura face à de cenas narrativas ou celebrativas Para estes artistas, a representação da Natureza torna-se quase um pretexto para o uso da cor.


PRINCIPAIS PERCURSOS:

Marques de Oliveira

Foi um pintor de história; dedicou-se à paisagem representando os volumes à maneira de Corot. Era um exímio desenhador e paisagista, e os seus retratos apresentam grande subtileza. Fazia pintura ao ar livre, serena e cheia de transparências. Aproximou-se do impressionismo nas obras tratadas à base de manchas.

Silva Porto

Foi o fundador do "Grupo do Leão", conjunto de artistas que desenvolveram propostas novas introduzidas deram origem ao Grémio Artístico e depois à Sociedade Nacional de Belas Artes.

Este pintor foi professor na Academia de Lisboa, praticou pintura de ar livre opondo-se aos esquemas românticos, e utilizava cores abertas tiradas do natural. Representava paisagens campesinas ou registos folclóricos sem dramas.

José Malhoa

Este artista nunca conseguiu bolsa de estudo no estrangeiro (estudoum Lisboa). Apresenta uma pintura de costumes rústicos de grande qualidade, ao gosto da burguesia saudosa do mundo rural idealizado (local gente simples e sincera). Fazia também pintura de retrato de carácter sentimental e rústico.

Na representação de cenas populares, revela grande realismo, sem intenção de crítica social, antes afetuosa e bem-humorada. Valoriza a mensagem, que apresenta com expressividade e intensidade dramática, através da intensa luminosidade e pormenor.

Columbano Bordalo Pinheiro

Fez parte do "Grupo do Leão", mas desenvolveu um percurso próprio. Na sua passagem por Paris desenvolveu o gosto pelos mestres do Barroco: Rembrandt, Caravaggio, Vàlasquez , afastando-se da pintura de ar livre.

Teve preferência pelo retrato e de grande qualidade, captando com subtileza as particularidades psicológicas dos modelos encontrados na burguesia lisboeta. A sua pintura é matérica, apresentando o claro-escuro do Barroco: transforma a luz no motivo da pintura, diluindo as formas das figuras.


LITERATURA



Antero de Quental (18421891) pintura a óleo de Columbano Bordalo Pinheiro



Antero (Tarquínio) de Quental (1842-1891) foi um poeta e filósofo português. Foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo, contribuindo para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.

Antero Tarquínio de Quental nasceu na localidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842. Filho do combatente Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia iniciou os seus estudos em Ponta Delgada.

Em 1858, com 16 anos, Antero de Quental ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Tornando-se o líder dos académicos, graças à sua marcante personalidade.

Em Coimbra, Antero de Quental organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861 publicou alguns versos que lhe abriram o caminho para as glórias futuras.


O Realismo em Portugal - a Questão Coimbrã


Ainda estudante de Coimbra, Antero de Quental liderou um grupo de estudantes, que repudiava as velhas ideias do Romantismo, causando uma polémica entre a velha e a nova geração de poetas.

Em 1864, Teófilo Braga publica dois volumes de versos: Visão dos Tempos e Tempestades sonoras. No ano seguinte, Antero edita “Odes Modernas”.

Em “Odes Modernas”, Antero rompe com toda a poesia tradicional portuguesa, onde são banidos o romantismo, o sentimentalismo e a religiosidade lírica, e surgem, com força, as ideias de liberdade e justiça.

Os poemas foram criticados pelo poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, que acusa Antero de exibicionismo, obscuridade e de abordar temas que nada tinham a ver com a poesia.



José Maria de Eça de Queiroz[1] ( 18451900),


Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim (1845) e morreu em Paris, em 1900. O pai, homem culto, era membro da alta burguesia. Apesar de ter sido criado longe dos pais, recebeu educação adequada.

Fez o curso de Direito em Coimbra, advogou em Lisboa e tendo feito carreira diplomática, trabalhou e viveu em Havana, Brístol e Paris. Conviveu com Antero de Quental, por quem foi convencido a participar das Conferências do Cassino Lisbonense, desmembramento da Questão Coimbrã. Deixou obra de inquestionável qualidade, na qual se evidencia sua cultura, além do conhecimento sobre a realidade social portuguesa, especialmente em relação à elite econômica.

A obra de Eça de Queirós

A obra literária de Eça de Queirós pode ser dividida em três fases.

Primeira fase

Constitui-se de artigos e crônicas publicadas na Gazeta de Portugal, reunidos, posteriormente, num volume sob o título de Prosas bárbaras. Sendo obra inicial, é provável que não tenha atingido a qualidade esperada por Eça, tanto que ele próprio tentou fazer com que o público e observadores ignorassem essa parte de sua produção.


Segunda fase

Iniciada com a publicação de O crime do padre Amaro (1875), esta é a fase mais importante do autor não só pela qualidade das obras que a compõem, mas também porque, em se tratando de fase bastante crítica, principalmente sobre a burguesia lisboeta, estabelece-se a certeza de que as narrativas desta fase reproduzem o verdadeiro foco literário de Eça de Queirós: o de crítico social bem informado, bom observador, contundente, mordaz e de finíssima ironia.


Nesta fase, destacam-se três obras-primas do autor: O crime do padre Amaro, O primo Basílio e Os Maias. Tais romances esboçam um panorama de crítica social e cultural da vida portuguesa, por meio de linguagem original, de bela plasticidade, com boa dose de simplicidade e, como em boa parte o narrador fez uso de linguagem bastante próxima do quotidiano da cidade (Lisboa), o entendimento das suas histórias são bastante acessíveis ao grande público, mas sem concessões ao gosto por literatura de segunda classe, por parte de certos leitores de menor nível cultural.

Trata-se de linguagem antideclamatória, contrariando o gosto anterior de muitos românticos. Essas características da linguagem dessas três obras, aliadas a descrições e ações oportunas e extremamente adequadas à realidade social da época em que se inserem, dão às suas histórias grande vigor narrativo e expressivo.

Avulta, ainda, a extraordinária propriedade na caracterização de certas personagens, as quais entraram para a mitologia popular do Ocidente, além de razoável dosagem de um lirismo melancólico, forte dose de sátira e ironia, utilizadas com subtileza e graça. A soma desses aspectos confirma a segunda fase como a melhor da obra total de Eça de Queirós.


Terceira fase

Esta fase, chamada por alguns críticos de pós-realista, é marcada por sentimento de desilusão, provavelmente pelo fato de o autor ter tido a percepção de que conseguiria pouco ou nenhum resultado prático quanto à melhoria do comportamento social, por meio das críticas estabelecidas nos romances da 2ª fase.

Aparentemente cansado, abandona os ideais realistas quanto ao trato do tema social e, nas narrativas subsequentes, empreende uma busca pela reconciliação consigo mesmo e com a sociedade. A sua obra, a partir daí, torna-se amena, pois o autor passa a ver a condição e o comportamento humanos de maneira condescendente, até compreensiva, tendo se voltado, também, para o culto de aspectos históricos da pátria portuguesa e para o registo de tipos humanos próprios de Portugal. São livros desta 3ª fase: A ilustre casa de Ramires e A cidade e as serras.

No conto, Eça de Queirós também foi excelente autor, tanto que deu à literatura portuguesa um de seus melhores momentos nesse gênero, como provam os contos Singularidades de uma rapariga loira, O milhafre, A aia e No Moinho.

No geral, a obra de Eça de Queirós é uma vasta análise e verdadeira radiografia sobre o comportamento, principalmente o da burguesia, classe social contra a qual ele aponta os certeiros canhões de sua crítica da 2ª fase. Parece mesmo ter sido essa burguesia a culpada de o escritor terminar seus dias decepcionado e melancólico, concluindo que a dignidade, a honra e o patriotismo só existem mesmo nos cidadãos comuns e pobres. Esta, aliás, é uma das mensagens inseridas no livro A ilustre casa de Ramires.

Por: Wilson Teixeira Moutinho


Ilustraçôes de A cidade e as Serras

por: alunos de Artes da Escola Secundária de silves- publicação de 2015 por Alêtheia Editores



Capítulo 1- por: Júlia Kovacs


capítulo 2- por: Adriana Vieira




capítulo 3 - por: Eliana Lourenço




capítulo 4 - por: Liliana Zakhariya



Capítulo 5 - por: Catarina Laginha



Capítulo 6 - por: Rita Ramos



Capítulo 7 - por: Maria do Carmo Sério



Capítulo8 - por: Bruna Gomes



Capítulo 9 - por: Inês Mendes



Capítulo 10 - por: Joana Rodrigues



Capítulo 11 - por Alai Hubner



Capítulo 12 - por: Soraia Lourenço



Capítulo 13 - por: Andrea Dragomanu



Capítulo 14 - por: Ana Rita Nunes



Capítulo 15 - por: Cátia Lourenço



capítulo 16 - por: Joana Gonçalves

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  • marianeves15031958

Atualizado: 7 de dez. de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO - Romantismo

O século XIX

De uma maneira geral o séc. XIX foi marcado por uma série de ruturas, revoluções, desilusões mas também de esperanças no desenvolvimento civilizacional que contribuíram para a construção de uma nova Europa e América.

Um dos grandes acontecimentos do século XIX que mais contribuiu para as grandes alterações políticas na Europa foi a progressão da vaga revolucionária napoleónica que, tendo invadido e intimidado estados absolutistas europeus, os fez contra-atacar até finalmente a derrubarem.

Estes estados aliaram-se na Santa Aliança e após a derrota de Napoleão, organizaram o Congresso de Viena*, a partir do qual foi alterado grande parte do mapa político europeu, impondo fronteiras artificiais e ignorando os povos dominados, o que teve como consequência o surgimento dos movimentos nacionalistas.

Estas revoluções nacionalistas, advindas essencialmente das graves crises económicas e das imposições referidas anteriormente, trouxeram a emancipação de várias nações como a Grécia e a Bélgica, e outras que surgiram da unificação política de pequenos estados, como aconteceu com a Itália e a Alemanha.

Estas mudanças tiveram sobretudo como protagonistas, a baixa burguesia e o operariado que eram os estratos sociais mais diretamente afetados pelas políticas dos estados europeus da época: as políticas liberais e capitalistas postas em prática levavam a um proletariado explorado nos salários e nos horários de trabalho; as populações em geral não tinham regras por onde se reger face a situações que muitas vezes levavam à exploração do trabalho infantil e do trabalho da mulher.

O resultado foi o surgimento da consciência de classe e a organização sindical cujo objetivo era a luta pelos direitos dos trabalhadores. Estas organizações não lutavam sozinhas; os movimentos socialistas e anarquistas apoiaram-nas relacionando-as com os seus ideais políticos. Esta revolução de consciência deu origem ao Socialismo Utópico, cujo objetivo principal era pôr fim à miséria resultante do capitalismo. Numa fase mais avançada da utopia passou-se à teorização científica que resultou no Comunismo ou Socialismo Científico; foi nesta altura que surgiu o Manifesto do Partido Comunista tendo como principais mentores os filósofos Engels e Marx.

Foi um período caracterizado pelo êxodo rural que levava as populações à procura de trabalho nos centros mineiros, os quais se transformaram em cidades densamente povoadas e sem quaisquer condições sanitárias de suporte.

Com o avançar do século foi sendo consolidada uma melhoria das condições de vida, deu-se a generalização da instrução primária e a difusão da imprensa, e crescia a crença numa felicidade baseada no bem-estar material; este positivismo e o racionalismo laico levaram ao triunfo do cientismo (a crença no triunfo da ciência) e consequentemente à evolução técnico e científica.

A nível político dominavam os governos liberais, ou de monarquias constitucionais, ou de governos republicanos, que levaram os estados a ter um papel mais interventivo nos campos da saúde, trabalho, educação e cultura. Mas, paralelamente a este desenvolvimento, o sucesso crescente da sociedade industrial levou a políticas cada vez mais colonialistas e imperialistas, que ficaram explícitas na Conferência de Berlim, na qual foi decretada a corrida à colonização da África no início do último quartel do século XIX, e por fim os constantes choques de interesse económico e político entre as potências industrializadas, e os constantes conflitos diplomáticos, entre outras causas, levaram à eclosão da primeira guerra mundial.


* O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre setembro de 1814 e junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na primavera anterior. Este congresso pretendia também restaurar os tronos das famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão.


Economia e desenvolvimento

O século XIX foi um período marcado por sucessivas inovações no campo da técnica que mudaram por completo a vida das populações: o caso do surgimento da linha férrea que permitia deslocações rapidíssimas de gentes pela Europa. Surgido nesta altura, o comboio a vapor e os caminhos-de-ferro cobriram uma grande parte deste continente, liderando a Revolução dos Transportes a par das ligações intercontinentais que se faziam através do barco a vapor.

O aparecimento do caminho-de-ferro foi assim fulcral para a expansão que se sentiu durante o século XIX: ele permitiu um desenvolvimento exponencial da agricultura, do comércio, da circulação dos bens permitindo o fornecimento rápido e contínuo de produtos às cidades. Fomentou também o aparecimento de novas cidades, combatendo o isolamento e distâncias e aumentando a mobilidade geográfica e social. Estabelecia-se assim a velocidade na correspondência, permitindo ainda maiores avanços e proliferação culturais; surgiram por consequência novas profissões associadas ao seu desenvolvimento; mas o destaque vai para o aumento do potencial financeiro dos Estados e sobretudo para o fortalecimento da unidade política de muitas nações providas de um novo meio de controlo militar estratégico.

A arte neste contexto foi muitas vezes um meio de retratar situações e condições de vida e foi também um meio de difusão de utopias usando-as como temática.


Arte Romântica

O Romantismo* refere-se a um conjunto de movimentos Intelectuais que, a partir de meados do século XVIII fizeram prevalecer na Inglaterra e na Alemanha (e depois em França, Itália e Espanha), o sentimento sobre a razão, e a imaginação sobre a análise crítica. O Romantismo abrange assim artistas e situações diferentes unidos por uma nova atmosfera cultural e uma nova sensibilidade.

No princípio do século XIX, o artista já não tem diante de si um cliente, mas trabalha para si mesmo e faz obras por sua própria Iniciativa, que poderão ser ou não compradas. Começa a época das exposições e da crítica de arte" jornalística" O público procura leituras e obras que solicitem a imaginação e a fantasia e discute acerca dos estilos e da moda. Historicamente, é a época da aventura napoleónica, que termina com a Restauração**, a época das sublevações nacionais nos Estados italianos e alemães, da guerra entre os Gregos e os Turcos, das primeiras manifestações de luta de classes na Europa.

A América, que conquistara recentemente a sua independência, procura a sua identidade nacional na política e na arte.

O espírito romântico é pessimista, aristocrático, cheio de religiosidade e nostalgia, tradicionalista e choca com o otimismo da época precedente fazendo do homem, agente de um destino incerto. Quer na filosofia (Kant), na poesia (Goethe), na música (Schubert) ou na pintura, afirma-se o primado do indivíduo: exalta-se a pessoa e o seu "eu" pela valorização dos sentimentos. Na Alemanha manifesta-se pela primeira vez a nova estética da interioridade, que considera ser a arte, um meio para se entrar em contacto com a Natureza através do sentimento sublime (normalmente um encontro com a imensidão da natureza na qual o homem reconhece a sua transitoriedade e o seu verdadeiro caráter moral).

O propósito declarado dos Românticos era pois, o regresso à "Natureza", convidada a intervir como confidente ou consolo. É uma Natureza livre e espontânea, distante dos tratamentos a que era subjugada em Versalhes e dotada de sentimentos, como nos apresenta a obra do pintor alemão G. D. Friederich.

A poesia, sobretudo com Lord Byron, afasta-se da mitologia e dos processos eruditos greco-romanos, avançando por urna libertação estilística. Por outro lado, os romances*** exercem grande poder sobre a imaginação dos homens apresentando um exagero sentimental e dramático que apela ao coração, mais do que ao intelecto. É através deles que se dá uma reabilitação sentimental e pitoresca da Idade Média.

O homem romântico ama a emoção pela emoção, coloca os ideais e os sentimentos acima da razão. Contra as regras estabelecidas assume a defesa da liberdade e da individualidade fazendo apelo ao amor, paixão, nostalgia, violência..., em que a vida e a morte coabitam sem conflito. Aprecia a palidez do rosto revelando a angústia de uma morte próxima; consome-se pela doença e pelas privações; ama o impossível sem impor limites à sua liberdade (elogia o anarquismo); orienta-se pelo lema: "viver intensamente ou desaparecer".


* A palavra Romantismo vem dos "romances", histórias de aventuras (como as lendas do rei Artur ou do Santo Graal) em voga nos finais do século XVIII, e assim chamados por serem escritos em língua 'românica" e não em latim.

** Restauração - período da história da França consequente á deposição definitiva de Napoleão Bonaparte e terminado com a proclamação da Segunda República.

*** Os romances eram dirigidos a um público mais vasto, fora dos salões, que passou também a apreciar a música e as artes plásticas.


O Romantismo substitui assim, os temas de inspiração clássica, refugiando-se na Idade Média, (época remota quase perdida nas brumas do tempo) onde procura modelos, que se ajustem à medida do ideal romântico: valorizam-se as lendas cristãs e o viver aristocrático, um pouco à maneira medieval, e a arte gótica e as suas ruínas servem de modelo aos enquadramentos das obras (em pleno século XIX chegam a levantar-se ruínas fingidas, à maneira medieval).

A temática também se renova pelo culto do belo-horrível, tenebroso e fantástico— os românticos são atraídos pelo sonho, pelo noturno e enevoado, cultivando o misticismo e o irracionalismo.

O culto dos heróis e os acontecimentos do presente aparecem também como tema de eleição, porque os artistas sentem o dever de os registar para que se tornem modelos da sociedade. Mesmo os temas quotidianos apresentam muitas vezes enquadramentos históricos, numa afirmação constante do passado remoto.

Outros temas manifestam o interesse pelo exotismo dos países do Oriente: é a necessidade de evasão a um mundo conhecido e ainda demasiado imbuído da ordem clássica, que leva ao interesse pelos países estranhos, nomeadamente do Mundo Islâmico, e do Próximo, Médio e Extremo Oriente.


AS ARTES PLÁSTICAS

No Romantismo, a obra de arte é concebida como expressão de um forte sentimento, de uma obsessão amorosa, e a sua grandeza reside sobretudo no gosto pela inovação.


Características do romantismo nas artes plásticas.

O artista romântico tem uma preferência pela apresentação de temas simbólicos que exprimem sentimentos poéticos e dramáticos, atos heroicos da sua época—o artista cultiva a exaltação dos sentimentos da vida.

Estabelece relação com o fantástico, pelo interesse de sentimentos despertados pela noite, pelo oculto e pela morte.

Assim a pintura romântica é uma arte que recorre ao pitoresco e ao bucólico nas paisagens preferindo sobretudo as paisagens nebulosas; escolhe figuras e ambientes exóticos numa espécie de fuga para um mundo imaginário inspirado nos países distantes e exóticos;

Também procura a inspiração medieval sobretudo no gosto de ruínas deixadas por esse passado distante, época em que surgiram algumas nações da Europa.

Em termos plásticos, apresenta uma renovação ditada pela utilização de cores vibrantes que promovem a intensidade e movimento nos temas (nota-se o gosto pelo pitoresco da cor Iocal e do exótico). Ao contrário da arte neoclássica existe agora uma diluição do desenho e dos limites da forma;

Na pintura romântica destacam-se alguns artistas como: Caspar David Friedriech (Alemanha); Constable e Turner ; William Blake (Inglaterra); H. Fussli (Suiça)





“Árvores com corvos” , Casper David Friedrich, ca. 1822

A árvore parece morta, mas está contra o por do sol ou o sol nascente, lembrando-nos que a morte é inevitável, que faz parte do ciclo da natureza e não deve ser temida. No entanto, a pintura provova uma reação melancólica no observador, em vez de uma indiferença filosófica. O romantismo privilegiava a natureza como fonte das verdades acerca da experiência humana, a qual podia melhor ser expressa através da arte e melhor compreendida de forma intuitiva ou emocional.


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Exemplos do Romantismo na arte em Portugal

O Romantismo revela-se em Portugal sobretudo nas artes plásticas.

O pintor Domingos Sequeira na última fase da sua obra já demonstrava interesse pela pintura mística e religiosa de tendência romântica, onde os grupos se esbatem em manchas indefinidas criando um ambiente de desfiguração.

Quando Sequeira morreu, os grandes pintores românticos: Cristino da Silva, Tomás da Anunciação, Metrass, Visconde de Menezes, Miguel Lupi, manifestavam plenamente a sua visão romântica, em combinação com o Naturalismo que gradualmente ganhava expressão.

Tomás da anunciação é um dos melhores pintores de paisagens com árvores, fontes, animais, na hora romântica do poente.

Não muito diferente nas suas preferências e no modo de pintar, Cristino da Silva revela também o seu romantismo através da paisagem.

Metrass, iniciando o seu trabalho em Roma junto do Grupo dos Nazarenos e continuando em Paris, desenvolve uma pintura de grande intensidade dramática, onde espreita a presença da morte, como se verifica num dos quadros mais importantes: “Só Deus…”.


pintura romântica portuguesa
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Escritores do Romantismo em Portugal

Almeida Garrett



João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (de 17991854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação, assinalando os aspetos mais fracos da produção garrettiana.

No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

Frei Luís de Sousa, que continua a ser considerado um clássico da literatura de língua portuguesa e uma das criações máximas do seu teatro, foi inicialmente apenas lido a um grupo seleto de amigos do autor (entre os quais Herculano).


Viagens na Minha Terra é um livro da autoria de Almeida Garrett; obra na qual se misturam o estilo digressivo da viagem real (que o autor fez de Lisboa a Santarém) e a narração novelesca em torno de Carlos e Joaninha.

O livro publicado em volume, em 1846 é o ponto de arranque da moderna prosa literária portuguesa: pela mistura de estilos e de gêneros, pelo cruzamento de uma linguagem ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática, ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante do narrador, Garrett libertou o discurso da pesada tradição clássica, antecipando o melhor que a este nível havia de realizar Eça de Queirós. Viagens na Minha Terra é talvez a obra mais importante do Romantismo português.


links (vídeos)

Análise da obra – comentário – 8 min.


A viagem de Garrett (RTP) – 55min.


ensina RTP – 1 min.


Abordagem na perspetiva de uma aluna


audiolivro (alguns capítulos) – 45 min.


Passeio no rio Tejo – 20 min.


Camilo Castello Branco



https://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Castelo_Branco

Camillo Ferreira Botelho Castello Branco 1825 – 1890) foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. É um dos escritores mais proeminentes e prolíferos da literatura portuguesa, especialmente do século XIX.

A sua obra é predominantemente romântica, parece incontestável, no entanto, não o é totalmente.

Camilo gostaria de se situar acima das escolas literárias. Mas os modelos clássicos vão ter sempre peso na sua produção literária (…) Foi imensamente influenciado por Almeida Garrett. Contudo, a fidelidade à linguagem e aos costumes populares, ao cheiro do torrão (como aponta Jacinto do Prado Coelho), vai permanecer como uma das suas maiores qualidades. A crítica tem apontado que, se por um lado Camilo, nos enredos das suas novelas, com as suas peripécias mais ou menos rocambolescas, está claramente numa filiação romântica, por outro lado, nas explicações psicológicas, na maneira como analisa os sentimentos e ações das personagens, pelas justificações e explicações dos acontecimentos, pela crítica a determinado tipo de educação, não pode ser considerado simplesmente como romântico.





Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo 18101877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo. Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa atividade jornalística.(…)

Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.

Como historiador, publicou História de Portugal de Alexandre Herculano, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, e organizou Portugaliae Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos recolhidos de cartórios conventuais do país).

A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX. A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé, entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.

As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da história da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.

O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. A partir disto, as narrativas históricas foram focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.



Joaquim Guilherme Gomes Coelho 18391871) foi um médico e escritor português. É mais conhecido pelo seu pseudónimo Júlio Dinis.

Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.

Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.


https://www.infopedia.pt/$julio-dinis

Em 1865, ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, onde se formara, como demonstrador. O seu primeiro romance, As Pupilas do Senhor Reitor, é publicado em folhetins no Jornal do Porto, em 1866, e em volume um ano depois. Seguem-se-lhe, em 1868, Uma Família Inglesa (retrato da vida citadina, dando especial relevo à pequena burguesia nascente) e A Morgadinha dos Canaviais, no mesmo ano em que As Pupilas do Senhor Reitor, adaptadas ao teatro, são representadas no Teatro da Trindade. Em 1869, parte para a Madeira, em busca de uma melhoria do seu estado de saúde, regressando, um ano depois, ao Porto, onde publica os Serões da Província. No mesmo ano, concluiu o seu quarto romance, Os Fidalgos da Casa Mourisca, cujas provas tipográficas já não acabará de rever. Em 1871, no mesmo ano em que as Pupilas do Senhor Reitor são representadas no Rio de Janeiro, assinalando já a celebridade do escritor além fronteiras, morre prematuramente, vítima da tuberculose. Em 1874, surge o volume póstumo das Poesias e, em 1910, a compilação de textos narrativos e teóricos Inéditos e Esparsos.

Júlio Dinis - cujo conhecimento da língua e da cultura inglesas (a sua mãe era de ascendência irlandesa) lhe possibilitou a leitura de novelistas como Jane Austen, Richardson, Thackeray e Dickens, cujas obras são marcadas pelo realismo psicológico - deixou uma produção romanesca eivada de componentes realistas e românticos. Assim, se a sua conceção do romance, exposta em Inéditos e Esparsos, baseada na lentidão da narrativa, na averiguação da verdade, no tratamento de temas familiares e quotidianos, o aproxima da estética realista, a idealização do campo, da mulher, da família, a tendência para a solução harmoniosa dos conflitos, o pendor moralizador dos desfechos das intrigas, o otimismo do seu ideal social, em que felicidade amorosa e harmonização social são indissociáveis, têm ressonâncias românticas.


LINKS

Romanticismo (legendado) - 9 minutos

https://www.youtube.com/watch?v=OiRWBI0JTYQ


romanticism art history (legendado) - 7 min.


O Romantismo - contexto (p.point)


A alma e a gente - Frei Luís de Sousa - 30 min.


A alma e a gente - Lendas e Narrativas - Alexandre Herculano - 24 min.


A alma e a gente - Camilo Castelo Branco


As pupilas do Sr. Reitor - capítulo 3 - 30 min.


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  • marianeves15031958

Atualizado: 23 de nov. de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO - Rococó e Neoclassicismo

O século XVIII_Contexto temporal e espacial_

O período em que se inserem o Rococó e o Neoclassicismo pertence ao final da Idade Moderna e ao preliminar da Idade Contemporânea, ou seja o período correspondente ao século XVIII e início do século XIX.

Este período foi marcado por ambiguidades, como a revelada numa situação que manteve a funcionar ao mesmo tempo as instituições e estruturas do Antigo Regime (sociedade de ordens e absolutismo monárquico) e outras estruturas que caracterizavam um novo tempo: ascenção da burguesia e transformações que se desenvolviam no campo da política, nomeadamente revoluções: independência americana e revolução francesa.

Ao nível económico este período ficou marcado pela dinamização da produtividade (a partir da segunda década do séc. XVIII), principalmente na agricultura, reanimada por avanços tecnológicos e bons anos agrícolas. A expansão económica também se deveu a uma proliferação das pequenas oficinas que surgiram paralelamente às grandes manufaturas. Um grande impulsionador desta prosperidade foi o avanço científico-tecnológico. Este crescimento económico teve como consequência, a melhoria geral das condições de vida na Europa e o crescimento populacional. Isto fez reduzir a depressão que recaía neste continente desde dos finais do século XVI.

O conjunto de condições favoráveis neste período levou ao crescimento da burguesia, que esteve extremamente ativa em todos os campos de atividade, incluindo o político e o financeiro, nos quais alguns dos mais ricos burgueses participavam.

A alta burguesia ascendeu ao patamar social da aristocracia através de casamentos de conveniência, e do desenvolvimento do seu estilo de vida que envolvia, festas, banquetes e outras atividades específicas deste estrato social.

O individualismo* setecentista impulsionou a construção de palacetes citadinos e castelos de campo que eram o palco de um modo de vida requintado e confortável desta época que ainda assistia à imposição de códigos de etiqueta na aristocracia.

Foi também uma época estimuladora de uma maior abertura das ideias que se apoiavam a propagação da educação e cultura, próprias do pensamento iluminista** que se expandia pela Europa. Os iluministas, filósofos humanistas e racionalistas, consideravam o progresso como fonte de felicidade, objetivo último da humanidade.

Anunciador de mudanças profundas, o Iluminismo foi nesta época, a base das revoluções liberais que fariam cair o Absolutismo em prol de regimes democráticos.

Também o liberalismo*** influenciou ideologicamente vários movimentos políticos, como a Revolução Americana, em 1776, e a Revolução Francesa, em 1789.


* Individualismo - teoria que advoga a autonomia do indivíduo, o desenvolvimento da iniciativa privada e a redução das funções do Estado.

** Iluminismo - movimento cultural e intelectual europeu, que se verificou sobretudo durante o século XVIII, caracterizado pela crença na razão como ferramenta válida para o progresso da humanidade e por uma atitude crítica perante as formas políticas e religiosas tradicionais; filosofia das luzes.

*** Liberalismo - movimento que, no século XIX, se opôs ao absolutismo monárquico e que politicamente e economicamente privilegia a liberdade do indivíduo face ao poder do Estado.

Do palácio real para o salão

No período de tempo que medeia entre a morte de Luís XIV e a tomada de poder do seu neto - Luís XV - a França foi governada por regentes do trono. Neste período a corte perdeu o interesse na vida real, e as cerimónias tornavam-se cada vez mais monótonas. A aristocracia começou a ganhar mais interesse na vida pessoal, passando mais tempo nas mansões privadas e nos palacetes, tentando atingir o nível de conforto da corte.

A decoração interior desses edifícios tornou-se fator de distinção; o luxo, a exuberância, a beleza requintada, a sensualidade e o intimismo tornaram-se características dominantes.

A intimidade individualizada desenvolvida nesta época retirou a opulência barroca das habitações senhoriais trazendo formas mais alegres, otimistas, despreocupadas …mais ligadas a uma arte natural e privada.

O centro da vida social passou do palco que eram as cortes reais, para o salão que era um lugar mais privativo, onde se reunia a família após as refeições ou onde se reunia mais gente por ocasião de alguma festividade, banquete ou outra atividade...

As reuniões no salão também trouxeram uma novidade: com a efervescência do Iluminismo, começou a haver maior interesse nas coisas menos prosaicas e lúdicas, dando-se agora mais importância à intelectualidade, facto que trouxe grandes personalidades no campo das artes, das ciências, do pensamento filosófico...a esses saraus.

Os salões tornaram-se assim, os centros da vida social, cultural e artística, desempenhando importante papel na divulgação d as novidades intelectuais e políticas.

O iluminismo

No pensamento filosófico do século XVIII reconhecia-se como Luz, o conhecimento racional, o saber esclarecido. Assim, quem o detinha ou praticava denominava-se de iluminista. O mais valorizado no indivíduo era a sua inteligência- a razão- que era reconhecida como o único meio fidedigno de alcançar a verdade universal o que, em última instância, levaria à felicidade (esta era considerada como direito natural do homem e objetivo principal da sua existência). Este pensamento considerava o progresso como positivo sendo reconhecido como único meio de melhorar a existência material e espiritual do homem. Este período caracteriza-se portanto, por uma visão otimista do futuro.

Era um novo ideal que trazia uma nova liberdade intelectual e conduzia o homem a pensar acerca dos direitos humanos individuais, entre as quais o direito à liberdade e à igualdade como direitos naturais.

O iluminismo alimentou uma relação muito estreita com o universo da burguesia; esta usava-o como instrumento de afirmação devido à identidade entre o movimento e a mentalidade da burguesia. O crescimento deste estrato social incentivou na generalidade, uma aceitação destes ideais, mesmo nos estratos sociais mais elevados. A divulgação destas ideias foi estruturada na criação das enciclopédias como compêndios de todo o conhecimento que havia.

A secularização cívica e a divulgação iluminista

Os ideais iluministas trouxeram também outras alterações conducentes à democratização e popularização geral.. O elitismo dissolveu-se cada vez mais, paralelamente ao incentivo à ação cívica, à educação e à responsabilidade social. Para transmitir e consolidar estes novos valores e atitudes a serem exercidos pelo povo, o Estado instituiu as festas cívicas, que vieram substituir as antigas festas religiosas.


-a arte Neoclássica - século XVIII

À arte barroca seguiu-se um período intermédio de refinamento na arte, característica da decoração de palácios citadinos (“Hotels”) e rurais (“Chateaux”), correspondente a um estilo designado de Rococó. Após este período desenvolveu-se uma arte que era correspondente ao Iluminismo -arte Neoclássica- que prezava os valores da Antiguidade Clássica (ensinados nas academias) e os seguia como referência.

Os impulsos moralizadores e racionalistas neoclássicos rejeitavam o estilo rococó, que os pensadores iluministas criticavam e os revolucionários franceses atacavam pelas suas associações morais e políticas.

O Neoclassicismo foi assim o movimento artístico e intelectual dominante na arte europeia do século XVIII e início do séc. XIX. Foi motivado pela rejeição do Rococó, pelo interesse no passado Clássico como forma de entender as mudanças do mundo contemporâneo, e pela busca de uma seriedade moral o que lhe deu fortes ligações com o Academismo.

O Academismo é a codificação da arte em regras que podem ser ensinadas nas Academias. Promove os ideais clássicos de beleza e perfeição artística e estabelece uma hierarquia clara dentro das artes visuais, preferindo a grande narrativa ou a pintura histórica e defendendo o desenho ao vivo e a escultura clássica.

Estes ideais foram realçados ainda numa época ainda barroca (século XVII), pelo artista Nicolas Poussin em Itália , o qual acreditava que o mais elevado objetivo da pintura era o de representar as ações humanas nobres e sérias. Elas deveriam ser retratadas de forma lógica enfatizando a forma e a composição. Antes de Poussin, nenhum artista estabelecera uma analogia tão rigorosa entre pintura e literatura, nem a colocara em prática de forma tão decidida. Poussin fez sua carreira quase que exclusivamente em Roma e sob a inspiração de Rafael. Ele deu forma ao estilo que se tornaria o modelo ideal para os pintores da segunda metade do século XVIII, como Jacques-Louis David e Jean-Auguste-Dominique Ingres.

A arte neoclássica tendo ligações estreitas com o Iluminismo do século XVIII e com a Revolução Francesa, reclamou para si própria um papel importante no estabelecimento da moral e do comportamento.

As amplas escavações arqueológicas que tiveram lugar em Itália e na Grécia neste período, impulsionaram o estudo do mundo antigo (nomeadamente os seus valores morais e estéticos) e estimularam um sentido mais rigoroso da história e das mudanças históricas. Os neoclassicistas não se limitavam a reviver os estilos passados, pretendiam sim usar a arte para criar uma sociedade em simultâneo, moderna e virtuosa.

Os neoclassicistas eram propensos a uma elevada seriedade moral com tendência para a austeridade. David (Jacques-Louis David) é o mais importante pintor neoclássico do período.


Arcadismo (1768 – 1836)

Este movimento surge na eclosão da Revolução Industrial e faz contraponto ao desenvolvimento das máquinas, da indústria e das grandes cidades ao ressaltar a natureza e a atmosfera bucólica. O arcadismo é bastante idealizado e opõe-se à desarmonia do Barroco.

Também conhecido como Neoclassicismo, o Arcadismo resgata princípios da Antiguidade Clássica e busca sempre a conciliação entre o homem e os elementos da natureza. Os ideais iluministas da Revolução Francesa, como o racionalismo, também são louvados.

Os poemas são geralmente em forma de soneto (dois quartetos e dois tercetos, normalmente com dez sílabas poéticas) e há temática bucólica e idealizada sobre o amor (geralmente entre pastores), beleza estética e viver o momento presente (carpe diem).

Em Portugal, destaca-se António Dinis da Cruz e Silva, autor do poema O Hissope e Odes Pindáricas.



Belchior Manuel Curvo Semedo Torres de Sequeira, conhecido por Curvo Semedo (1766-1838)

Foi um dos nomes mais importantes do movimento literário Nova Arcádia, de que foi cofundador em 1790 e em que usou o nome de Belmiro Transtagano. Desempenhou durante muitos anos o cargo de escrivão da Alfândega de Lisboa. Destacam-se na sua obra os quatro volumes das Composições Poéticas (1803) e, em tradução livre, As melhores fábulas de La Fontaine (1820).Defrontou-se literariamente com o poeta Bocage, que o visara em repetidas críticas, retorquindo-lhe com sátiras aceradas. Todavia, visitou Bocage no leito de morte, em 1805, reconciliando-se enfim com ele.


Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (17651805) foi um poeta nacional português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.



O Juramento dos Horácios (1784), uma das primeiras obras-primas, de Jacques-Louis David*, cuja novidade maior foi a clara caracterização dos papéis masculinos e femininos, seguindo preceitos de Rousseau, e o elogio de ideais patrióticos republicanos, temas que continuaria a abordar por muito tempo. De acordo com o historiador Arnold Hauser, esta obra "constitui um dos maiores êxitos registados na história da arte. Apesar de seu tratamento linear e cerebral, conseguiu obter um grande efeito dramático.


* Jacques-Louis David foi um pintor francês, o mais característico representante do neoclassicismo. Controlou durante anos a atividade artística francesa, sendo o pintor oficial da corte francesa e de Napoleão Bonaparte.

Em outubro de 1775 viajou para Roma e aí encorajado a pintar temas clássicos e foi impressionado pela riqueza da escultura antiga,. Além da escultura, David encantou-se com as pinturas de Caravaggio, Ribera, Michelangelo, Poussin e de Rafael.

Deixou a Itália em 1780. Dessa longa temporada resultou o desenvolvimento de um senso de nobreza e um engrandecimento espiritual que seriam imediatamente visíveis em sua obra. Os quadros que exibiu no Salão de Paris em 1781 foram recebidos com entusiasmo.

Ao exibir o quadro O Juramento dos Horácios, em 1784, David afirmou-se como o pintor mais progressista e influente da França. O seu estilo novo, de inspiração romana, destacava nesse quadro de grandes proporções a severidade moral; foi, portanto, especialmente admirado, sobretudo pelos filósofos que condenavam a superficialidade e a degradação da arte rococó francesa.

Vivia-se um tempo de crescente inquietação social, com a corte e a aristocracia cada vez mais impopulares. Nessas circunstâncias, os temas do dever, do patriotismo e da luta heroica pela liberdade, presentes no quadro de David, provocaram ressonâncias políticas, fazendo com que o público parisiense decifrasse nessa tela uma mensagem radicada no presente. A Revolução estava no ar.


LINKS


A Cultura do Salão – século XVIII


Arte Neoclássica


neoclassicismo (legendado)- 6 min.


Common Characteristics and Trends of Neoclassical Art (legendado) – 5 min.



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